eu e meus nove amigos.

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no início disso tudo,
éramos dez sentados no intervalo.
geralmente em roda,
ou até mesmo lado a lado.
compartilhando comida,
segredos profundos,
aspirações de futuros,
crenças no mundo.

a amiga número um,
estando em um lugar novo,
arranjou novos amigos
e se afastou um pouco.
nos tornamos passado,
nos tornando o fardo
para alguém que amamos
e nos deixamos.

o amigo número dois,
teve de ir embora.
disse que estaria de volta depois.
nós dissemos que sentiríamos falta
e que o irias esperar na volta.
acontece
que ainda o estamos esperando
na esperança de que volte,
mas parece que é mais fácil esperar pela morte.

a amiga número três,
namorando o amigo número quatro,
aprendeu a como nos deixar de lado.
nosso amor se tornou insuficiente
perto do que eles tinham um pelo outro,
sendo assim,
lá estávamos nós:
deixados de lado de novo.

o amigo número cinco
simplesmente se afastou.
nós não entendemos como
ou porquê,
mas acabou.
e sendo assim,
mais um se foi pra longe de nós;
essa confusão da nossa cabeça
estava se organizando em nós.

o amigo número seis,
também se afastou de vez.
ele, como a número um,
arranjou novos amigos.
estávamos acostumados,
isso se tornou comum.
nós quatro respiramos fundo,
erguemos a cabeça
e ficamos mudos.

o amigo número sete,
depois depois de uma grande confusão,
com certo ódio acumulado em seu coração,
que pudera até ser entendido,
deixou-nos sem dizer nada para o trio.
sem explicação,
deixou um vazio
no grupo
e em em nosso peito.
partiu sutilmente
sem dizer nada a respeito.

a amiga número oito
se embolou em ganância
e tropeçou na sua própria arrogância,
de tão grande que era.
tentou puxar a dupla restante para baixo,
mas não soubera.
e a gente quase foi na dela
e quase se deixou despencar;
mas o amor próprio resolveu falar
e dizer que a gente não precisava disso;
que essa amizade baseada em dor
era só masoquismo
que gritava sobre amor.

então no fim,
quando tudo desmoronou,
duas pessoas restaram.
todo mundo que gritava sobre amor,
desamou.
tudo o que a gente achou ser forte,
era fraco.
não quem alguém se importe.
no final desse labirinto,
retrocedemos ao início
e só quem foi forte,
levou o título real de amigo.
o restante se perdeu no caminho,
mas deixamos uma trilha,
caso queiram voltar.
talvez isso daqui nem tenha saída,
mas eles podem ao menos tentar.
e o que me conforta,
é que não estou sozinha
nesse labirinto louco da vida.
pelo menos creio que existam pessoas
que não venham só por estadia.
mais ainda tenho medo
de voltar à total primazia,
onde nada tinha.
de dez,
ir a zero
tão rápido
como de zero,
fui a dez.
e assim,
me desespero.
amiga numero dez,
não me abandone.
te imploro de joelhos
e beijo teus pés.
não me deixes...
por favor.
faça jus a o que você cita sobre amor.
a o que a amizade significa pra você;
vamos valer por dez
e fazer com que assim seja pra o suficiente para nos preencher.

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