Meninas leiam com a música da multimédia por favor :)
Enquanto fazia o caminho de volta para casa parecia que quanto mais me aproximava de casa mais sozinha me sentia, esta sensação que nunca tivera sentido antes trouxe-me à memória o porque de estar assim.
Abstraí-me dos meus pensamentos e foi quando me apercebi que já tinha passado na paragem da qual eu queria sair.
Com uma atitude pesarosa pressionei o botão que indicava que eu pretendia sair na próxima paragem.
Um minuto depois, o autocarro parou e quando as portas se abriram eu senti uma lufada de ar fresco a embater-me na face causando-me assim um arrepio.
Mal os meus pés tocaram no chão confrontei a realidade de que iria ter de andar uns bons dez minutos até chegar a casa.
Quando passava por uma cafetaria vi um grupo de jovens a sair de lá, as pessoas do grupo iam divertidas e agarradas deixando escapar pequenos risos histéricos e tudo o que o meu interior desejava era ser como eles, recuperar aquela alegria e deixar de ter de aprender a viver enquanto a minha alma só está meia viva.
Coloquei os phones que me costumavam acompanhar nestes momentos e ouvi Coldplay, e enquanto ouvia a música deu-me uma enorme vontade de caminhar, de sentir liberdade e assim o fiz.
Comecei a caminhar num passo apressado e uma tristeza voltou, talvez por me sentir sozinha, não que me sentisse tão afetada assim, mas o facto de saber que podia ter tido tudo e em vez disso entrei nas profundezas da maldade matava-me por dentro e isso eu não podia esconder de nenhuma maneira.
"O que fazes no passado irá sempre te perseguir"
E de facto isso é verdade.
Comecei a correr e comecei a sentir o típico ardor e as típicas lágrimas a rolar no mesmo percurso que ultimamente rolavam, quando vi alguns minutos depois a entrada da minha casa acelerei gastando assim as últimas forças que tinha, não me sentia capaz de abrir a porta e corri para o jardim das traseiras, descansei contra uma árvore sentindo as lágrimas a rolar com mais intensidade, repousei as mãos sobre os joelhos e senti uma pressão enorme na garganta dei um pequeno grito grave, sentindo as minhas forças a dissiparem-se com o vento, deixei-me cair na relva que estava coberta de neve, não tenho bem a noção mas penso que as lágrimas continuaram a romper para o exterior dos meus olhos sem nenhuma autorização por uns bons dez minutos.
Comecei a sentir a minha respiração a abrandar, a pressão na garganta desapareceu e comecei a cobrir o desespero que sentia com pensamentos positivos que já de nada adiantavam, sempre que o vento embatia na minha cara sentia frio na zona por onde as lágrimas deixaram um rasto de tristeza, sentia o habitual cansaço e a dor no peito, e acima de tudo sentia a habitual solidão.
Levantei-me e caminhei para a entrada, sentia-me dormente e agradecida por me sentir assim , não iria chorar nas próximas horas.
Mal abri a porta notei que a casa estava com mais luz, reparei que tinha as janelas todas abertas, sinal de que a Rosalie já tinha lá estado.
Fui à cozinha e pousei o telemóvel na bancada e dirigi-me para as escadas subindo-as.
Quando me encontrei no primeiro andar da casa encaminhei-me para o meu quarto, mas antes de abrir a porta olhei para a porta em frente dele.
Já não entrava lá há imenso tempo e algo me dizia para ir lá, então segui o meu instinto e fui.
Quando abri essa porta, uma aragem com um cheiro de velho invadiu-me as narinas, encaminhei-me para a cama que se encontrava no centro do quarto, a janela encontrava-se aberta e as cortinas também, dando-me visibilidade para a macieira que se encontrava no jardim.
Sentei-me no chão daquele quarto e encostei a cabeça à cama e olhei para uma foto que decorava a parede.
Na foto tinha a minha mãe sorridente e a Rosalie também e uma Melanie feliz no meio delas, penso que tirei a foto na minha festa de finalistas.
A Rosalie e a minha mãe conheciam-se desde sempre e Rosalie foi uma grande ajuda para a minha mãe quando o meu pai nos abandonou, e talvez por isso a Rosalie também estivesse a sofrer como eu agora.
Eu senti os meus olhos a ganhar o típico ardor outra vez e esfreguei-os com as costas das mãos como uma criança que precisava de proteção e não a tinha.
- Eu tenho tantas saudades tuas.- Sussurrei para o vento e encontrei-me a desejar que ele enviasse a mensagem à minha mãe.
Ouvi o meu telefone a tocar do andar de baixo e corri até ele depois de fechar a porta do quarto que era da minha mãe e desci apressadamente as escadas.
Quando cheguei à bancada da cozinha olhei para o ecrã do telefone, e o número que estava lá era-me desconhecido, antes de atender pigarreei numa tentativa de clarear a voz:
-Sim?- disse depois de premir o botão verde.
-Sim? Melanie és tu?- Disse uma voz divertida- Sou a Gemma, irmã do Harry.
- Oh! Olá, tudo bem? - Disse começando a mexer na tampa de um pote que estava em cima da bancada, um vício que tinha desde que me lembro, mexer sempre em alguma coisa quando falo ao telefone.
-Sim obrigado! Era para te dizer que o meu irmão falou comigo e se ainda quiseres eu meto-te dentro do concerto.- Disse ela mantendo sempre o tom simpático e divertido
- Sim ainda quero, obrigado- Disse dando um leve sorriso embora ela não o tivesse visto.
- Ainda bem que ainda queres! Sabes o Harry quando quer é um chato, seria complicado se ainda te tivesse que convencer a ir.- Disse com uma gargalhada jovial.- Bem olha eu penso que saibas onde é o estádio certo?
- Sim, sei.- Disse com esperança de não me perder no caminho para lá.
- Então tens de te encontrar lá às oito e meia ok?
- Sim - Disse olhando para o relógio, teria uma hora e quarenta e cinco minutos para me encontrar lá.
-Ok, quando lá chegares liga-me e eu digo-te o que fazeres, Melanie desculpa não ligar do número que o Harry te deu mas não tinha bateria naquele telemóvel e tive de te ligar deste.- Desculpou-se ela.
-Não tem mal Gemma.- Disse demonstrando mesmo que aquele pormenor não tinha importância alguma.
-E Melanie eu não sei o que deu ao meu irmão para te convidar, não que tenha algo contra isso, mas é um pouco estranho ele fazê-lo, portanto quero conhecer-te para saber o que é que tens para seduzires o meu irmão. - Disse ela de uma forma simpática e com uma leve gargalhada.
Fiquei surpreendida por ela o dizer, porque tenho a certeza que se não o dissesse da forma como o disse soaria rude.
- Cala-te "S"- Ela disse e eu olhei para o telefone assegurando-me de que ele não estaria a fazer algum som que a pudesse irritar - Desculpa Mel, não era para ti - Ela disse e eu ouvi um sorriso de fundo, ela decerto que estaria com a amiga que o Harry falou.
-Não tem mal.- Disse eu, e realmente não tinha.
- Bem Mel até já. - Disse desligando o telefone não me dando assim tempo para responder.
Olhei em volta e suspirei:
-Em que é que me fui meter? - Disse olhando em volta esperando por uma resposta que nunca viria.
Dei um pulo para o balcão e sentei-me lá a pensar, já tinha passado da hora do almoço à muito, e a minha vontade de comer naquele momento era pouca.
Tentei pensar no que poderia levar para o concerto, pensei também que as jeans pretas e a minha blusa branca eram adequadas embora ponderasse tirar o blazer para não parecer muito formal.
Fiz novamente o percurso para o meu quarto mas desta vez entrei nele e jesus, ele estava gelado e com a janela aberta, o meu subconsciente soltou um "No que estaria a Rosalie a pensar?" e embora ele tivesse razão eu silenciei-o.
Fechei a janela anotando mentalmente que as outras precisavam de ser fechadas também.
Abri o armário notando que as roupas da universidade que tinham ido para a lavandaria já lá estavam.
Lembrei-me da Stephanie, e por momentos a ideia de me mudar para o quarto dela na universidade pareceu-me mais aceitável do que no dia em que ela me propôs.
Estava-mos na pausa da semana do natal e se a ideia ainda me parece-se tão boa como me parecia agora eu fá-lo-ia com todo o agrado.
E se estávamos na pausa do Natal a ideia de com quem eu iria passar o natal tomou importância na minha mente, e por isso decidi ligar à Rosalie.
Desci novamente as escadas e peguei no meu telefone, procurei o contacto dela na lista e pressionei "chamar".
Ao terceiro toque ela atendeu:
- Melanie? Querida, está tudo bem?- Disse com uma voz preocupada.
-Sim está, à exceção de teres deixado as janelas todas abertas, está.- Disse começando a fechar as janelas da cozinha.
- Oh minha querida desculpa, mas eu estava muito atarefada quando tive de aí ir e depois a planeadora de casamento ligou porque ao que parece havia um enorme problema e tive de sair daí a correr... - Oh pois, o casamento, esqueci-me completamente.
- Mas está tudo bem Rosalie?- Disse tentando não parecer desinteressada.
-Está, ao que parece o grande problema era entre os centros de mesa, uma batalha mortal entre petúnias e margaridas- Disse ela dando uma gargalhada.
-E qual é que ganhou?
-Margaridas.- Pude sentir o seu sorriso a formar-se.- Então Melanie que se passa princesa?
- Bem...- Eu não sei se perguntar isto seria boa ideia.- O natal é daqui a 4 dias, então eu queria saber se o podia passar contigo, porque eu não o queria passar aqui sozinha e...
- Melanie claro que podes!- Disse não me dando mais tempo para continuar- Mas o Glenn também o vai passar connosco, espero que não haja problema Mel...- Disse ela reduzindo o seu entusiasmo à pergunta que fiz.
-Claro que não há.- Embora eu nunca o tivesse dito, o Glenn era o homem mais simpático que eu conheço e passar o natal com ele só tornaria o natal mais divertido.
-Ainda bem princesa!- Notei o alivio a tomar conta da sua voz- não queres ir mais cedo para minha casa? Assim ajudavas-me a preparar os doces.
- Claro, sem problema.- Eu iria fazer com a Rosalie o que fazia-mos todos os anos, mas desta vez sem a minha mãe e isso tomaria por completo conta do meu estado de espirito no dia em que o fizesse, mas de certeza que tomaria também o da Rosalie, eu não a podia deixar sozinha, estávamos nisto juntas.
- Isso é excelente Mel! Bem vou ter de desligar, tenho novamente a planeadora do casamento a ligar e tenho de me preparar para a próxima batalha!
- Ok, boa sorte Rosalie.- Disse preparando-me para desligar, mas não lhe podia omitir o facto de que vou sair hoje à noite- Rosalie? Eu hoje queria ir a um concerto, posso?
- Sim querida claro que sim, mas depois temos de falar melhor sobre isso.- E eu iria ser bombardeada com perguntas da próxima vez que estivesse com ela.- Se quiseres eu falo com o Glenn e ele vai buscar-te ao concerto.
-Não é preciso obrigado. Bem, adeus Rosalie.- Disse despedindo-me e fechando por fim a última janela da casa.
- Eu gosto de te ver assim Mel, deixa-me com esperança.- Disse ela, e podia jurar que a voz dela estava a falhar-lhe e ela estaria a chorar.
- Eu adoro-te Rosie - Disse tentando faze-la sentir-se melhor, e sei que eu tenho de o fazer porque ela é a única pessoa que tenho e que se preocupa comigo portanto devo-lhe isso.
-Eu também te adoro Mel, és uma boa menina embora não o aches.- Ela estava a chorar e eu quero pensar que ela só está emocional porque se vai casar e não totalmente pela conversa que tivemos.Eu desliguei a chamada não dando mais oportunidade de a conversa prosseguir.
Subi a escada e fui tentar meter-me apresentável para o concerto que me esperava e agora não o via mais como uma perda de tempo.
Por favor comentem o que estão a achar princesas :)
Beijinhos e abraços <3
Harrison Styles

VOCÊ ESTÁ LENDO
The Soul*
FanfictionNada nem ninguém poderá mudar o meu “eu”. Mesmo que mudem, não será por completo. uma parte dele continuara lá,nas profundezas da minha alma ,gritando por ajuda ,gritando para se poder libertar do que o prende.