Capítulo 4

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Cloe

"Lute! Lute Cloe! Estou esperando por você meu anjo." ..... "Eu te amo"

  Não sabia quem era o dono daquela voz grossa e levemente rouca, mas sei que já o amava. A única coisa que sei é que ele é médico ou melhor meu médico e seu nome... Henry. Além dele, da minha mãe e das várias enfermeiras que vinham aqui diariamente, vinha também uma senhora. Segundo ela era avó de Henry. Não sei se ele usava a desculpa de ser meu médico, mas ele vivia aqui no meu quarto. Não tô reclamando, longe disso, eu amava o ouvi falando comigo, e quando ele saia e passava horas sem vim aqui eu sentia tanta a sua falta.... Uma enorme saudade daquela voz. E NOSSA!! Como eu queria responder. Como eu queria ver o rosto do homem que me proporcionou sentimentos que nunca havia sentido antes. Um sentimento bom. Um jeito novo de amar.

  No início me perguntava se era possível amar alguém que nunca vimos na vida. Porém, não me apaixonei pelo seu exterior, e sim por seu interior. Seu caráter, personalidade, pela sua voz.

Queria acordar. Queria despertar desse pesadelo. Queria ver novamente o sol invadir a janela e sentir seus raios bater em meu rosto. Queria dormir olhando as estrelas. Queria ver minha mãe. Aah! Quanta saudade estou daquela mulher. Queria viver. Queria amar e ser amada. Mas não consigo.

  A primeira vez que consegui dar algum  "sinal de vida", Henry segurava minha mão, já tem bastante tempo. Não sei há quanto tempo estou aqui, parece séculos pra mim. Mas acredito que ele tenha sentido. E deve ser por isso que nunca desistiu de mim.

  "Me ajude a acordar. Não aguento mais esse pesadelo. Por favor, não me deixe sofrer mais. Me ajude Pai. Me ajude."

  Fazia essa oração quando ouvi a porta ser aberta e logo ouvir aquela voz que amava tanto. Ele disse que as pessoas estavam o achando louco por ficar tanto tempo conversando com uma pessoa em coma, mas ele disse que não ligava.. que só queria ficar comigo. Aquilo me alegrou muito. Logo depois ouvi ele levantar, e a partir daí não escutei mais nada. Mas pude sentir seu olha sobre mim. Ouvi passos se aproximarem, e senti sua mão no meu rosto. Mas o que ele disse me deram forças para acordar.

    - Cloe.. Eu te amo.- Não escutei mais nada depois disso. Abri os olhos. A claridade ainda era forte, mas aos poucos meus olhos foram se acostumando. E finalmente consegui vê-lo. Apertei fraco sua mão, mas foi o suficiente para ele notar e levantar a cabeça. Senti lágrimas escorrerem no meu rosto. Ele levantou e rapidamente retirou o aparelho que me ajudava a respirar. Após me recuperar da tosse, o olhei novamente e vi que ele tinha um largo sorriso e chorava ao mesmo tempo. Estava parado ao meu lado sem mover um músculo, apenas me encarava. Ele era lindo. Cabelos escuros que  estavam levemente desgrenhados e lindos olhos azuis. Barba por fazer que o deixava ainda mais lindo. Seu perfume era tão bom. 

    - Tudo bem Dr. ? - perguntei dando um sorriso fraco.

  Ele gaguejou um pouco e achei graça daquilo e fofo, mas me surpreendi quando ele veio em minha direção e me deu um beijo. Um beijo suave e calmo. Sentir cada centímetro do meu corpo se arrepiar com aquele gesto. Senti as famosas borboletas se formarem no meu estômago. Uma sensação boa. Finalizamos aquele maravilhoso beijo com alguns selinhos.

    - Também te amo Dr. Chato. - Disse num sussurro.

    Ele ficou perplexo ao ouvir aquilo. Assim que acordou do seu transe disse que já voltava e me deu um selinho e saiu correndo. Ri daquilo. Agora o amo mais. É possível amar tanto assim uma pessoa. Despertei de meus pensamentos quando vejo a porta abrindo novamente e minha mãe entrando chorando e seguida de duas enfermeiras. Elas me abraçaram e eu só sabia chorar. Olhei para o lado e o vi ali nos olhando com as mãos no bolso. Ele deu um sorriso sem mostrar os dentes e levantou as sobrancelhas. Lindo. Sorri de volta.

   Estávamos conversando, quando uma médica, muito bonita por sinal, entrou no quarto chamando Henry para uma cirurgia. Ela me olhou e deu um sorriso. Mas um sorriso falso. Apenas devolvi o sorriso. Henry me deu um beijo e disse que voltava assim que terminasse. Eu assenti e vi que aquela médica ainda estava parada na porta e não me olhava com uma cara nada boa. Será que ela gosta dele? Não importa, lutei pela minha vida e vou lutar por ele.

   Assim que ele saiu, minha mãe me olhou com um olhar que sabia muito bem o que era. Ela queria saber detalhe por detalhe do que estava acontecendo. Contei tudo pra curiosa. Ela disse que se soubesse que iríamos nos apaixonar assim já tinha nos apresentado antes e talvez eu não estaria naquela situação. Mas tudo tem um propósito. Nunca acreditei na frase: "Deus escreve certo por linhas tortas." Pois acredito que Deus já tem  algo reservado para nós, muito mesmo antes de nós nascermos. Mas como muitas vezes escolhemos algo que acreditamos ser o melhor para nós e não perguntamos a Deus se aquilo é o certo. Com isso, colhemos as consequências de nossas escolhas. Mas como Ele é misericórdioso, nos dá uma chance de fazer o certo. Então creio que se era pra nos apaixonarmos, era pra ser dessa forma.

  Te amo Henry! Te amo!❤

"O amor é a força mais abstrata, e também a mais pontente que no mundo."

Mais um ....😊

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