persistência.

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eu disse que eu era longa história,
ele sorriu e disse que gostaria de ouvir
e tinha tempo de sobra.

eu disse que era chuva forte e fria,
ele disse que gostava de dançar
em rua deserta, chuvosa e vazia.

eu disse que era tristeza contínua,
ele disse que gostava de uma pitada de melancolia.

eu disse que eu era muito sentimentalista,
ele disse gosto dessa coisa de excesso de sentimentos,
para ser realista.

eu disse que era um pouco ansiosa,
ele disse que as coisas precisavam andar rápido, as vezes.
porque se tudo for de vagar devagar,
vai que se embola,
se enrola.

eu disse que não era muito inteligente,
ele disse que isso é relativo
e que me achava genial
diferente de toda gente.

eu disse que costumava, a do nada, ser silêncio,
ele disse que é bom ter um momento de paz;
que respirar fundo e sentir era bom demais.

eu disse que falava muito,
ele disse que gostava muito de ouvir de tudo.

eu disse que era flor solitária,
mas não linda como uma rosa ou petúnia.
ele disse que gostava de excentricidade
e que minha beleza de flor era única.

eu disse que era meio invisível,
ele disse que não era possível
que o mundo não me evidenciasse tão bem,
sendo eu,
o maior bem
que ele pudera ter.

eu disse que era meio que uma amante amadora que amava demais,
ele disse que queria amor,
e que já que eu tinha pra dar e vender,
ele queria fazer diferente;
queria merecer e conquistar.

então ele o fez
e eu já era dele desde aquele falar.

é que eu sabia que qualquer coisa
que eu fosse dizer
para mantê-lo afastado,
não teria efeito.
ele gostava de todos os meus defeitos,
mesmo não os considerando como tais.
na verdade,
só faziam com que me gostasse mais.

logo,
eu gostava.

logo,
eu amava.

logo,
eu o gostava.

logo,
eu o amava.

insanidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora