por todas as vezes
em que quis partir.
por todas as vezes
em que quis desaparecer
por pensar que ninguém sentiria minha falta.
por todas as vezes
em que chorei continuamente
toda a dor que sentia em meu peito.
por todas as vezes
em que hesitei
tirar de mim,
a minha vida,
que não só a mim pertence.
por todas as vezes
em que minha mente
foi preenchida por pensamentos caóticos
de dar fim a tudo.
por todas as vezes
em que senti que nunca iria conseguir.
por todas as vezes
em que cogitei deixar que minha mãe
tivesse de enterrar o meu corpo.
por todas as vezes
em que existir já não me bastava mais.
por todas as vezes
em que meu céu nublou,
a tempestade veio
e eu pensei que nunca mais fosse ver o sol de novo.
por todas as vezes
que meu grito ecoou no vazio dentro de mim
e ninguém conseguiu ouvir.
por todas as vezes
que tive de marcar em minha pele
o sofrimento que carreguei na alma
e no sangue que derramei.
por todas as vezes
que eu senti que o mundo
não era um lugar para mim.
por todas as vezes
em que meu coração continuou a bater,
mas eu me sentia morta.
por todas as vezes
em que caí
e me deixei ficar
por não ter forças para me reerguer.
por todas as vezes
em que abriram uma ferida
na minha alma capenga.
por todas as vezes
em que o cansaço quase me venceu.por todas as vezes
em que quis ir,
quis desistir,
quis jogar tudo para o alto,
por sentir que não aguentava mais,
por sentir que meu coração
não poderia ser mais partido.escrevo, então,
por todas as vezes.
grito, então,
por todas as vezes.
costuro as feridas, então,
por todas as vezes.
sigo em frente, então,
por todas as vezes.e eu ergo a cabeça,
eu respiro fundo,
eu sacudo a poeira
e eu me deixo tentar viver...
por todas as vezes.
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insanidade.
Poetrytodo esse tempo se passou e eu ainda não sei se é carência ou se é mesmo amor. 2017 | @lenallier Por Lena Allier.