Capítulo quatorze.

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    No dia seguinte, umas 10:00Hrs ele foi me buscar, peguei minha bolsa, me despedi de minha mãe e fui. Era um pouco longe, e com a distância fui voando com os olhos no lindo céu azul e, com os ouvidos na linda voz de meu pai cantando.

      Chegamos em casa, fui ver minha vó, matar a saudade e avisar que tínhamos chegado.

- Pai, o senhor está doente? Percebi sua voz rouca pelo celular – falei preocupada.
- Eu estou gripado, essa gripe não passa a um mês – fala passando a mão no cabelo.
- É só uma gripe mesmo? Ou tem mais alguma coisa que o senhor não me contou?
- É só a gripe e fortes dores de cabeça que sinto constantemente. Ah, olha aqui se isso no meu pescoço é uma espinha, incomoda muito.
- É sim, parece mais uma picada, mas tem uma pontinha que toda espinha tem. Mais pai, espinha no pescoço? – perguntei confusa.
- Espinha nasce em qualquer lugar filha. Quando as suas começarem a nascer você vai ver que é assim. 
- Se o senhor diz, tudo bem. Vou brincar lá fora, qualquer coisa chama.

    Eu realmente não engoli aquela história de espinha, de gripe que não cura. Meu pai precisa ir ao médico, mas do jeito que ele é teimoso ele não vai, acho que nem eu pedindo ele vai. Mas, talvez ele esteja melhor amanhã.

     A noite caiu e meu pai me chamou pra sairmos. Ele me levou no circo, eu gostava, por mais que não conseguisse rir das piadas sem graça dos palhaços. Estar com meu pai era tudo de bom, era como que eu esquecesse tudo que tinha acontecido entre ele e minha mãe e que nós voltaríamos pra casa e minha mãe estaria lá com minha irmã. Eu amava, e ainda amo muito meu pai, não canso de repetir isso.

     Um novo dia raiou, como era Domingo, meu pai estava em casa. Olhei pela janela que dava bem de frente com a janela da minha vó e, lá estava ele, tomando seu café, no mesmo lugar em que meu avô ficava. Fui correndo ao seu encontro, dei-lhe um abraço e me sentei a mesa pra tomar café da manhã.

     Quando eu terminei, percebi que o pescoço do meu pai estava mais inchado e a espinha, agora tinha virado um caroço um pouco maior. Eu fiz de tudo pra tentar convencê-lo a ir ao hospital, mas ele era muito cabeça dura e não quis ir. Hoje é dia de ir embora então vou arrumar minhas coisas. Minha cabeça dói de preocupação, é apenas um caroço, mas está crescendo rápido demais.

     De tardezinha meu pai foi me deixar, chegando em casa me despedi dele.

- Tchau pai, bênção – dei a mão pra ele.
- Deus te abençoe filha – respondeu beijando minha mão.
- Pai, promete que qualquer coisa que o senhor sentir, vai me ligar pra avisar?
- Prometo filha, não se preocupe é só um caroço.
- Próximo fim de semana vou pra lá de novo, o senhor vem me buscar?
- Venho sim filha. Agora vai – deu-me um beijo no rosto.
- Tchau paizinho – dei-lhe um abraço apertado e ele foi embora.

      Ao entrar em casa, não pude conter meu desespero, meu coração estava apertado e eu não sabia o porque, se meu pai estava tranquilo, ou pelo menos ele disfarça bem, porque meu coração dizia outra coisa? Eu vou contar pra minha mãe, quem sabe ela não possa ajudar? Afinal, ela entende um pouco de medicina e conhece muitos médicos bons e pode até convencê-lo a se cuidar.

Part. Naldo

    Eu acho que irei amanhã ao médico, mas eu não consigo gostar de hospitais. Minha pequena tem razão, eu preciso me cuidar, tenho duas filhas pra ver crescer, ainda sou jovem. Tentei passar ao máximo de segurança possível pra Maria, pra ela não perceber que estou preocupado com esse caroço, acho que ela acreditou. Já ela, estava bem preocupada eu vi em seus olhos minha pequena é tão esperta, não vai sossegar até me ver bem. Não entendo por que fiquei doente assim, eu sou doador de sangue nunca fiquei nesse estado, por isso, por mais que eu não goste eu preciso ir ao médico.

Se eu pudesse voltar atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora