— Olive? — repeti, sem entender. Também estava um pouco confusa depois de ter sido
acordada de um sono profundo pelos gritos de Adrian. — Do que você está falando?
Ele balançou a cabeça.
— Desculpa, Sydney. Não era minha intenção. Charlotte me encontrou num sonho de espírito e me levou para procurar Olive. E dessa vez nós a encontramos. Ela está
grávida.
Fiquei tão chocada por ele ter levado o sonho adiante que não consegui processar na hora o resto do que estava falando. Mas o arrependimento em seu rosto parecia tão sincero que acreditei que tinha sido contra sua vontade.
— Ela não tem como estar grávida — eu disse por fim. — Quer dizer… acho que
tem. Mas pensei que estivesse envolvida com Neil. Se ela está grávida, então…
Adrian engoliu em seco e, aos poucos, pareceu se recuperar também.
— Eu sei, eu sei. Se ela está grávida, não pode ser do Neil.
O drama de Olive não parecia tão grave na situação atual, ainda mais se
considerássemos o que estava acontecendo com Jill, mas mesmo assim era surpreendente. Olive e Neil pareciam muito próximos.
— Você tem certeza de que ela está grávida?
Ele assentiu, trêmulo.
— Nós conseguimos. Eu e Charlotte vencemos as defesas de Olive e vimos como ela realmente estava no mundo real. Ela definitivamente está grávida. Acho que era por
isso que estava tentando se esconder no sonho. — Ele parou para considerar. — Acho que é por isso que está se escondendo na vida real também.
— Dá pra entender a vontade de se esconder do Neil… — comecei, com a mente acelerada. Como ela era dampira, somente um Moroi poderia tê-la engravidado. Quer dizer, um humano também poderia, mas a maioria das pessoas na sociedade Moroi não
pensava como Adrian e eu. — Mas por que se esconder de Charlotte? Ainda mais se são tão próximas? A menos que… ah. — Meu coração se apertou. — Talvez… talvez o que aconteceu não tenha sido consensual.
Adrian demorou um pouco para sacar, e seu rosto se encheu de raiva.
— Se algum Moroi estuprou Olive, por que ela não contaria pra Charlotte? E pra
todo mundo?
Entrelacei os dedos nos dele.
— Porque, infelizmente, nem todas as mulheres são assim. Pense na minha irmã
Carly, quando foi estuprada pelo Keith. Ela achou que a culpa era dela. Morria de vergonha de que alguém descobrisse e a julgasse.
— Charlotte não julgaria a própria irmã — Adrian disse, obstinado. — Olive
deveria saber disso. Charlotte pode ser louca, mas…
Notei o medo que subitamente tomou o rosto dele.
— Que foi?
— Charlotte.
Ele estendeu o braço e pegou o celular. Ligou para alguém com pressa. Ao longe,
pude ouvir o som dos toques. No fim, a caixa postal atendeu.
— Charlotte, sou eu. Liga pra mim. Agora. — Depois que desligou, ele virou para
mim com um suspiro. — O que a gente fez… o que aconteceu para chegarmos até Olive
não fez muito bem pra Charlotte. Ela tirou o controle de mim e acabou segurando a
maior parte do espírito. Não sei direito o que aconteceu com ela… Foi só uma impressão
que tive antes do sonho se desfazer, mas acho que alguma coisa deu muito errado. Acho
que ela está machucada. — Ele encarou o celular como se isso pudesse fazer com que ela
retornasse a ligação.
— Ela pode estar dormindo ainda — falei. Não disse em voz alta e torcia para que
Charlotte não tivesse se machucado, mas parte de mim estava aliviada por Adrian não ter
portado todo o espírito que planejava. — Ela vai ficar bem quando acordar. E você tem
muito a contar para ela.
Adrian suspirou.
— Não sei, não. Quer dizer, acho que posso contar sobre a gravidez. Mas e o
resto? Ainda não sei ao certo onde ela está. Ela estava vestida de um jeito estranho… —
Ele levantou para procurar uma caneta na mesinha da estalagem. Fez um desenho rápido
de um círculo cheio de símbolos abstratos. — Isso significa alguma coisa pra você?
Olhei para o desenho, franzindo a testa.
— Não. Deveria significar?
— Olive estava usando um pingente assim. Pensei que poderia ter algum
significado. — Ele voltou a sentar do meu lado e conteve um bocejo. — Espero que eu e
Charlotte não tenhamos passado por tudo isso em vão, sem encontrar um jeito de ajudar
Olive. Ou pior: se não conseguirmos nenhuma resposta, tenho medo que Charlotte
continue fazendo isso. — Ele voltou a encarar o celular preocupado, mas Charlotte ainda
não havia respondido.
Coloquei o braço em volta dele e o puxei para perto.
— Vamos ter esperança. Esse símbolo pode significar alguma coisa para Charlotte.
Tenha paciência até ela responder.
Tentei soar despreocupada e esconder o medo que sentia. Não por Charlotte.
Estava preocupada que Adrian a ajudasse de novo, ignorando os perigos ao colocar as
necessidades dela acima das dele. Meu coração se apertou com a ideia e sentimentos
conflitantes se agitaram no meu peito. Admirava Adrian por querer ajudar. Mas também
o amava e, por egoísmo, queria protegê-lo.
Ele tentou ligar para Charlotte mais uma vez, e depois seguiu meu conselho de que
deveríamos dormir mais um pouco enquanto podíamos. Odiava vê-lo tão preocupado e
agitado, mas por fim ele conseguiu deixar suas preocupações de lado e relaxar. Caímos
no sono nos braços um do outro e fomos acordados algumas horas depois com o toque
de um celular. Adrian quase caiu da cama para pegar o aparelho, e encarou a tela,
desconsolado.
— Droga. Minha bateria acabou. Esqueci de carregar.
— É o meu — eu disse, andando cambaleante até a bolsa.
Uma onda de pânico me fez acordar e me preparar para uma notícia da sra.
Terwilliger. Mas, quando peguei o celular, fiquei surpresa ao ver o nome de Sonya na tela.
— Alô?
— Oi, Sydney — veio a voz conhecida. — Espero que esteja bem.
— Sim — eu disse, desconfiada, sem entender por que ela estaria ligando para
mim. Nós nos dávamos bem, mas normalmente ela falava com Adrian. — Como você
está?
— Estou bem. Mas não posso falar o mesmo de Charlotte Sinclair — ela
respondeu, fazendo meu coração parar. — Tentei ligar para Adrian, mas foi para a caixa
postal.
— A bateria dele acabou — expliquei. — Algum problema com Charlotte? —
Adrian ergueu a cabeça ao ouvir isso.
— Pensei que vocês já soubessem, já que ela foi encontrada no flat de vocês.
— A gente deu uma saidinha — eu disse, tensa. — Como assim “encontrada”? —
Era o tipo de termo que se usava para falar de alguém que tinha morrido.
— Ela está viva — Sonya disse, adivinhando meus pensamentos. — Foi levada para
o centro médico, mas está praticamente em coma. Acordou por um momento e
balbuciou algumas coisas sem sentido antes de perder a consciência de novo. Os médicos
ainda não conseguiram acordá-la depois disso. Pensei que vocês iam querer passar para
ver como ela está.
— Hum, vou conversar com Adrian e ver quando a gente vai ter a chance de…
— Me poupe, Sydney. — Havia um tom ao mesmo tempo cansado e irritado em
sua voz. — A gente sabe que vocês não estão aqui.
— Então, pois é, como eu falei, a gente deu uma saidinha…
— A gente sabe que vocês não estão na Corte — ela me interrompeu. — Depois da
crise de Charlotte fizeram uma busca em toda a Corte até que Daniella Ivashkov
finalmente cedeu e admitiu que vocês tinham ido embora. Mas ela não falou para onde, e
acho que estava tentando nos confundir contando uma história mirabolante sobre você se
transformar num gato.
Realmente não sabia como responder a nada daquilo.
— Um monte de gente gostaria de falar com você — Sonya continuou. — Com
vocês dois. Vocês têm como fazer uma chamada por vídeo?
Meu olhar pousou na bolsa do laptop que Adrian tinha trazido.
— Temos… — Para falar a verdade, estava com um pouco de medo do que essa teleconferência poderia incluir, mas percebi que Adrian estava se contendo para não
arrancar o celular da minha mão e descobrir o que tinha acontecido com Charlotte. Uma
ligação em grupo poderia ser a melhor solução, já que nosso disfarce já era. Havia
também uma grande possibilidade de que pudéssemos ser rastreados, mas não tinha
tanto medo de que os Moroi nos encontrassem como teria no caso dos alquimistas.
Quando desliguei a ligação com Sonya, Adrian concordou comigo. Ele estava louco
para saber mais sobre Charlotte e decidimos que o risco valia a pena. Nós dois ainda
estávamos pelados, então a primeira tarefa do dia era colocar algumas roupas rápido para
não ficar inteiramente óbvio o que tínhamos feito.
Adrian me encarou com tristeza enquanto eu procurava minha camisa.
— Se a gente tomasse o cuidado de só deixar a cabeça no enquadramento, acho que
ninguém notaria.
Lancei um olhar de advertência para ele e, depois de muitos suspiros dramáticos,
Adrian se vestiu, relutante.
No entanto, continuamos na cama e abrimos o laptop ali. Depois de conectar tudo,
nos debruçamos sobre o computador e encontramos o rosto preocupado de Sonya na
tela. Antes que Adrian pudesse perguntar sobre Charlotte, ela se afastou e outro rosto se
juntou ao dela.
— Sério, Adrian? — Lissa exclamou, cheia de indignação. — Como vocês
puderam fazer isso comigo? Vocês imploraram para que eu os protegesse! Me expus à fúria
do meu povo e dos alquimistas para aceitar vocês e é assim que me recompensam?
Ela parecia realmente frustrada. Constrangida, pensei na quantidade de problemas
que poderíamos ter causado a ela. Às vezes eu esquecia a fragilidade da posição em que
Lissa se encontrava, sendo pressionada constantemente de todos os lados enquanto se
esforçava para fazer o impossível e agradar todo mundo. Eu e Adrian tínhamos feito o
que era necessário para nós, mas não havíamos considerado as consequências disso para
os outros.
— Foi tudo por Jill — Adrian disse, resoluto. — A gente precisou ir atrás dela.
Lissa balançou a cabeça, furiosa.
— E falei pra você que ficamos gratos mas não precisamos de você à procura de
Jill. Já temos gente cuidando disso.
— Não, não é bem assim — Adrian discordou. — Não foi só uma viagem
impulsiva. Sydney tinha uma pista de verdade.
Os olhos de Lissa se focaram em mim com expectativa. Comecei a contar o que
sabia até então, sobre como Alicia estava por trás do desaparecimento de Jill e como
meus contatos em Palm Springs estavam procurando mais pistas naquele exato momento.
Enquanto falava, vi a expressão de Lissa ficar cada vez mais incrédula.
— Como só fiquei sabendo disso agora? Vocês deviam ter me falado na hora!
— Não sabíamos muitas coisas naquela hora. — Apesar da confiança ao falar, dava
para ver que Adrian também estava um pouco arrependido dos nossos atos. — Ainda
não sabemos, na verdade. Mas Jackie Terwilliger é boa. Ela vai descobrir alguma coisa. —
Ele hesitou. — Quem mais sabe que a gente saiu?
— Os alquimistas não sabem, se é esse o seu medo — Lissa disse. — Até agora
poucas pessoas aqui na Corte sabem, e é melhor vocês torcerem para que continue assim.
Os alquimistas deixaram bem claro que Sydney não nos seria entregue caso a pegassem.
— Recuei diante dessas palavras.
— Chega, Liss. — Rose entrou de repente na imagem, empurrando Lissa para o
lado como se a amiga não fosse a rainha de todos os Moroi. — Eles já entenderam que
fizeram besteira.
— Nós não fizemos besteira — Adrian insistiu. — Encontrar Jill é a coisa mais
importante que podemos fazer agora.
A raiva de Lissa diminuiu um pouco.
— É. E também quero encontrá-la. Por que vocês não vieram falar comigo assim
que receberam a tal caixa?
Adrian deu de ombros.
— Só ficamos sabendo da relação entre Jill e Alicia agora, depois de passar por
todas essas aventuras. Não tínhamos certeza e, pra falar a verdade, não sabíamos se você
nos deixaria ir. Achamos que o mais importante era tirar Sydney da Corte para ir atrás
dessa pista. Só vim atrás depois.
Surpreendentemente, Lissa assentiu, aceitando o argumento.
— Você tem razão. Eu ia querer mais provas se você só tivesse a caixa com a foto
de Jill. E ninguém que eu mandasse descobriria o que você descobriu, Sydney.
Não era exatamente um pedido de desculpas, mas Adrian tomou como tal.
— Obrigado.
— Mesmo assim, deveriam ter contado pra mim depois — ela alertou.
— Ou pra mim — Rose disse.
— Agora a bronca acabou — Adrian disse —, alguém pode, por favor, me falar
mais sobre Charlotte?
— Eles podem atualizar vocês — Lissa disse, apontando para o lado. — Preciso
dar um jeito para que a fuga secreta de vocês continue em segredo. A menos que
pretendam retornar e deixar Eddie e sua amiga humana cuidando das coisas por aí. Ainda
dá tempo de voltar a como estavam antes.
Eu e Adrian trocamos olhares por um momento antes de voltar para Lissa. Nós
dois fizemos que não.
— Imaginei — Lissa disse, com uma risadinha melancólica. — Vou ver se consigo
manter o segredo. Enquanto isso, por favor, não sejam pegos.
Ela saiu da tela e logo depois Sonya se juntou a Rose.
— Não tem muito mais para falar além do que já falei. Talvez você possa ajudar
contando o que aconteceu.
— Foi pelo uso de espírito — Adrian disse, lançando um olhar arrependido para
mim. — Fui com ela num sonho e ajudei a derrubar as barreiras que Olive tinha
montado.
— Imaginei — Sonya disse, pesarosa.
— Você sabe quando Charlotte vai acordar? — Adrian perguntou. — Se ela vai
ficar bem?
— Depende do que você entende por “bem” — Sonya respondeu. — O médico
acha que a dificuldade dela para acordar é por causa da exaustão. Se tudo der certo, vai
recuperar a consciência depois de um pouco de repouso. Mas, em que estado vai
acordar…
— Se ela está tão exausta, dá pra entender por que não fala coisa com coisa —
Adrian disse rápido. Era perceptível o quanto ele queria acreditar nisso. — Poxa, você
devia me ver depois de uma noitada! Perto de mim com sono, ela deve parecer superlúcida e articulada.
Sonya não riu da brincadeira.
— É possível… mas não acho que seja assim tão simples. Vi a aura dela. Ela conta
outra história, e não é das melhores. Além disso, Adrian, passei muito tempo com Avery
Lazar. Vi o que o espírito fez com ela… e esse caso é muito parecido.
— Então o que você quer dizer? — perguntei, surpresa ao notar o nó na minha
garganta. Nem conhecia Charlotte muito bem, mas aquele prognóstico pessimista era
assustador, talvez porque eu temesse que um dia falássemos assim sobre Adrian.
Sonya pareceu subitamente cansada, como se fosse ela quem tivesse usado tanto
poder e energia e precisasse dormir.
— Estou dizendo que, quando Charlotte recuperar a consciência, ela pode não ser
a mesma de antes. O que aconteceu? Achei que você fosse impedir que ela usasse tanto
espírito…
— Eu tentei. Tentei mesmo. — Adrian se recostou em mim e coloquei o braço nas
suas costas. — Liderei o sonho. Fiz a maior parte do trabalho quando Olive tomou o
controle, mas Charlotte perdeu a paciência e assumiu o comando. Ela explodiu tudo
antes que pudesse impedir.
Sonya assentiu, exausta.
— Pelo menos conseguiram falar com Olive?
— Não exatamente — ele disse, cauteloso. Mantive uma expressão neutra para não
denunciar que ele não estava contando toda a história. Ele ergueu o papel com o desenho.
— Esse símbolo significa alguma coisa pra você?
— Não, desculpa. — Sonya olhou para baixo e fechou a cara. — Recebi uma
mensagem do médico que está monitorando Charlotte. Eles têm algumas perguntas para
mim. Entro em contato se descobrir mais alguma coisa.
Adrian assentiu e apertei a mão dele. Sabia que ele se sentia péssimo, como se fosse
responsável pelo estado de Charlotte. Depois que Sonya saiu, sobrou apenas Rose, que
parecia abalada pela notícia.
— Bom, fico contente que temos uma pista sobre Jill — ela falou. — Mas vocês
realmente deviam ter tomado mais cuidado…
— O que foi que você mostrou pra Sonya? — Dimitri surgiu de repente na tela.
Rose virou para ele, rindo.
— Calma, camarada. Você também vai ter sua chance de dar bronca neles.
— Nossa — Adrian disse. — Quantas pessoas tem aí?
— O que foi que você mostrou pra ela? — Dimitri repetiu, sério, enquanto nos
encarava. Mesmo na tela ele era intimidador.
Adrian voltou a erguer o papel.
— Isso. — Ele se debruçou, ansioso. — Você sabe o que é?
— Sim, é… — Dimitri conteve o que ia dizer e encarou Rose de relance antes de
voltar para o desenho. — É uma marca usada por mulheres em, hum, comunidades
dampiras.
Rose não teve problemas em dizer o que a delicadeza dele impediu.
— Um puteiro de sangue? — Os olhos dela se arregalaram. De repente ela ficou tão
furiosa quanto Lissa estava antes. — Adrian Ivashkov! Você deveria ter vergonha de
frequentar um lugar desses! Ainda mais agora que está casado…
Adrian riu.
— Fiquem calmos, vocês dois! Nunca pus os pés num lugar desses, nem pretendo.
— Ele voltou a encarar Dimitri. — O que você quer dizer com “marca”?
Pela expressão de Dimitri, aquele não era um assunto sobre o qual ele gostaria de
conversar e, sinceramente, dava para entender. A sociedade Moroi nem sempre tratou
dampiras bem. Elas só podiam ter filhos com Moroi, que muitas vezes só viam essas
mulheres como objetos. A prática comum das dampiras que tinham filhos era entregar as
crianças muito cedo para escolas como a St. Vladimir, assim podiam voltar ao serviço
como guardiãs. No entanto, muitas dampiras não gostavam disso. Elas desejavam criar os
próprios filhos. Algumas partiam e se escondiam na sociedade humana, mas isso era
desaconselhado. Por mais que os dampiros tivessem uma aparência idêntica aos
humanos, eles normalmente exibiam habilidades físicas que chamavam muita atenção.
Sem outras opções, essas dampiras muitas vezes se juntavam em comunidades, umas mais
civilizadas do que outras. Algumas dampiras faziam trabalhos usuais para sobreviver…
outras recorriam a profissões mais controversas, como Dimitri confirmou.
— As integrantes dessas comunidades carregam símbolos que mostram sua função
— ele explicou. — Algumas são residentes, outras hóspedes. Algumas se mostram
disponíveis aos homens interessados… vendendo seus corpos.
— Que nojo — Rose disse.
Observei o desenho de Adrian e um pensamento horrível me ocorreu sobre Olive.
Será que o desespero dela tinha chegado a esse nível?
— Você sabe de que função é esse? — perguntei.
Dimitri balançou a cabeça.
— Não sem a cor. Essas marcas identificam qual é a comunidade. Normalmente
tem uma cor para simbolizar a situação da pessoa.
— Era verde — Adrian disse.
— Verde indica uma hóspede — Dimitri disse. Adrian e eu suspiramos aliviados.
— Alguém morando lá temporariamente. Pode ser visitando uma parente, buscando
refúgio…
— Mas não vendendo o corpo? — insisti. Não conseguia suportar a ideia da
coitada da Olive fazendo isso.
— Não — Dimitri disse, intrigado. Rose também parecia não entender.
— Por que a pergunta? — ela questionou.
Adrian não respondeu na hora. Em vez disso, voltou a erguer o papel para eles.
— Você sabe que comunidade esse desenho representa? Onde fica?
Dimitri examinou por um momento antes de responder.
— Não… mas acho que posso descobrir. Por quê?
Adrian hesitou de novo.
— Lissa está aí em algum lugar? Ou mais alguém?
— Não — Rose disse. — Somos só nós dois. O que foi?
Adrian se virou para mim e bastou isso para eu entender em que estava pensando.
— É pra gente ficar escondido — eu o lembrei. — Longe de confusão.
— Olive pode estar com problemas. E se ela não quer falar num sonho, talvez
nossa única opção seja conversar com ela pessoalmente — Adrian disse. — E também,
poxa, se não podemos ajudar Jackie, pelo menos devíamos ajudar alguém…
Fiquei dividida de novo. Meu lado racional dizia para ficarmos em segurança. Mas
meu coração queria ajudar, especialmente porque temia que Olive tivesse sido estuprada como Carly.
— Não dá pra saber onde a gente vai se meter — falei. — Pelo que ouvi dizer,
algumas dessas comunidades dampiras parecem o Velho Oeste.
Adrian sorriu.
— Que bom que temos um caubói disponível.
— Hum, ei — Rose chamou do outro lado da tela, irritada por ter sido deixada de
fora da conversa. — Vocês podem contar pra gente do que estão falando?
Adrian ergueu os olhos, encarando ela e Dimitri.
— O que vocês acham de fazer uma viagem com a gente?
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Bloodlines - O Circulo Rubi
VampirDepois que Sydney Sage escapou das garras dos alquimistas, que a torturaram por viver um romance proibido com Adrian Ivashkov, o casal passou a viver exilado na Corte Moroi. Hostilizada por todos ao seu redor por ser uma humana casada com um vampiro...