(03) Good Girl

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Dinah Pov

- Ah bom dia senhor Franklin! Desculpa a demora, eu estava terminando de me arrumar.

- Bom dia menina Dinah, tem correspondência para você hoje.

- Entra e fica a vontade, vou lá em cima no quarto e já volto.

Com a faculdade a todo vapor e meu primeiro estágio cada vez mais intenso meu dia a dia se resumia em buscar perfeição na minha função, eu me dedicava totalmente ao estudo e ao trabalho, até porque se você mora sozinha e não tem família por perto, qual outra coisa que tem a fazer a não ser isso?

- Prontinho voltei, achou o café no balcão?

- Este aqui? – Franklin perguntou fazendo uma pose engraçada mostrando a xícara em sua mão

- Esse mesmo, e adivinha, não adocei ele porque sabia que o senhor viria entregar cartas hoje.

- Na verdade contas.

- Ainda bem que trabalho. – Emiti uma risada nasal pegando café para mim indo em direção a mesa

- Como anda as coisas por lá? – Perguntou enquanto adoçava o café

- Bem, até hoje não acredito que tão nova já ganhei essa oportunidade, como pode? – Sacudi a cabeça levemente sentindo um sorriso surgir em meu rosto

- Eu sabia que aquela situação por mais difícil que fosse no final ia levar você para algum lugar.

- É... – Fitei o restante da casa suspirando no intuito de não sentir nada com tais lembranças

- Você tem falado com seus pais?

- Com a minha mãe sim, ela está recomeçando... – Olhei para a xícara em minhas mãos sentindo a saudade invadir meu peito – Meu pai está indo bem no tratamento, minha mãe uma vez ou outra visita ele, eu tenho notícias dele por ela.

- E você tem pensado em visitar ele?

- Não, é capaz dele ter uma certa raiva de mim.

- Por que ele teria? Você ajudou ele.

- Sim, mas de uma maneira estranha, não?

- Na cabeça dele pode ser, mas na minha foi um ato lindo para salvar seu pai

Suspirei o olhando com um sorriso simpático, o senhor Franklin era como um segundo pai para mim desde que me mudei para cá a alguns anos, e atualmente me fazia companhia no café da manhã uma vez por semana, ele morava no fim da rua era aposentado e como passatempo se responsabilizava por entregar as correspondências de quem morava nessa rua, e no dia que saía para entregar entrava e tomava café comigo, sempre me aconselhando e me apoiando no que eu fazia

Depois que ele foi embora terminei o meu café e parti para o trabalho, no caminho liguei pra Simone como sempre fazia, a minha melhor amiga. Tínhamos a sorte de estudar na mesma universidade e no mesmo período, apenas em sala diferente, ela uma vez ou outra passava a noite na minha casa e eu na dela.

Minha tarde foi absurdamente longa, talvez porque me virei nos trinta por duas funcionárias que haviam faltado, não almocei direito e com esse turbilhão de coisas minha dor de cabeça começou a vir de leve, minha dúvida se eu ia para a universidade aumentava na medida que a dor intensificava

No fim das contas resolvi ir, senão eu perderia os conteúdos da prova da semana que vem na segunda aula, eu sempre penso que para chegar onde quero, devo passar por momentos de dores, não sei se dor de cabeça se encaixa nisso mas encaro isso como um passo para o meu objetivo
                   
- Dinah! Achei que não viria.

- Não grita Simone, minha dor de cabeça está forte. – Sussurrei massageando minhas têmporas

- Ui desculpa, ei! Me chamou de Simone por quê?

- Meu Deus do céu, Sisi.

- Agora sim. – Me fitou convencida – Dj.

- Me perdoa, é a dor de cabeça, está insuportável.

- É estranho ver você assim. – Curvou a cabeça me olhando compadecida

- Eu sei, você me ama.

- Isso! Mas eu amo você sem dor de cabeça.

- Que calúnia.

- Brincadeira, eu vou ir para a sala... Tenho que revisar matéria, qualquer coisa me dá um toque tá? – Me deu um breve abraço saindo em disparada sumindo pelo longo corredor

Entrei na sala antes do horário abaixando a cabeça na pequena mesa na intenção de descansar pelo menos minhas vistas até dar o horário da aula

- Dinah? – Me assustei inclinando a cabeça vendo que era meu professor me chamando

- Oi, desculpa a aula já começou e eu estou praticamente dormindo, certo? – O encarei tímida piscando repentinamente, provavelmente eu já estava vermelha

- Não menina, acabei de entrar ainda vai dar o horário, está tudo bem?

- Não tanto, estou com uma maldita dor de cabeça, está ficando cada vez mais forte, já tomei remédio mas não passa.

- Dia intensivo no estágio?

- Sim e como, eu vim para não perder os conteúdos da prova que o Senhor vai passar.

- É estranho ver a melhor aluna assim derrotada. – Disse com um leve riso – Você consegue permanecer aqui até as nove?

- Sim, por quê?

- Eu vou liberar você mais cedo. – Respondeu saindo em direção de sua mesa

Saber que eu sairia mais cedo me deu um alívio. Mas, a horas pareciam andar como uma tartaruga, minha dor havia diminuído pouca coisa mas já era algo, assim que deu o horário o professor me dispensou, pensei em avisar Simone mas ela estava em aula, eu chegaria em casa antes das aulas dela terminarem então teria tempo para avisar e não a deixar me esperando.

Assim que sai fui na farmácia que ficava na mesma rua comprar mais remédio, ainda lá dentro tirei meu celular da bolsa ligando a internet e acessando o aplicativo de horário dos ônibus.

- Hoje não é meu dia de sorte. – Declarei num suspiro ganhando atenção da mulher que estava no caixa – Tem algum ônibus que percorre o mesmo caminho que esse que passa na frente da universidade? 

- Sim é o que eu ando, já que esse dessa rua só passa frequentemente nos horários de entrada e saída da universidade, tem um que passa num local próximo daqui ele demora uns minutos a mais para tomar o mesmo caminho, mas toma.

- Ele está aqui nesse aplicativo? – Inclinei o celular mostrando a ela

- Sim! É o número seis da lista

- Hum, não sabia sobre ele. – Falei enquanto olhava as informações no celular

- É uns dez minutos para chegar no ponto que ele passa, pertinho.

"Pertinho" pensando bem era melhor optar por ele do que esperar o meu que ia demorar mais de trinta minutos, sai da farmácia guardando meu celular na bolsa seguindo pelo lado oposto da faculdade

Só de pensar que em pouco tempo eu iria estar em casa minha dor amenizava, parei de caminhar olhando ao meu redor tentando achar o ponto de ônibus, já faziam meros dez minutos que eu estava caminhando e não encontrava o ponto, certifiquei o nome da rua na placa e vi que era na outra esquina se eu estivesse certa

Assim que virei a esquina estranhei não ter um ponto de ônibus visível ali, parei novamente observando ao redor tentando achar  

Senti uma estranha sensação de estar sendo vigiada, olhei para os lados disfarçadamente e não havia ninguém, decidi ir mais para frente na tentativa de enxergar algum ponto de ônibus o mais rápido possível, quando dei o primeiro passo senti um vulto ao meu lado e uma forte pancada na cabeça fazendo tudo se apagar.

***

Dark Heart - Norminah Onde histórias criam vida. Descubra agora