Recife, PE - 22 de Fevereiro, 07:00
Estava deitada na cama repassando a noite passada. Foi uma noite louca. Depois que Aless foi me buscar, ela me abraçou tão forte que pensei que ela fosse me quebrar. Ela realmente ficou com medo. Isso porque eu não contei sobre o assalto. Só falei que o Gabriel me ajudou porque eu estava perdida. Isso não era uma mentira. Eu realmente estava perdida.
Gabriel... O garoto veio na minha mente. Não só ele, como sua mãe. A situação que nos encontramos, a situação que eles vivem... Eu sei que isso não foi por acaso.
Deus tem um propósito pra cada um de nós, eu aprendi isso. Se ele me colocou na vida daquelas pessoas, não foi por acaso.
Levantei da cama decidida: Vou voltar lá e vou voltar agora.
Tomei um banho rápido, troquei de roupa e saí do quarto.
Todos ainda dormiam. Desci as escadas, peguei as chaves em cima do sofá, meu celular e saí de casa.
Tá, quando eu chegar na estrada principal, é só perguntar. Tenho o endereço aqui certinho.
Dirigi por mais ou menos 3 horas. o Transito não estava ruim, mas tambem não estava bom. Por ser domingo, carnaval, a estrada estava tomada. Parei em frente a casa e vi duas crianças na frente da mesma.
- Oi, Bom dia - Falei e eles me olharam envergonhados mas responderam um "oi" baixinho - O Gabriel está? Ou a Vania?
- É a mamãe, Andinho - A menininha falou e eu sorri - É A MAMÃE - Gritou batendo palmas. Ela e o garotinho entraram e já voltaram com a maior
- Bom dia, Dona Vania. Desculpa vim assim tão cedo. Podemos conversar? - Perguntei
- Bom dia, minha filha. Claro, venha, entre.
A moça me convidou pra entrar e perguntou se eu queria tomar café. Aceitei já que tinha saído sem comer nada.
- Sua ajuda foi de muita importância - Falou - Eu fiz umas comprinhas, olha... Eu quero agradecer você por isso.
- Não tem que agradecer. Vocês mereceram minha ajuda. - Falei - Cadê o Gabriel?
- Foi fazer um bico de pintor. Mas daqui a pouco ele chega - Assenti
Comemos em meio a conversas. Descobri que ela era Evangelica, tinha três filhos, seu marido não era uma boa pessoa e vivia batendo nela e nos filhos. Ela e o Gabriel estavam desempregados e viviam com o dinheiro do bolsa familia. Ela era cozinheira, sabia fazer de tudo. Ouvi toda a historia da mulher. Eu já sabia o que tinha que fazer, mas eu queria fazer a proposta com o Gabriel na conversa. Ele é a razão disso tudo.
E o mesmo não demorou a chegar. Ele me cumprimentou e esperei ele tomar banho e comer pra poder conversarmos sério.
- Deixa eu perguntar, vocês querem sair dessa vida que vivem? - Perguntei e eles me olharam
- Claro
- Com toda certeza desse mundo, é tudo que mais quero. - Falaram junto
- Veja bem, eu tenho uma Doçaria no Rio de Janeiro. A parte de cima é como se fosse uma fabrica onde produz os doces e na parte de baixo, é a Loja. Mas no momento eu estou morando em São Paulo porque estou dirigindo a empresa de meu pai. E falando isso, lá vai minha proposta: - Falei e eles já estavam com lagrimas nos olhos - O que acham de viajarem comigo? Você pega tudo o que é seu, das crianças, e vai comigo. A senhora pode trabalhar na minha Doçaria, o Gabriel pode escolher entre trabalhar na Doçaria ou na Loja de Materiais de construção de meu pai. Você pode ter uma casa lá. Faço questão que fique na minha enquanto você decide onde quer morar. Pode matricular as crianças numa escola boa e até o Gabriel pode voltar a estudar em um horário diferente que não estiver trabalhando. O que me dizem? - Eles não faziam nada além de chorar. Eu sentia, eu via, o quanto eles estavam precisando daquilo. Acho que minha ajuda veio em otima hora. - Você pode ter tempo pra pensar, eu fico aqui até Domingo que vem. Vocês podem pensar e depois me dão a resposta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jovem, Burra & Quebrada.
Teen Fiction#576 - Ficção Adolescente - 05/12/2017 Quando somos jovens, queremos viver nossas vidas como se não houvesse amanhã. E foi o que eu fiz. Sorri, chorei. Fui amada, amei... Mais de uma vez. Fui machucada, machuquei. Quebrei a cara e quebrei regras. C...