Capítulo 5

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Quando ele ficou por cima de mim, chutei e esperneei com violência e me perguntei como um homem podia ser tão forte. Ele me segurava com apenas um dos braços e arrancava o botão do meu jeans com a outra mão. Eu ainda forçava para cima, tentando me livrar dele, mas minhas forças estavam no fim.

Ele começou a beijar meu pescoço, me fazendo ter calafrios por todo o corpo. O suor já despontava dos meus músculos enrijecidos com tamanha força. De repente senti Burnet ser arrancado de cima de mim e ser arremessado no chão.

O outro homem vai para cima de Burnet dando socos certeiros no rosto. Me viro à duras penas para sair da mesa. Vou tropeçando até a pia, onde iluminação é total e consigo ver a briga com mais clareza.

Quando finalmente alcanço o equilíbrio minha barriga se embrulha e ponho para fora tudo que eu não comi.

Enquanto meu estômago se esvazia, lágrimas mornas escorrem por minha face e preciso jogar todo o meu peso na pia de mármore para não desabar. Respiro fundo várias vezes como se o ar não fosse o suficiente, são rápidas lufadas de ar. Meu estômago se contrai várias e várias vezes até eu vomitar de novo na pia.

Respiro com dificuldade e me dobro dolorosamente sobre o mármore para vomitar. Era horrível. Todo o álcool que eu não havia colocado para fora no dia anterior estava sendo depositado na pia. O cheiro que subia era pior ainda.

De canto de olho, vi o homem se aproximar massageando os punhos.

Josh. Era Josh.

Voltei a vomitar. Minha cabeça  parecia prestes a explodir por causa da ânsia.

- Emma? - sua camisa azul e bonita ficou amassada. - Você está bem?

Balancei a cabeça frenéticamente para os lados. Joguei o cabelo para trás e lavei o rosto, cansada.

Ficamos ali em silêncio por alguns segundos e quando achei que havia acabado, me inclinei outra vez para vomitar. Estava pondo para fora até o suco gástrico.

Lavei o rosto outra vez e Josh me ajudou a levantar e entrar no carro. Me concentrei o máximo para não sujar a poltrona macia. Josh estava me dizendo alguma coisa, mas eu já não estava ouvindo nada.

                        ***

Nem precisei abrir os olhos para saber que estava num hospital, o cheiro deixava tudo em evidência.

A luz que banhava o quarto era quase insuportável. Esperei meus olhos se acostumarem à  claridade, o que demorou um bom tempo. O gosto amargo na boca era tudo que me incomodava, tirando isso, eu me sentia melhor que nuca.

Não sei se era por finalmente poder descansar. Me sentei lentamente buscando apoio no colchão fino. Quando olhei para o lado descobri uma bolsa de soro presa ao cateter, transportando líquido até a agulha presa no meu braço.

Retirei a agulha com cuidado e troquei o roupão branco por minha camisa preta e o jeans.

Estava quase levantando, quando Josh entrou acompanhado de uma senhora de de baixa estatura.

- Não deveria se esforçar tanto senhorita Mickels.

A mulher disse com uma voz acolhedora.

- Eu me sinto melhor.

Josh mantinha um expressão preocupada, com os braços cruzados abaixo do peito.

A enfermeira - que veio com Josh - encostou o estetoscópio no meu tórax e pediu que eu respirasse fundo

- Fiz um ultrassom e, o bebê está muito bem. - ela olhou para Josh com estranheza e depois voltou a me fitar. - Chamamos a polícia para você dar seu depoimento por tentativa de estupro.

A garota de aluguel.Onde histórias criam vida. Descubra agora