eu ainda olho
para esse ser
que insisto em ser
e penso que ninguém
poderia amar
a minha voz esganiçada
soando no ar,
em alto e bom som,
totalmente fora do tom.
acho difícil alguém
olhar os fios desgrenhados
ao acordar na manhã de sábado
e gostar dessa bagunça de cabelo,
de mente
e de vida
mesmo enxergando
o mesmo que vejo no espelho.
gostar do meu arranhar no ukulele,
das poesias mal escritas,
das crises existências contínuas,
do choro ao me sentir estar vazia,
de as vezes achar que estou sozinha,
de toda a minha preguiça
e da minha velha ladaínha.
pergunto-me se alguém
em sã consciência
aceitaria meu dançar em todo o lugar
e a minha forma rápida de falar,
e como eu vivo caindo e esbarrando em
tudo sem parar.
mas que vá gostar da minha forma de amar
e das minhas carícias sem fim.
que vai gostar de tudo isso
que eu ainda não gosto em mim.
e que mesmo depois de conhecer
o eu ansioso
e nervoso
e receoso
e preguiçoso
e que tenta ser sempre bondoso
que sou,
não vai fugir para o Japão
e sim ficar
e segurar meu coração,
tendo o maior cuidado
para que ele não se parta
ao cair no chão.
eu não sei, não.
acho difícil alguém gostar assim
de tudo isso de esquisito em mim.
mas se um dia o amor aparecer
e gostar do meu ser,
aviso:
pode ficar,
eu juro amar tudo em você.
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insanidade.
Poetrytodo esse tempo se passou e eu ainda não sei se é carência ou se é mesmo amor. 2017 | @lenallier Por Lena Allier.