Capítulo 13

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Um barulho alto me acorda. Eu não sei exatamente de onde, talvez seja da cozinha toda ou é só um pesadelo. Só consigo assimilar quando o cheiro de queimado chega ao meu nariz e vejo tudo embaçado. Desligo o forno rapidamente, mas não antes do sistema de Sprinkler ativar e molhar a cozinha. De relance, vejo Josh agitar a mão na frente do rosto e mexer no painel branco camuflado ao lado do portal.

Uso uma luva de pano para tirar o tabuleiro do forno. Os biscoitos fumegam, negros e irreconhecíveis. Josh chacoalha a mão ainda mais forte.

- O que estava fazendo? - ele pergunta quando a fumaça se dissipa por completo.

- O café da manhã. - respondo, apontando para os três potes já abarrotados de biscoito de chocolate com creme de amendoim. - Mas a última fornada virou carvão.

- Ficou acordada a noite toda?

Faço que sim com a cabeça. Ele pega a bandeja e despeja os biscoitos no lixo. 

- Podia ter explodido com você dentro, não faça isso de novo.

- Eu não consegui dormir essa noite, me desculpe.

- Nem nas outras noites. - ele diz. - Deveríamos marcar uma consulta para você.

- Não, não precisa!

Ele me encara por vários segundos.

- Eu vou sair para correr um pouco.

- Emma, por que você insiste nisso? É perigoso ficar sozinha por aí, sem falar que...

- Você não vai começar com isso de novo, não é possível!

Ele revira os olhos, bufando.

- Você tem consulta hoje.

- Eu vou voltar a tempo, okay?

Ele assente relutante.

                                                                                                     ***

Achei que o dia hoje estaria nublado, não sei porque. Talvez seja  porque é assim que me sinto, mas os raios de sol lutam contra as nuvens a qualquer custo. Meus pés chutam as folhas ressecadas no chão e algumas delas voam com o vento. Não entendo porque a praça está tão vazia, não é sempre que o sol brilha nesta cidade.

O celular vibra na minha cintura, o celular que Josh isistiu em me dar.

Ás vezes sinto que ele me deu este telefone para me monitorar, o homem consegue ser sufocante quando quer. Ignoro o aparelho e continuo correndo por uma quadra inteira, virando uma esquina que tenho certeza que tem uma saída, mas algum idiota deixou  o carro atravessado no meio dela. A rua é estreita, de modo que nenhum outro carro conseguiria passar por ela.

Diminuo o ritmo e faço a volta, mas no meio da rua, vejo uma figura se aproximando lentamente com as mãos no bolso e um andar desleixado.

Bem que o carro me pareceu familiar.

Passo a mão no suor que escorre pelo meu rosto e dou meia-volta, mas eu sei que ele está perto o suficiente para me alcançar e que eu nunca conseguiria correr.

Ele me puxa pelo braço e me afasta até o carro. Sua mão está na minha boca, não sei o que ele está fazendo, mas uso toda minha força afastá-lo.

- Disse que não estava aqui por minha causa. - digo, mas o mundo parece estar lento, me sinto drogada.

- É, eu menti, confesso. - ele passa a mão no rosto. - Mas foi por uma boa causa. Não aguentei ficar longe de você.

A garota de aluguel.Onde histórias criam vida. Descubra agora