Capítulo 2

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Fiquei sentada na sala de espera por vários minutos antes de perceber que o Dr Lucas não teria tempo para me atender com todo o movimento do hospital.

Passei pela recepcionista despercebida graças ao aglomerado de pessoas que esperavam para fazer sabe-se lá o que. Me perdi três vezes antes de achar a sala certa. Uma foto que eu já vira várias vezes na sala do Doutor, me fez relaxar. Duas meninas louras, olhos castanhos com o rosto do Doutor Lucas entre elas.
 
Me sobressaltei quando alguém abriu a porta.

- Emma? - ele perguntou surpreso - O que faz aqui?

- Desculpe ter invadido sua sala desse jeito, é que preciso daquele trabalho que você recomendou... - ele franziu a testa como se tentasse lembrar - aquele sobre seu amigo.

- Ah sim, claro, claro... - ele gaguejou alguma coisa antes de ir até a gaveta da mesa e puxar uma pasta azul - Aqui está. Sinto muito, é que hoje está uma loucura.

- É só isso? - perguntei quando empurrou a pasta em minha mão.

Ele se atrapalhou guardando os papéis em cima da mesa.

- Tudo o que precisa saber está aí.

Eu assenti, receosa enquanto andava de costas até a porta.

-  Emma?

- Sim?

- Boa sorte. - disse ele, antes de levar os dois dedos a testa.
 
Eu apenas sorri.

Quando saí do hospital, sentei na cadeira da primeira lanchonete que encontrei. Abri a pasta só para ver uma ficha.

Josh Dallas, 26 anos.
Local: Oeste de Manhattan e blá, blá, blá. Os raios de sol já estavam atrapalhando meu discernimento.

Essa foi a pior idéia que já tive, e também a mais idiota, mas era por uma boa causa.
Peguei o primeiro ônibus na estação para Manhattan já que não tinha dinheiro para o táxi. O ônibus passou por uma área comum primeiro, com lojas e hotéis, e depois passou por uma área chique com arranha-céus altos.

Desci do ônibus quando percebi que havia chegado. Minha cabeça ficou dando voltas quando notei que o endereço levava até um prédio comercial enorme, espelhado com  vidros azuis que fazia a cidade parecer mais brilhante, em função dos refletores solares. Tive que dar uma volta cansativa para achar a entrada principal do prédio, que em comparação ao tamanho do lugar parecia pequena.

Em cima do hall de entrada estava escrito com letras grandes e cinzas: Dallas Empresary. Me perguntei se era coincidência ter o sobrenome Dallas no nome do prédio.

Demorei para atravessar a rua larga de duas mãos.

A primeira coisa que percebi foi o entra e sai de homens e mulheres de gravata e roupa social.

Parei por um segundo e tentei me  visualizar em um espelho:

Blusa leve, calça leve, tênis esportivo... ah quem liga.

 Soltei o cabelo. Estremeci quando o senti grudar no suor das costas. Pus os óculos de sol para parecer mais apresentável, puxei todo ar que podia e fui.

Andei até as escadas, agradecendo pelo ar-condicionado potente.

O segurança mais baixo falou alguma coisa no microfone e depois sussurrou no ouvido do homem mais alto ao seu lado. Os dois usavam óculos escuros. Quando finalmente cheguei à porta, o segurança colocou a mão barrando minha passagem.

Xinguei mentalmente.

- A senhorita tem o cartão de entrada? - sua voz era rouca, mas não mostrava nenhuma acusação.

A garota de aluguel.Onde histórias criam vida. Descubra agora