Capítulo Quatro

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Desço do carro com receio

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Desço do carro com receio.

Você consegue! Você vai conseguir!

Estava envergonhada, por ter mudado tanto. Ir até lá parecia impossível pra mim. Estava envergonhada pela saia — que achei curta demais, mas titia e mamãe aprovaram. Estava envergonhada pelos óculos escuros — afinal, quem é que vai de óculos escuros pra escola?! Simplesmente estava assustada. Mas eu respirei fundo e me obriguei a entrar, sem guardar o óculos, afinal, titia disse claramente que ele fazia parte do meu 'look'.

Ao entrar, a maioria das pessoas começou a me encarar. As borboletas voavam de um lado para o outro dentro da minha barriga, fazendo uma sensação de incômodo. Eles — as pessoas da minha "adorável" escola — começaram a cochichar, e por um mísero momento, considerei a hipótese de correr para fora, de volta à minha vida pacata (apesar de todo o bullyng).

Entrei na sala de aula e respirei fundo mais uma vez. O sinal tocou, e quando os alunos entraram pude ouvir coisas como "a aluna nova é da nossa sala" ou "ela é gata". Eles não me reconheceram...

Todos se sentaram em seus respectivos lugares quando viram a professora de matemática entrar.

— Bem, vejo que temos uma aluna nova — a professora Thayane diz. — Como é o seu nome?

Fico em silêncio, até perceber que ela havia falado comigo.

— A senhora está falando comigo? — pergunto, só pra ter certeza.

— Com quem mais seria? Não estou vendo outra aluna nova por aqui. Apesar que só estou sabendo agora de sua entrada...

— Na verdade... Eu sou a Izabel... n-não sou aluna nova.

Todos à minha volta ficaram "de boca aberta". A professora, inclusive, também ficou.

— Como assim? A Izabel? Aquela menina que só usava moletons largos manchados de alguma coisa?! — a própria professora diz, num tom de deboche.

— É... eu acho que sim — digo, muito envergonhada.

— Como... Como você tá diferente — a professora diz, muito constrangida por ter se enganado.

Todos começaram a rir, o que me fez querer virar um avestruz pra enfiar minha cara em um buraco.

Tudo bem. Isso é bom, certo? Eu queria mudar... E mudei. E todos perceberam — mais do que apenas perceberam, na verdade. Então, deu certo, né?, disse à mim mesma, tentando me acalmar.

A professora tenta acalmar os risos, o que de certa forma é em vão, me fazendo ficar com vontade de chorar. Mas eles não estão rindo de mim, certo? Estão rindo da professora, né? Ou talvez não? Talvez eu esteja uma palhaça? Foi a maquiagem, tenho certeza. Sabia que devia ter me mudado direto pra Quebec! As pessoas daqui não tem noção de nada.

Não vou chorar, não vou chorar... Eu consigo! Sou forte, irei conseguir. Eu irei conseguir. Sou Izabel Parker...

Respirei fundo. Não irei chorar nunca mais.

— SILÊNCIO — a professora berra dessa vez, obrigando-os à prestar atenção nela. — Na próxima vez todos irão a diretoria! Estou tentando prosseguir a aula e vocês bancam os perfeitos? Quem nunca de vocês cometeu um erro? Hein?

Ela disse e deu uns dois minutos de reflexão para a nossa sala pensar. Depois, ela prosseguiu com a aula.

É, eram dela que eles estavam rindo... Sou uma boba!

• • •

Já na hora do almoço, então, eu fui para o refeitório, pegar meu almoço. Passei na fila e optei por estrogonofe com arroz e de sobremesa optei por pudim e uvas, mas não que isso mude alguma coisa na minha história.

Sento em uma mesa vazia, como de costume. Estou receosa, porque, sempre na hora do almoço, o grupo Ranwix — o grupo mais popular da escola — vem me torturar. Na verdade, acho que tortura é uma palavra forte demais... Bem, eles vinham para me azucrinar. E para ser sincera, não duvido que eles sejam o motivo de toda a escola fazer parte do meu sofrimento.

Dito e feito. Eles apareceram na minha frente. O que eles vão falar agora?

— Como é o seu nome? — Brian diz, sorridente.

Todos eles se acabam por se sentar na mesma mesa que eu.

E antes que me pergunte, eu sei o nome deles. De todos. Afinal, quem dessa escola não saberia?

Resolvo os encarar.

— Sou Izabel, lembra? A nerd idiota e sem sal.

Essa é a primeira vez que os respondo. Não sei da onde tirei forças ou de onde tirei essa grosseria... Mamãe sempre disse pra mim ser gentil...

— Você é aquela nerd? — Sther diz.

— S-sou — dessa vez não aguento falar firmemente e gaguejo.

— Uau, olha o que uma roupa e um salão não faz com uma pessoa!

— Arrasou, mingue. Tá gata — Penélope diz, com o maior sorriso.

— Bom, acho que está aí uma nova membro, certo?

— Acho que não vai ser possível. Vou me mudar  — digo, direta.

Se ser direta é um defeito ou qualidade, aí eu já não sei, só sei que, às vezes, eu sou.

— Ah, mas a gente pode ir te visitar quando quisermos — Penélope diz, dando de ombros. Claro que podem, eles têm muita grana.

No fim, todos eles conversaram e comigo, e se desculparam quando eu falei o quanto me sentia ofendida e triste. Eles me convidaram à uma festa de despedida e eu aceitei ir.

Nunca achei que eles pudessem ser tão legais, comigo. Ao chegar em casa, vou direto ao meu guarda-roupa, para separar a minha roupa pra festa, que seria hoje à noite, às 19:30.

Pedi para mamãe sua permissão, que acabou deixando, apesar de falar que estava com um pressentimento muito ruim. Disse para ela não se preocupar, afinal, eles haviam sido tão legais comigo.

 Disse para ela não se preocupar, afinal, eles haviam sido tão legais comigo

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Minha Fada Madrinha [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora