Capítulo 7

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A sala não era grande, tinha um armário pequeno no canto direito com algumas pastas, sem janela, apenas um mapa de todas as lojas Fortaleza na parede a suas costas e a mesa no centro com um caneteiro, porta clips, grampeador e muitos papéis. Dava para perceber que aquela sala não o pertencia, pois não havia nada pessoal. A sala do antigo dono era no mesmo prédio, no último andar. Era maior e arejada. Não sei porque não a escolheu, talvez esteja reformando.

Nicolas estava sentado olhando uma pasta azul em sua mão, sem me olhar disse para sentar.

Borboletas dançavam carnaval no meu abdômen. Ele me ignorou propositalmente. Ficava olhando o papel e não dizia nada. Parecia que ninguém estava ali. Fiquei muito nervosa. Estava a ponto de explodir.

Nicolas estava de terno, como sempre. Sua fragrância entrou por minhas narinas, recordei nossos momentos e fiquei excitada. Como pode? Depois de tanto tempo ele causar, excitação em mim. Era para ter raiva, ódio, nojo de um ser que só me fez sofrer.

O silêncio me encomodava. Tinha alguma coisa errada. Seu corpo ainda era malhado, mas diria que estava bem mais musculoso do que lembro, para pecado meu.

Depois de minutos Nicolas levantou a cabeça em seu rosto uma máscara indecifrável. Apenas algumas rugas permeavam sua testa. Com uma das mãos segurou a pasta e encarou dizendo.

_ Boa tarde Clara. Quanto tempo?_ congelei. Ele lembra...

Não consegui responder.

_ Sua recepção foi bem mais calorosa se bem me lembro. Poderíamos continuar de onde paramos._ disse debochado.

_ Não estou entendendo onde quer chegar sr. Nicolas? Nos vimos na sua apresentação a empresa e não me recordo de nada que tenha feito._ tentei disfarçar.

_ Desculpe._ disse levantando_ talvez eu não esteja sendo claro._ foi rodeando e parou segurando atrás da cadeira em que sentava, apoiando suas mãos no meu ombro. _ Vou relembra- la.

Com um solavanco forte, Nicolas girou a cadeira. Fiquei assustada, não esperava essa atitude, achei que iria cair. Com o coração aos berros, senti sua boca na minha.

Nicolas engolia minha língua, chupava tão forte que sentia lágrimas de dor, mordia feroz meus lábios.

Com certeza não era o beijo maravilhoso que trocamos no passado. Asco envolvia seus lábios, destruindo minha ânsia.

Com desprezo o afastei. Passei a mão nos lábios que latejavam, percebi que inchavam devido ao furor.

_ Seu... Porco nojento!_ xinguei indignada_ Qual seu problema? É assim que trata seus funcionários!_ gritei.

Como ele pode me tratar assim! Depois de tudo que passei! Isso está sendo pior que ser chamada de prostituta. Não vou aceitar essa atitude.

_ Você! Você é meu problema._ respondeu pensativo.

_ Eu não vim aqui para ser tratada dessa forma!_ levantei e encarei seu rosto bonito com lágrimas e raiva no olhar. _ Não vou ficar mais nenhum segundo aqui!

_ Você não vai a lugar algum!_ antes que me dei conta, Nicolas me beija novamente.

Parecia outra pessoa. Um beijo suave e apetitoso. Apreciando a língua, experimentando os lábios e gozando de cada toque.

Aquilo foi bom, melhor até que o primeiro. Era uma urgência, misturada com saudade. Eu percebi ele também sentiu falta. E sim, eu o beijei. E tenho mais raiva de mim, não deveria ter aceitado. E não esqueci é a mesma pessoa que me ofendeu chamando de prostituta e a poucos minutos me agrediu.

Vivendo Um PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora