Retornamos a penitenciária depois de um tempo na estrada, acho que a este ponto já poderia chama-la de lar... Daryl sorriu ao me ver segurando o arco que Morgan me dara.
— O que é isso aí?
— Minha nova arma — disse orgulhosa — você gostou?
— É pesado para você pirralha.
— É o que vamos ver — estreitei os olhos e ele sorriu.
Antes de sair com Daryl parei para comer algo, estava faminta, logo depois ele me acompanhou até onde haviam mortos perto das grades, posicionei uma flecha e Daryl ajudou-me com a postura, já havia feito antes lá na cidade, precisava apenas de concentração e força, acertei um dos mortos bem na cabeça.
— Consegui.
— É, — resmungou, mas sabia que estava orgulhoso — essa foi boa.
Corri e peguei a flecha, voltei para ele e fiz de novo mas desta vez acertando o estômago de outro morto.
— Ainda é pesado para você.
— Eu vou crescer — dei de ombros.
— Vai — ele sorriu, fiz o mesmo.
Fui para uma das torres ficar de vigia, era bom saber que confiavam em mim para isso, alcancei o binóculos e deixei o arco no chão encostado na parede com a aljava.
— Trini, oi, podemos conversar? — Rick chamou minha atenção, eu concordei e o mesmo veio até mim — Estou pensando em... tentar fazer um acordo com o governador.
Ele veio até mim me contar que iria fazer um acordo com o monstro que tentou me matar, mas ao menos estava tentando explicar porque era necessário estabelecer uma trégua com o inimigo, mesmo assim menciona-lo me lembrava do que passei, do medo que senti e a raiva que me trazia Rick entendeu apenas encarando-me nos olhos.
— Ele tem que morrer.
— Eu sei. O que ele fez com você... com a Maggie.
— Então por que não vamos atrás dele? Por que não o matamos? — perguntei confusa.
— Porque as vezes é necessário, mais ninguém precisa morrer.
— Ele precisa. Só ele. — meus olhos estavam distantes, pensando em minhas mãos eu seu pescoço assim como ele fez comigo, Rick concordou mas nunca seria capaz de entender o que passei.
— Eu juro para você. Se ele fizer qualquer coisa para machucar mais alguém vou matar ele — disse sério, acreditei em suas palavras mesmo chateada com sua decisão, se era o que ele queria, o que achava certo então acreditaria nele.
— Você promete?
— Tem minha palavra — assenti e ele deixou a torre.
Então ia acontecer, o governador veio até nós para fazer o acordo, Rick levou Daryl e Hershel com ele, a respeito do governador estava desconfiada principalmente pelo que havia feito comigo, um homem que tenta matar uma criança não é um homem que faria um acordo, bufei com meus pensamentos, peguei o arco e a aljava e deixei a torre, voltei para o bloco que estava mais movimentado que o normal, todos se preparavam para a discussão pois se algo saísse errado não íamos hesitar em revidar.
Merle agora estava do nosso lado, ele sabia como o governador era um monstro mas a culpa fora sua dele ter me arruinado, ter tentado me matar, eu não podia confiar nele. Deixei a prisão e voltei para a torre, as grades que impediam que os mortos entrassem estava mais movimentada que o normal, peguei minha faca e usei para mata-los avistei Carl se aproximar.
— Você sabe? Do acordo? — perguntei e acertei outro.
— Meu pai me contou... disse que é para que ninguém mais se machuque — ele juntou-se a mim.
— O que você acha? — parei para recuperar fôlego.
— Depois do que fez, sem nem mesmo se questionar... acho que não irá funcionar.
Parei e limpei minha faca na barra da calça antes de guardá-la.
— Está certo — engoli em seco, Carl me encarou mesmo que meus olhos estivessem no chão.
— Mesmo se der certo o governador ainda é um monstro. Ele não pode continuar vivo depois do que fez com vocês — disse, ele pôs uma das mãos em meu ombro — eu não deixarei que ele viva para machucar mais pessoas.
— Rick acha que é necessário... isso acabará com o acordo.
— Não importa, eu vou fazer com que ele sofra, por ter feito o que fez com vocês.
Sorri triste e o abracei, surpreendendo-o, o que passei nunca será esquecido mas ter Carl ao meu lado decidido à vingar-se por mim, me trazia conforto. O empurrei, não queria deixa-lo triste por minha causa.
— Corrida até o bloco! — gritei e ele correu atrás de mim com um sorriso no rosto enquanto segurava seu chapéu.
Quando cheguei em frente a porta apoiei em meus joelhos para recuperar o fôlego, Carl me alcançou logo depois.
— Você me deve! — disse.
— Por quê?
— Eu venci a corrida.
— Você trapaceou! — ele me empurrou, fiz o mesmo e ambos rimos — Mas te fiz sorrir.
Fiquei vermelha e o empurrei, segui em direção ao bloco mas Carl deixou-me para ir vigiar o portão com Carol a pedido dela, pulei em minha cama e respirei fundo, aquela sensação voltara... imaginei ser este o significado de felicidade, alguém que te faça sorrir e que ao mesmo tempo faça você esquecer como respirar.
Rick voltou irritado com o resto do grupo com ele, ao que aparentava o acordo não dara certo, ele chamou todos para conversar, provavelmente para revelar sua decisão.
— O governador fez sua escolha. Ele quer tomar a nossa prisão, quer estragar o que temos aqui porque tem inveja do que construímos! — explicou num tom alto e claro — Ele nos quer mortos e não vamos deixar que isso aconteça! Ele vai se arrepender da sua decisão. Vamos para a guerra!
Olhei para Carl do outro lado da sala, as palavras do pai me davam confiança mas ao mesmo tempo fizeram-me estremecer. Para a guerra então.
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SOLITÁRIA III, The Walking Dead
Fanfiction༄ The Walking Dead 3/5 ❝ Meses se passaram desde que o grupo fugiu da fazenda de Hershel, após o grande desastre Lori enfrenta seus últimos dias de gravidez. Após um tempo na estrada acidentalmente os sobreviventes encontraram uma prisão fortific...