Dark Heart - Norminah

(47) Unpremeditated

Respira fundo Dinah, respira...

- E-eu vou descer. – Normani proferiu enquanto se levantava

- Pode ficar. – Ela se virou lentamente  sentando agora de lado para a porta virando sua cabeça de modo que pudesse olhar para a porta – Bem... – Caminhou para dentro fechando a porta e se aproximando de nós

- Pai, eu...

Tentei começar a dar alguma justificava mas falhei. Eu não sabia o que falar e muito menos como agir, eu deveria segurar a mão da minha namorada e declarar em alto e bom som que éramos namoradas e iríamos continuar sendo independente do que ele opinasse? Que meu trabalho me garantia ter uma renda estavel para caso me pedissem para sair da casa? Ou devia pedir desculpa por ser assim?

- Quanto tempo que estão juntas?

- Alguns... – Normani respondeu ao ver que eu sequer conseguia falar – Meses.

- Dinah, querida... – Ele me chamou calmamente – Não tem nada para me dizer?

O olhei com a pouca coragem que me restou, ele não esboçava alguma reação, estava neutro com suas mãos depositadas nos bolsos laterais de seu short me olhando. Meu pai dificilmente obtinha alguma expressão quando não estávamos em casa apenas em três, era difícil decifrar o que ele estava sentindo, somente quando ele falava depois no conforto de casa. Era assim que ele estava neste momento; indecifrável

- Eu não quero soar como fugitiva, mas... – Normani inspirou o ar novamente antes de levantar – É um momento de vocês, se é que me entende Sr.Gordon.

- Oh sim, tudo bem.

Minha namorada saiu do quarto tratando de fechar a porta, o tremor que já estava por meu corpo só aumentou, minha boca parecia endurecer de tão seca, olhei para o meu pai e ele estava me observando, ainda sem expressão

- E-eu... – Engoli seco não conseguindo evitar tremer meus lábios – Desculpa, pai.

Soltei as últimas palavras em um fio, tensionei minha mandíbula e  pressionei meus lábios. Eu sentia uma vontade de chorar mas não iria permitir aquilo acontecer, pressionar toda a musculatura do meu rosto ajudava-me a manter minha firmeza. Estava sendo doloroso sentir aquele misto de sensações, um medo excessivo, vergonha por simplesmente ser quem eu era de verdade. Desejei com toda a minha força restante ter nascido diferente, para não ter que lidar com isso, para não viver com esse sentimento de culpa.

Meu pai se sentou ao meu lado analisando minhas expressões, o silêncio que pairava entre nós era um tanto desconfortável, peguei minha garrafa de água ao lado da cama tomando um pequeno gole tentando criar coragem para olhar em seus olhos sem temer

- Está mais calma? – Perguntou um pouco apreensivo, acenei com a cabeça positivamente – Por que está com tanto medo?

- Porque... – Comecei a falar com meu olhar direcionado para baixo, brincando com meus dedos nervosa – P-Porque agora vou ser uma decepção para vocês. – Forcei minha garganta quando o choro ameaçou vir outra vez

- Não, olha para mim. – Tocou meu rosto com as duas mãos me olhando mais sério – Eu nunca vou deixar de amar e respeitar você por isso, entendeu? Você não tem que ter medo, não de mim.

- Sim...

Algumas lágrimas saltaram por meu rosto, respirei fundo tentando manter meu rosto neutro e mais sério, ele me puxou para um abraço apertado, foi onde todo o meu corpo se soltou e permiti que as lágrimas caíssem um pouco mais, o conforto que esse abraço passou, a saudade que eu senti... permanecemos em um breve silêncio antes de começarmos a nos soltar