eu me ergo.

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levanto-me juntamente ao Sol,
mesmo lutando comigo mesma
para não erguer minha alma capenga da cama.
à meia-luz da sala de estar,
ouso dançar ao menos um pouco,
pois sinto que preciso livrar
minha mente e meu corpo
de um vilão invisível
que quer me prender
dentro do meu quarto
e só simplesmente avançar para a sala
já é uma grande vitória.
e tomar banho
e me arrumar
e tentar ficar um pouco descente...
já é mais valioso que qualquer nobel.
e sair de casa
e pegar o ônibus
e chegar no meu destino
e esquecer um pouco dos meus problemas...
é mais valioso que qualquer medalha olímpica.
as vezes acho essas são as coisas mais corajosa que faço,
mesmo que ainda tema,
pois são as mais difíceis.
mas então,
passo o dia fingindo
que meus pensamentos não me matam;
tentando fazer com que
a voz dentro da minha cabeça
não me influêncie
e nem me incomode;
querendo pensar que
os momentos em que choro no banheiro
sozinha
para ninguém ver
não são nada demais.
e mesmo com isso,
acho que ainda me sinto uma vencedora
só pelo mínimo,
como conseguir sair de casa
e como ignorar mais os pensamentos
sobre eu ter ou não
fechado o portão pela manhã.
por eu conseguir enfrentar o dia
todos os dias
e chegar em casa
para me deitar juntamente à lua.

e mesmo querendo deixar minha alma repousar,
no dia seguinte,
luto comigo mesma
para ainda me levantar juntamente ao sol.

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