08) O que é certo

12.3K 1.5K 727
                                    

   Retornamos a penitenciária depois de um tempo na estrada, acho que a este ponto já poderia chama-la de lar... Daryl sorriu ao me ver segurando o arco que Morgan me dara.

— O que é isso aí?

— Minha nova arma — disse orgulhosa — você gostou?

— É pesado para você pirralha.

— É o que vamos ver — estreitei os olhos e ele sorriu.

Antes de sair com Daryl parei para comer algo, estava faminta, logo depois ele me acompanhou até onde haviam mortos perto das grades, posicionei uma flecha e Daryl ajudou-me com a postura, já havia feito antes lá na cidade, precisava apenas de concentração e força, acertei um dos mortos bem na cabeça.

— Consegui.

— É, — resmungou, mas sabia que estava orgulhoso — essa foi boa.

Corri e peguei a flecha, voltei para ele e fiz de novo mas desta vez acertando o estômago de outro morto.

— Ainda é pesado para você.

— Eu vou crescer — dei de ombros.

— Vai — ele sorriu, fiz o mesmo.

Fui para uma das torres ficar de vigia, era bom saber que confiavam em mim para isso, alcancei o binóculos e deixei o arco no chão encostado na parede com a aljava.

— Trini, oi, podemos conversar? — Rick chamou minha atenção, eu concordei e o mesmo veio até mim — Estou pensando em... tentar fazer um acordo com o governador.

Ele veio até mim me contar que iria fazer um acordo com o monstro que tentou me matar, mas ao menos estava tentando explicar porque era necessário estabelecer uma trégua com o inimigo, mesmo assim menciona-lo me lembrava do que passei, do medo que senti e a raiva que me trazia Rick entendeu apenas encarando-me nos olhos.

— Ele tem que morrer.

— Eu sei. O que ele fez com você... com a Maggie.

— Então por que não vamos atrás dele? Por que não o matamos? — perguntei confusa.

— Porque as vezes é necessário, mais ninguém precisa morrer.

— Ele precisa. Só ele. — meus olhos estavam distantes, pensando em minhas mãos eu seu pescoço assim como ele fez comigo, Rick concordou mas nunca seria capaz de entender o que passei.

— Eu juro para você. Se ele fizer qualquer coisa para machucar mais alguém vou matar ele — disse sério, acreditei em suas palavras mesmo chateada com sua decisão, se era o que ele queria, o que achava certo então acreditaria nele.

— Você promete?

— Tem minha palavra — assenti e ele deixou a torre.

Então ia acontecer, o governador veio até nós para fazer o acordo, Rick levou Daryl e Hershel com ele, a respeito do governador estava desconfiada principalmente pelo que havia feito comigo, um homem que tenta matar uma criança não é um homem que faria um acordo, bufei com meus pensamentos, peguei o arco e a aljava e deixei a torre, voltei para o bloco que estava mais movimentado que o normal, todos se preparavam para a discussão pois se algo saísse errado não íamos hesitar em revidar.

Merle agora estava do nosso lado, ele sabia como o governador era um monstro mas a culpa fora sua dele ter me arruinado, ter tentado me matar, eu não podia confiar nele. Deixei a prisão e voltei para a torre, as grades que impediam que os mortos entrassem estava mais movimentada que o normal, peguei minha faca e usei para mata-los avistei Carl se aproximar.

— Você sabe? Do acordo? — perguntei e acertei outro.

— Meu pai me contou... disse que é para que ninguém mais se machuque — ele juntou-se a mim.

— O que você acha? — parei para recuperar fôlego.

— Depois do que fez, sem nem mesmo se questionar... acho que não irá funcionar.

Parei e limpei minha faca na barra da calça antes de guardá-la.

— Está certo — engoli em seco, Carl me encarou mesmo que meus olhos estivessem no chão.

— Mesmo se der certo o governador ainda é um monstro. Ele não pode continuar vivo depois do que fez com vocês — disse, ele pôs uma das mãos em meu ombro — eu não deixarei que ele viva para machucar mais pessoas.

— Rick acha que é necessário... isso acabará com o acordo.

— Não importa, eu vou fazer com que ele sofra, por ter feito o que fez com vocês.

Sorri triste e o abracei, surpreendendo-o, o que passei nunca será esquecido mas ter Carl ao meu lado decidido à vingar-se por mim, me trazia conforto. O empurrei, não queria deixa-lo triste por minha causa.

— Corrida até o bloco! — gritei e ele correu atrás de mim com um sorriso no rosto enquanto segurava seu chapéu.

Quando cheguei em frente a porta apoiei em meus joelhos para recuperar o fôlego, Carl me alcançou logo depois.

— Você me deve! — disse.

— Por quê?

— Eu venci a corrida.

— Você trapaceou! — ele me empurrou, fiz o mesmo e ambos rimos — Mas te fiz sorrir.

Fiquei vermelha e o empurrei, segui em direção ao bloco mas Carl deixou-me para ir vigiar o portão com Carol a pedido dela, pulei em minha cama e respirei fundo, aquela sensação voltara... imaginei ser este o significado de felicidade, alguém que te faça sorrir e que ao mesmo tempo faça você esquecer como respirar.

Rick voltou irritado com o resto do grupo com ele, ao que aparentava o acordo não dara certo, ele chamou todos para conversar, provavelmente para revelar sua decisão.

— O governador fez sua escolha. Ele quer tomar a nossa prisão, quer estragar o que temos aqui porque tem inveja do que construímos! — explicou num tom alto e claro — Ele nos quer mortos e não vamos deixar que isso aconteça! Ele vai se arrepender da sua decisão. Vamos para a guerra!

Olhei para Carl do outro lado da sala, as palavras do pai me davam confiança mas ao mesmo tempo fizeram-me estremecer. Para a guerra então.

SOLITÁRIA III, The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora