Capítulo 7

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O frio é como soco no estômago. Mesmo com o casaco grosso que escolhi, o ar gelado parece encontrar uma forma de entrar.

Ainda é noite, mas logo vai amanhecer. É um conforto entrar no carro quente, poderia até dizer que tem um aquecedor aqui.

Saímos do estacionamento e varamos pela noite.

Durmo nos primeiros minutos.

A medida que avançamos pela rodovia, o sol poente banha a cidade dando a impressão de estarmos indo em sua direção.

Quando uma hora se passa, fico entediada. Quando duas horas se passam eu quero me matar de alguma forma. Ou matar Josh, tanto faz.

Paramos uno meio do caminho para que eu possa vomitar, o balanço da carro é uma das piores sensações que já experimentei.

A rua passa de asfalto para terra, e depois de alguns minutos volta a ser asfalto novamente. Agora ao invés do sol, são grandes prédios que assomam sobre nós, um mais bonito que o outro. De diferentes tamanhos e cores. Queria tê-los visto durante a noite.

O resto da viagem foi confusa, Josh estava sempre dormindo e eu abria e fechava os olhos sem nunca fecha-los de verdade. Mal vi onde entramos, mas o estacionamento era escuro e não havia muitos carros por perto.

Subimos num elevador retangular espelhado nas quatro paredes e chegamos em um corredor branco espaçoso.

O apartamento era escandalosamente grande, na verdade o lugar que eu chamo de apartamento caberia aqui facilmente. O tom pêssego combinava com os móveis rústicos, de modo que os móveis pareciam ser da mesma madeira de revestimento do chão, embora o piso fosse só a imitação da madeira.

Não era a cobertura, eu saberia se fosse. Josh tem dinheiro, disso eu tenho certeza, mas com o pouco que conheci dele, não gasta com coisas completamente desnecessárias como uma cobertura que usaria somente por alguns meses.

Quando olhei para trás Josh já havia desaparecido em algum outro cômodo. Fui atrás de um quarto. Qualquer coisa onde eu pudesse me jogar e não levantar nunca mais. Entrei por uma porta branca e quando vi, já estava jogada num colchão macio.

                               ***

Alguém está falando ao telefone, vez alterado, vez calmo. O som entra pelo quarto me arrancando do sono leve.

Nunca durmo pesado.

E não lembro a última vez que dormi.

Levanto tentando me espreguiçar, mas a roupa parece uma camisa de força e me prende. A calça jeans marcou minhas coxas enquanto eu dormia.

Tomo um banho e noto que o banheiro também é cor de pêssego. Confesso que estou começando a gostar da cor.

Coloco um roupão branco até que percebo que minha mala não está em meu quarto, não está lugar algum. Saio do quarto ciente de que o roupão deixava à mostra boa parte das minhas pernas. Não queria que Josh me visse ou que a noiva dele chegasse.

Pego minha mala largada em cima do sofá e volto rapidamente. Ponho meu cropped preto e depois um casaco moletom, para o caso de estar muito. Calço minha legging e vou para a cozinha.

Despensa vazia. Armários vazios A única coisa que encontro é um grande pedaço de pizza dentro da geladeira.

Pizza quente é uma delícia, mas pizza gelada é melhor ainda. Enfio tudo na boca e saio porta afora.
 
Não conheço nada em Boston, então resolvo que vou correr apenas em volta do prédio, me lembrando de nunca desviar do caminho.

A garota de aluguel.Onde histórias criam vida. Descubra agora