insanidade.

daquele jeito.

eu sei que nunca serei amada
daquele jeito.
daquele jeito lindo
onde a pessoa se apaixona pelos seus olhos,
seu sorriso parece ser o mais brilhante,
seus lábios, os mais bonitos,
seu corpo, o mais atraente,
sua mente, a mais brilhante.
daquele jeito onde tudo parece ser
irritantemente
e lindamente
possível.
eu não consigo acreditar na ideia
de alguém gostar do meu eu ao acordar
ao meio dia,
de cabelo amassado
assim como a cara
e como os papéis contendo poemas falhos
espalhados pelo chão quarto.
do jeito em que amam
a bagunça que é a sua mente,
o seu corpo,
seu coração,
seu quarto.
esse jeito de amar existe
em muitos lugares do mundo,
aqui e acolá,
mas não em mim.
não para mim.
eu me apaixono daquele jeito
tão, tão fácil.
por um sorriso magnífico,
por uma voz fascinante,
por um jeito único,
por uma ideia utópica.
eu me apaixono daquele jeito,
mas compreendo que ninguém
nunca
de jeito nenhum
jamais
em hipótese alguma
vai olhar para mim,
exergar o que sou
da forma mais profunda possível
e escolher ficar por vontade própria.
as coisas comigo são em passos gradativos,
beirando a desistência à cada momento,
por medo das possibilidades assustadoras.
à cada dois passo para frente,
dou três para trás.
não há quem aguente
e me ame daquele jeito
lindo e puro.
não existirá alma tão insana
a ponto de sentar ao meu lado
e esperar no meu tempo
que corre lento
por o que parece ser uma eternidade
até que eu finalmente consiga
o menor progresso que seja.
vai sentar e ver que eu mal consigo
olhar nos olhos dele,
ou encostar nele
ou dizer algo coerente
que não soe estúpido.
vou dizer nada
ou dizer muito.
mas acredite,
não há hipótese de eu não amar nada,
porque eu amo muito.
aprecio cada segundo
que se sentam comigo
e esperam no meu tempo
que é desesperadamente lento.
admiro qualquer um que tenta me amar
daquele jeito,
mas ninguém fica por muito
e ninguém compreende.
as horas passam
eu compreendo
que ninguém vai
ter paciência para me ver crescer;
para me amar daquele jeito.