O sol começava a se por quando os dois anões entraram pelas portas gigantescas e quase totalmente escondidas entre os paredões da montanha. Romra foi o primeiro a entrar, sendo ele o responsável por aquela expedição quase suicida. Ele se aproximava de seus noventa anos e suas articulações doíam incansavelmente. Já não era tão jovem, bem sabia, entretanto ainda lhe restavam uns bons anos até que a velhice o abatesse completamente. Assim que entrou no salão, sentiu seu camarada se espremendo logo atrás, lhe empurrando afobado para poder entrar também. Quando o segundo anão pôs os pés dentro do vasto salão, ficou embasbacado com sua opulência. Liin era alguns anos mais jovem que Romra e mesmo que não acreditasse no sucesso da empreitada empregada pelo mais velho, decidira acompanha-lo, pois, ainda que jamais admitisse em voz alta, nutria por ele tamanha admiração como um filho tem por seu pai. Além disso, os tempos estavam sombrios demais, principalmente para os anões, e se havia alguma esperança de conseguir tempos melhores, ele é que não seria parvo de não tentar. Dessa forma, seguiram os dois naquela louca jornada em busca do salão que agora se encontravam, completamente assombrados por terem de fato chegado até ali.
À medida que avançava, Romra foi tragado pela escuridão do lugar enquanto Liin ficou sob o feixe de luz que entrava pelo portal. Alguns poucos minutos se passaram até que o outro anão acendeu uma tocha, projetando um circulo de luz ao seu redor. Essa nova fonte luminosa, contudo, não era o bastante para iluminar grandes coisas, visto a imensidão do aposento em que estavam, ainda assim, fora o suficiente para desobscurecer as estátuas que, concluiu Romra, adornavam todas as paredes daquele lugar.
Aos poucos, os dois homenzinhos avançaram ante a escuridão do lugar, estudando deslumbrados os detalhes que compunham a arquitetura daquele salão. Muito se falava daquele prédio, o Salão dos Ossos, uma das mais poderosas construções já criadas pelo homem, cada pedra enraizada em camadas e mais camadas de uma magia primitiva que dava para ser sentida nas entranhas assim que puseram os pés ali dentro.
O salão dos Ossos integrava uma das lendas mais populares entre os povos do reino de Ysgard. Um salão mágico no qual todos os heróis que já pisaram naquelas terras se encontravam, compondo um panteão quase divino de seres de diversas raças e, igualmente, de diversos outros mundos. Pouco se sabia da origem daquele poder, atribuindo sua magia a algum ser primevo dotado de inigualável capacidade mágica. Muitos diziam que as almas desses heróis mortos ainda vagavam por essas paredes, complementando com sua essência, a magnitude daquela força. Romra não acreditava muito nisso, mas agora que estava ali, começava a questionar a veracidade daquilo.
A lenda, por sua vez, também comentava que o salão ostentava um objeto mágico capaz de invocar novos heróis quando as trevas começassem a tomar conta do mundo e interferisse no equilibro natural. Foi em busca desse objeto misterioso que os dois anões se lançaram naquela aventura.
Romra e Liin eram viajantes natos e sempre que paravam em alguma estalagem, se vangloriavam para quem quisesse ouvir, de já terem postos os pés em todo reino, vila e vilarejo de Ysgard. E estavam longe de serem mentirosos. Essa era sua natureza, sempre migrando de um lugar a outro em busca de aventuras.
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Caverna do Dragão - Entre Mundos
FanfictionSeis jovens perdidos em um mundo desconhecido dominado pelo mau. Será que conseguirão voltar para casa? Essa é a história que não lhe contaram. Acompanhe essa aventura e descubram o que o Mestre dos magos separou para seus pupilos.