Capítulo oito.

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Quando meu pai chegava do trabalho era aquela festa!

- Pai até que enfim em! Já não aguentava mais esse tédio - falei pulando em seus braços.


- Calma filha, pai tá todo sujo.


- Não importa pai, o senhor continua lindo! Pai, posso te pedir uma coisa? - falei fazendo biquinho.


- Pode filha.


- Me leva pra tomar sorvete? Por favor!


- Levo meu amor, deixa só o pai tomar banho e nós vamos tá?!


- Ebaa, vou tomar sorvete - saí pulando no meio da casa. Imediatamente fui tomar banho e me arrumar.



Rapidinho eu já estava pronta. Chamei meu pai que também já estava pronto, ele pegou a moto e saímos. Tinha uma sorveteria não muito longe de onde nós morávamos, então a gente foi pra essa mesmo. Tomei meu sorvete e depois ficamos um pouco na praça olhando o lugar, as pessoas.



Fomos pra casa, como eu dormia um pouco cedo fui pra casa deitar e meu pai foi jantar. Fiquei esperando ele deitada na rede que ele costumava deitar, porque eu fui atrás dele, só que tinham umas baratas perto da porta que não me deixaram passar, é, morro de medo de barata.



Não quis perturbá-lo, ai fiquei deitada. Até que meu pai chegou.

- Pai! - disse num berro meio triste.


- Oi, o que foi? - disse ele meio preocupado.


- Mata aquelas baratas ali, o senhor passou por elas e não matou, eu tenho medo sabia? - falei virando a cabeça e colocando as mãos na cintura.


- Sim comandante desculpa, eu não sabia que você tinha medo - ele falou sorrindo.


- Pai, posso dormir com o senhor?


- Você vai dormir comigo, você dorme ali na cama no quarto e eu durmo aqui na sala.


- Não pai, dormir pertinho do senhor.


- Tudo bem meu amor, você pode tudo.



Ele arrumou o lugar onde a gente ia dormir e eu deitei com ele e fiquei abraçada com seu braço sem soltar. Era tão bom ficar pertinho dele, sentir que ali eu estava segura, sentir que ele não me odiava por eu ter esquecido dele, pelo contrário, ele me amava tanto quanto eu o amava.



No dia seguinte ele me chamou cedinho, pra ir com ele a minha escola nova.



- Filha, acorda!


- Oi pai, por que me acordou tão cedo? - falei morrendo de preguiça.


- Você quer ir comigo conhecer a escola nova?


- Quero sim pai.


- Então levanta daí e corre pra se arrumar.



Levantei num pulo só e rapidinho estava pronta. Tomei café com meu pai, depois ele foi pegar meus documentos necessários pra matrícula e fomos.



Enquanto meu pai estava lá conversando com a diretora, eu fui andar pela escola pra conhecer mais. A escola era enorme, bem organizada, estava no horário de aula quando a gente foi. Todos os alunos colocavam as cabeças nas janelas das salas pra olhar pra mim.



- Vamos Maria - gritou meu pai do outro lado do pátio.


- Já estou indo pai.



No caminho ele foi cantando como sempre fazia. Chegando em casa ele me explicou tudo o que aconteceu na escola, enquanto tomava um cafezinho.



- Você vai estudar a tarde, por isso arrume sua mochila, você começa hoje.


- Ah pai, já? Pensei que iria demorar mais - falei triste.


- Mais você não quer conhecer pessoas novas?


- Não pai. Eu não gosto de muitas pessoas num só lugar, e lá naquela escola tem muito.


-Só é ruim nos primeiros dias, logo você acostuma. Caso contrário, você me fala e eu mudo você de escola - falou passando a mão na minha bochecha.


- Tá bom pai. Vou tentar. Mais eu queria mesmo, era ficar todo tempo com o senhor.


- Mais você já fica, a noite toda agarrada no meu pé, ainda faz eu ir tomar sorvete toda noite com você!


- Ah pai, isso é pouco. Mas eu aguento tá. Falando em sorvete, a gente pode sair hoje? Por favorzinho!


- Tudo bem. O que você me pede chorando que eu não faço sorrindo!


- Ué, eu choro quando a gente sai pai?


- Ele riu - não filha é um ditado. Você não vai entender. Agora pai tem que voltar pro trabalho e você quando for o horário você se arrume e vá pra escola. O escolar passa aqui na frente de casa, suas primas vão te ajudar na escola nova.


- Certo pai. Vai com Deus. Te amo.



Despediu-se de mim com um beijo no rosto, pediu a bênção a minha avó e foi pro trabalho.


Se eu pudesse voltar atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora