Capítulo Dois

148 33 36
                                    

∞ ∞ ∞

— Minha sobrinha — Meredith diz, apertando minhas bochechas.

Ela havia chegado, em sua limousine — sim, ela tem uma limousine. Ela era terrivelmente elegante e tinha a perfeita imagem de uma dama, apesar de eu achar ela parecida um pouco com a Cruela de 101 Dálmatas. Ok, posso estar exagerando ou posso ter errado o nome da vilã do filme, mas fazer o que, acontece.

— Anne, querida — ela diz, abraçando a minha mãe.

— Senti saudades — minha mãe diz, deixando uma lágrima escorrer.

— Também senti — Meredith diz, com um sorriso confortador.

— Vem, vamos entrar. Deixe-me te apresentar a nossa casinha.

Eu sem falar nada, apenas as sigo.

Acabamos almoçando a deliciosa comida de mamãe, mamãe têm mãos de ouro na cozinha. Já eu, na última vez que fui tentar fazer miojo... a cozinha pegou fogo. Sai correndo feito louca, gritando por ajuda. Até que Lea — uma garçonete do restaurante — foi me ajudar.

Lea, era minha melhor e única amiga. Ela era apenas alguns anos mais velha que eu — uns cinco anos de diferença, para ser exata. Lembra que eu disse que não tinha contado à ninguém? Na verdade contei sim, para ela. Ela me ajudou, respeitando minha opinião de não contar a ninguém. Naquela noite, o turno dela havia acabado, sendo lá umas nove horas da noite. Implorei pra ela ficar, para assistirmos à um filme, ela acabou cedendo e quando o filme acabou já era tarde, umas onze horas mais ou menos, então, ela acabou indo embora direto. Ela foi encontrada morta, em frente ao restaurante, na manhã seguinte. Foi uma perda difícil pra mim. Demorei meses para me recuperar, até porque se ela tivesse ido embora mais cedo, talvez estivesse viva. E se tudo for culpa minha? E se ela ainda estivesse viva? Se ela fosse embora mais cedo, isso não teria acontecido? O "se" me assusta muito.

— Bem, tenho uma proposta a fazer vocês duas — Meredith diz, tirando-me dos meus devaneios.


— Bom, pode falar.

— Izabel está crescendo, Anne. Ela precisa de mais alguém para acompanhar ela e...

— Se você está falando que é pra mim arranjar um pai pra ela eu não responderei por meus atos — minha mãe interrompe a fala da mesma, indignada.

— Não é nada disso! Eu queria ver se vocês não queriam ir morar comigo, na minha mansão. Assim, ela terá duas pessoas para ser criada e será melhor pra nós três. Principalmente pra ela. Até porque, a pobrezinha não sabe nem se vestir direito — ela cochicha a última parte, provavelmente não era pra mim ter escutado.

Mas ela está certa. Eu realmente não tenho roupas bonitas. Eu simplesmente foquei nos estudos e deixei pra lá essa parte, apesar de gostar de moda.

— Meredith, que ideia é essa! Izabel se esforçou tanto para estudar nessa escola!

Se eu me mudar de cidade... mudarei de escola também! Ou seja, seria o fim de minha tortura naquele inferno.

— Mamãe — digo, tentando parecer calma. — Seria uma boa irmos com a titia. Quero recuperar o tempo perdido! Sem contar que lá têm outras escolas...

Minha Fada Madrinha [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora