Um barulho alto me acorda. Eu não sei exatamente de onde, talvez seja da cozinha toda ou é só um pesadelo. Só consigo assimilar quando o cheiro de queimado chega ao meu nariz e vejo tudo embaçado. Desligo o forno rapidamente, mas não antes do sistema de Sprinkler ativar e molhar a cozinha. De relance, vejo Josh agitar a mão na frente do rosto e mexer no painel branco camuflado ao lado do portal.
Uso uma luva de pano para tirar o tabuleiro do forno. Os biscoitos fumegam, negros e irreconhecíveis. Josh chacoalha a mão ainda mais forte.
- O que estava fazendo? - ele pergunta quando a fumaça se dissipa por completo.
- O café da manhã. - respondo, apontando para os três potes já abarrotados de biscoito de chocolate com creme de amendoim. - Mas a última fornada virou carvão.
- Ficou acordada a noite toda?
Faço que sim com a cabeça. Ele pega a bandeja e despeja os biscoitos no lixo.
- Podia ter explodido com você dentro, não faça isso de novo.
- Eu não consegui dormir essa noite, me desculpe.
- Nem nas outras noites. - ele diz. - Deveríamos marcar uma consulta para você.
- Não, não precisa!
Ele me encara por vários segundos.
- Eu vou sair para correr um pouco.
- Emma, por que você insiste nisso? É perigoso ficar sozinha por aí, sem falar que...
- Você não vai começar com isso de novo, não é possível!
Ele revira os olhos, bufando.
- Você tem consulta hoje.
- Eu vou voltar a tempo, okay?
Ele assente relutante.
***
Achei que o dia hoje estaria nublado, não sei porque. Talvez seja porque é assim que me sinto, mas os raios de sol lutam contra as nuvens a qualquer custo. Meus pés chutam as folhas ressecadas no chão e algumas delas voam com o vento. Não entendo porque a praça está tão vazia, não é sempre que o sol brilha nesta cidade.
O celular vibra na minha cintura, o celular que Josh isistiu em me dar.
Ás vezes sinto que ele me deu este telefone para me monitorar, o homem consegue ser sufocante quando quer. Ignoro o aparelho e continuo correndo por uma quadra inteira, virando uma esquina que tenho certeza que tem uma saída, mas algum idiota deixou o carro atravessado no meio dela. A rua é estreita, de modo que nenhum outro carro conseguiria passar por ela.
Diminuo o ritmo e faço a volta, mas no meio da rua, vejo uma figura se aproximando lentamente com as mãos no bolso e um andar desleixado.
Bem que o carro me pareceu familiar.
Passo a mão no suor que escorre pelo meu rosto e dou meia-volta, mas eu sei que ele está perto o suficiente para me alcançar e que eu nunca conseguiria correr.
Ele me puxa pelo braço e me afasta até o carro. Sua mão está na minha boca, não sei o que ele está fazendo, mas uso toda minha força afastá-lo.
- Disse que não estava aqui por minha causa. - digo, mas o mundo parece estar lento, me sinto drogada.
- É, eu menti, confesso. - ele passa a mão no rosto. - Mas foi por uma boa causa. Não aguentei ficar longe de você.
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A garota de aluguel.
RomanceEmma precisa imediatamente de dinheiro para o tratamento da irmã mais nova, o qual a família não tem como pagar, até que seu médico faz uma sugestão tentadora. Para conseguir o dinheiro que tanto precisa, Emma toma uma decisão que nunca achou que to...