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-Sim, é um pouco, mas no entanto tu também aqui estás- Eu disse sorrindo.
O corpo que se encontrava atrás de mim debruçou-se contra o muro e suspirou.
- Olá Melanie
- Hey Matthew - Eu disse olhando para o luar que começava a ser coberto com densas nuvens.
-Já não nos encontrava-mos há algum tempo...- Ele não prosseguiu deixando assim a parte mais complicada comigo.
-Sim, desde que acabámos, na verdade.- Disse-o imediatamente deixando assim o constrangimento de parte.
- Desde que tu acabaste comigo...- Ele corrigiu dando ênfase ao "tu" deixando-me assim sem nada para dizer.- Então, vieste ao concerto?- Ele perguntou tentando compor a situação.
-Sim, vim ao concerto.- Repliquei não lhe dando mais nenhuma chance para ele prosseguir.
Ele avançou o muro e sentou-se ao meu lado.
- Só recebo notícias tuas quando a Step vai ao bar dos meus pais e mesmo assim são escassas. Melanie, eu conheço-te, não te vou perguntar como estás, não vai adiantar e vais mentir, então vou ser como tu gostas que eu seja, dizer-te apenas que estou sempre aqui.
Ele disse e passou o seu braço esquerdo por cima do meu ombro apertando-o, dando-me de seguida um beijo na face que decerta forma me colocou constrangida como da primeira vez que ele o fez, mas também me aqueceu o coração.
-Então que andas por aqui a fazer?- Perguntei desviando o assunto tentando com que ele se fosse com o vento.
-Trabalho no bar dos meus pais.- Ele disse e suspirou- E tu?
Eu pousei a minha cabeça no seu ombro e suspirei. - Estou à espera da Rosalie.- Eu disse e olhei para o visor do telemóvel.

Ambos suspiramos e mantivemos o silêncio que naquele momento se instalava na rua, a visão do rio fazia com que os meus batimentos cardíacos ficassem mais calmos, eu desviei a minha cabeça e olhei para o Matthew, o seu cabelo loiro espreitava pelo seu gorro e os seus olhos castanhos focavam-se no movimento da água, e ele mantinha um sorriso suave, continuávamos amigos e por isso fico grata que o fim da nossa relação tenha sido pacífico.

Eu respirei fundo e lembrei-me da última vez que estivemos assim, foi no dia anterior ao funeral da minha mãe ele abraçou-me e chorou comigo e quando eu suspirei ele abraçou-me ainda mais e depois beijou-me.
Nesse dia eu acabei com ele, eu não era boa para ele, não era boa para ninguém.

Eu lembrei-me de todos os problemas que ele tinha com o irmão, a postura dele está cada vez mais tensa, ele vai ser como o irmão e aí eu vou perdê-lo.
Não irá demorar muito até que os pais dele exijam que ele assuma o negócio da família juntamente com o irmão, e mesmo tendo ele contrariado tudo e lutado pelos seus princípios, a postura dele mudou e isso deixa-me frágil e com medo no que ele se vai tornar.
Se há uma coisa que eu aprendi é que o poder e a procura por ele matam a nossa alma, depois disso será muito difícil recuperá-la, eu estou a passar por isso agora...
Eu suspirei novamente deixando a minha preocupação dissipar-se no ar, enquanto sentia o seu corpo junto ao meu.
O toque do meu telefone interrompeu o silêncio da noite, o Matthew olhou para mim e eu pesarosamente levantei a cabeça e vi a mensagem que Rosalie me tinha enviado a dizer que estava perto do café que estivemos esta manhã.
-Eu preciso de ir embora.- Lamentei suspirando.
-A Rosalie chegou? Queres que te acompanhe até ao carro?- Ele retirou o braço e girou-se em cima do muro saltando de volta ao chão.
- Não é necessário obrigado. - Eu pulei para o chão com a ajuda do Matthew.
-De certeza?-Ele perguntou olhando-me e sorrindo.
-Sim Matthew, mas não é preciso obrigado.- Eu disse sorrindo. -Adeus. - Eu disse e dei-lhe um beijo na face.
-Adeus Melanie, depois liga-me.
-Claro!- Eu disse e dei costas começando a correr mais rápido pois começara a chover.
Sentia os olhos de Matthew postos em mim e quando olhei para trás ele estava a acenar.
Mal avistei o Range Rover de Rosalie, eu corri ainda mais e quando estava a tentar abrir a porta parecia que alguém me tinha chamado e eu olhei para o sítio de onde vinha a voz mas não vi ninguém conhecido e decidi entrar no carro.
-Boa noite Melanie!- Rosalie cumprimentou e Glenn fez o mesmo.
-Hey! Boa noite.- Eu disse enquanto colocava o cinto.
Quando finalmente ouvi o "click" que confirmava que eu tinha posto o cinto olhei para a frente conseguindo assim ver as mãos de Glenn e Rosalie interlaçadas, Rosalie olhou para trás e sorriu, eu sorri de volta, não me apetecia falar.
Na rádio a "Man Down" de Rihanna estava a tocar e Rosalie cantarolava-a.
Eu olhei pela janela e encostei a cabeça nela e respirei fundo...
-Então Melanie? Como correu o concerto?- Glenn perguntou olhando-me pelo espelho do retrovisor.
-Foi divertido. - Eu disse e dei um sorriso.
-Melanie? Vais ficar lá em casa ou queres que te leve à tua? - Rosalie perguntou.
- Fizemos biscoitos! - Glenn disse e deu um sorriso largo, que me fez sorrir também.
-Biscoitos são bons. - Eu repliquei e sorri, dando assim a minha resposta.
Enquanto olhava pela janela pensei no dia de hoje, passou tão lentamente mas mesmo assim tinha sido um dia tão bom, e enquanto a chuva caia lembrei-me de como era bom não passar o dia inteiro sozinha, e sentia paz, nem agradeci a oportunidade dada pelo Harry e nem vou poder vir a agradecer.
Vi a chuva a cair e pensei o que seria diferente se eu não me tivesse escondido dentro de casa durante tanto tempo.
E a resposta doeu...
Amanhã tenho de ir tirar fotos para perto da London Eye, tenho de me alimentar bem visto que hoje não o fiz, tenho de ir correr, tenho de tomar os medicamentos para dormir visto que hoje não os vou tomar, mas espero que só por hoje os pesadelos não aconteçam.
Ou posso pedir um à Rosalie visto que os dela são iguais aos meus, infelizmente.
Tenho de fazer um monte de coisas e decidir se quero mudar para o quarto da faculdade até ao início do ano.
Tenho de pensar e acima de tudo tenho de rezar pela minha mãe.
-Merda!
-Melanie!- Rosalie e Gleen alertaram em conjunto.
-Merda, merda, merda! - As lágrimas já começavam a rolar na minha face.
-Glenn pára o carro!- Rosalie disse.
Quando Rosalie saiu do carro e veio para o pé de mim percebeu o que se passava por eu estar agarrada ao peito.
- Que se passa?- Ouvi Glenn perguntar.
-Ela perdeu o colar da Alanna, meu deus.
Eu perdi o colar da minha mãe raios, raios!
-Melanie pára de chorar por favor.- Rosalie disse esfregando-me o braço.
-Toma, tens aqui o meu, tens aqui o meu... - Rosalie disse e tirou um colar igual ao da minha mãe e colocou-mo nas minhas mãos trémulas.
Rosalie deu a volta ao carro e sentou-se ao meu lado.
-Conduz Glenn. - Ela disse e abraçou-me passando as suas mãos no meu cabelo.
-Esta não é a dela Rose, não é a dela. - Eu agarrei ainda mais o colar nas minhas mãos. - Não é a dela...

Melanie acorda, chegámos.- Senti as mãos de Rosalie passarem no meu cabelo.
Eu abri os olhos e a porta do carro ao meu lado estava aberta e Gleen estava agachado ao meu lado a massajar-me levemente o braço, retirou-me o cinto e deu-me a mão em auxílio, e eu notei no que lá tinha.
-Glenn! Não é a dela, não é a dela!- Senti o choro a recomeçar e o Glenn olhou alertado para Rosalie.
-Tem calma, nós vamos encontrá-la!-Rosalie garantiu.
-É impossível Ro! Impossível. - Eu disse e o meu choro tornou-se mais compulsivo.
Glenn segurou a minha mão e tirou-me do carro encaminhando-me para a entrada da casa deles eu não conseguia ver muito bem pois as lágrimas que rolavam pela minha face eram densas e neste momento também eram muitas.
-Mel, vamos fazer assim, vais descansar e eu e a Rosalie vamos tentar arranjar uma solução, ok?- Glenn disse e a única coisa que consegui fazer foi acenar afirmativamente com a cabeça.


Quando abriram a porta de entrada da casa a primeira coisa que eu vi foi uma réplica da foto que também estava no quarto da minha mãe e comecei a chorar ainda mais.
Estava a ficar com um sono tremendo e uma dor no peito e na cabeça, encaminharam-me para um quarto não esquecendo de dizer "tudo vai ficar bem".

Eu não me lembro de muito, sei que vesti um pijama e depois caí na cama, ouvia Rosalie e Glenn lá fora a falarem e o colar de Rosalie continuava na minha mão.
O meu choro acalmou e comecei a raciocinar, este colar era também muito importante para ela e eu não poderia ficar com ele, fui irresponsável e perdi o meu colar e iria ter de assumir com as consequências.
Eu dei meia volta na cama e respirei profundamente comecei a sentir as minhas pálpebras pesadas e tudo o que vi foi escuridão, tão escuro quanto a minha alma estava naquele momento.

"A sombra pode levar-nos para a escuridão quando resolvemos caminhar a seu favor."


OMD já ultrapassei as 1000 leituras, fico tão contente!
já sabem princesas, comentem o que acham e votem :)
obrigado por tudo! :3
Beijos e abraços
Harrison Styles

The Soul*Onde histórias criam vida. Descubra agora