Eu e Stefan tínhamos subido por lados opostos a ponte que se encontrava no meio do lago e dirigimo-nos até à plataforma.
O piano estava a poucos metros de mim e eu sentia as palpitações do meu coração na minha mão.
Eu teria de permanecer em pé perto do piano até ordens do Stefan e toda a gente que estava na margem do lago nos olhava à espera que algo terrivelmente surpreendentemente acontecesse.
Embora eu estivesse precisamente no meio do lago eu conseguia ouvir os risos histéricos das pessoas, mantinha os meus olhos fechados e rezava para que, milagrosamente, eu não andasse uns metros, tropeça-se e desse um belo tombo no lago e desastrada como eu sou isso era possível.
Quando me lembrei que o sinal do Stefan seria visual abri os olhos e encarei-o, ele estava descontraído e falava ao telemóvel.
A camisa aberta que ele usava de manhã encontrava-se fechada e com um laço preso na gola.
A postura ligeiramente curvada que ele tinha encontrava-se completamente recta, eu endireitei logo as costas quando me lembrei que devia estar também com uma posição curvada devido ao nervosismo.
Quando olhei para as pessoas todas elas já se encontravam quietas, olhei para Stefan e ele acenou-me com a cabeça.
Eu inspirei e dirigi-me calmamente, tal como planeado, até ao piano enquanto abri-a e fechava nervosamente as mãos.
Mil e um pensamentos desastrosos vieram-me até à cabeça e uma queda no lago, um rasgão no vestido e um engano foram alguns deles.
Eu sentei-me com alguma dificuldade devido ao vestido e abri a tampa do piano.
O meu olhar percorreu todas aquelas teclas e todos os meus pensamentos foram direcionados ao senhor Callum.
E especialmente há minha mãe.
Eu amarrei o meu cabelo apressadamente e olhei para Stefan que já tinha a guitarra pronta e ligada no amplificador.
-Cá vamos nós -Eu sussurrei não esperando que alguém ouvisse.
Comecei simplesmente a tocar com uma só mão e uns segundos mais tarde coloquei a outra também, a minha visão começou a ficar turva e eu fechei os olhos rapidamente, quando chegou ao refrão a guitarra de Stefan ecoou e eu comecei a murmurar a letra da música.
Os meus dedos um pouco trémulos viajavam pelo piano e eu balançava-me ao som da música, a guitarra de Stefan estava a acompanhar-me aumentando a pressão para que eu não cometesse nenhum erro ou atraso.
Quando ouvi um ribombar sobressaltei-me e continuei a tocar, olhei rapidamente para o céu e uma mistura de cores cobria o céu como uma manta que cobre uma criança trémula, senti as minhas lágrimas a brotarem dos meus olhos e a descerem até ao piano, o fogo-de-artifício continuou e os pensamentos do quanto a minha mãe poderia estar orgulhosa de mim naquele momento se estivesse ali abordaram-me.
Mas uma coisa era certa, ela estava comigo, e eu soube-o quando vi o anel que ela me dera na minha mão direita.
A guitarra do Stefan parou por momentos e eu comecei a baixar a intensidade com que tocava nas teclas, passados segundos a minha mão desceu do piano e eu concluí a música tocando as últimas notas.
Quando acabei passei o polegar levemente debaixo dos olhos e levantei-me dirigindo-me para o meio da plataforma, Stefan que já se encontrava lá batia palmas em conjunto com as outras pessoas, embora, devido à distância os aplausos delas fossem inaudíveis.
-Minha doce Melanie! – Stefan disse e abraçou-me assim que cheguei perto dele.
-Fomos excelentes! – Ele garantiu animado enquanto eu continuava a aninhar a minha cabeça no peito dele. – A tua mãe ficaria sem dúvida orgulhosa!
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The Soul*
FanfictionNada nem ninguém poderá mudar o meu “eu”. Mesmo que mudem, não será por completo. uma parte dele continuara lá,nas profundezas da minha alma ,gritando por ajuda ,gritando para se poder libertar do que o prende.