Capítulo 5

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Henry

"Sofrer é próprio do humano, mesmo assim é preciso perseverar. A vida continua e nos desafia a vivê-la plenamente e merecê-la."

    - Hora do óbito ... 01:47hrs.- digo saindo da sala e tirando minha máscara.

   Esse é um dos piores sentimentos do mundo. Infelizmente é muito comum isso acontecer. Muitas médicos quando se formam, ficam fascinados pela cardiologia. Dizem que é uma sensação indescritível segurar um coração e senti-lo bater. Sentir a vida nas suas mãos. Mas eu me apaixonei pela Neurologia. O cérebro me facina. Sem ele não há vida. Ele é responsável pela memória, pelo gosto do alimentos, por todos os movimentos do corpo. Ele pode até curar a dor.Segundo os experimentos do americano, que sofreu uma grave lesão na perna após cair de um tanque do exército, a dor ativa diversas partes do cérebro. Três delas também respondem pela visão. Assim, ele criou o conceito da plasticidade competitiva, que consiste em usar imagens para aliviar a dor. Na prática, é como se a visão "roubasse" a atenção dessas áreas comuns do cérebro, fazendo com que a dor diminua. Enfim, o cérebro humano é um mistério.

    - Oi meu anjo. Como você está?
 
    - Bem na medida do possível. É tão bom estar de volta.- Ela diz e me encara.- Tudo bem?

    - Perdi um paciente agora.- Fiz uma pausa- Se ele tivesse chegado 1 minuto mais cedo ou se eu tivesse sido mais rápido... Talvez.... - suspiro.

    - Ei.. Vem cá!- me aproximei e ela me abraçou- Você não teve culpa e sabe disso. Você é um excelente cirurgião Henry. Não se culpe por isso. Todos nós temos nossa hora. Uns mais cedo que outros. E nem sempre achamos justo, mas é algo natural. Você fez o seu melhor.

    - Obrigado.- Disse e a beijei.

    - Dr.?!

    -Oi Lucy.

    - Podemos conversar 1 minuto?- olhou para Cloe e voltou a olhar pra mim- A sós.

    - Sim. Já vou.- Olhei para Cloe assim que Lucy saiu.- Já volto ok?

    - Ela não gosta muito de mim né?!

    - Isso porque você conseguiu uma coisa que ela jamais iria conseguir.- digo sorrindo.

    - E o que é? - disse com curiosidade.

   - Isso.- peguei suas mãos e coloquei em meu peito. Podia sentir meu coração bater forte. Ela me olhou com um lindo sorriso e me beijou.

    - Vai lá! Antes que ela faça um escândalo aqui.- disse sorrindo. Dei-lhe outro Beijo e sai.

   Lucy é ortopedista e sempre que me via, se "oferecia", talvez por isso nunca gostei dela. Ela é bonita, mas não tem o que eu queria.

   - Estou aqui. - Falo cruzando os braços.

   - O que tá acontecendo com você e aquela... paciente? - pergunta visívelmente irritada.

   - Acho que isso não seja da sua conta Lucy.

   - Pode não ser da minha conta. Mas com certeza é da conta do chefe.

   - Você está me ameaçando?- sorrio, mas logo fico sério.- Você pode fazer o que quiser Lucy, mas isso não vai me fazer gostar de você. Pelo contrário, vai me fazer gostar menos de você. Eu amo a Cloe. Entenda isso. Aah.. E boa sorte com o chefe. Porque até onde eu sei ele sabe sobre Cloe e eu.

    - Ela não serve pra você Henry. Pensa bem. Ela ficou muito tempo em coma. Ela vai passar por uma longa recuperação, você não vai ter tempo pra estar com ela e ela vai ficar chateada... Henry você acha que daria certo? Ela não entenderia. Ela não te merece Henry.

    - Você tem razão Lucy. - Ela abriu um sorriso enorme como uma criança quando ganha doce.- Ela vai sim passar por uma longa recuperação, mas eu vou estar do lado dela. Eu não acho que possa dar certo, eu tenho certeza que vai. Nós nos amamos. E isso é tudo que importa.- seu sorriso se desfez- Agora nos deixe em paz e vai procurar alguém que possa corresponder seus sentimentos.

  Ela sai dali bufando de raiva. Respiro fundo e volto para o quarto de Cloe.

  1 mês depois ......

Cloe

  Finalmente em casa. Henry veio me trazer. Disse que tirou o dia de folga, e assim que o seu substituto chegasse de Seattle ele iria tirar férias. O que achei ótimo. Estou com dificuldade para andar. Por ter quebrado a perna no acidente e por ter ficado tanto tempo sem mexer os músculos, vou ter que fazer fisioterapia. Henry fez questão de estar comigo na minha recuperação, tentei dizer que não precisava, pois ele tinha uma vida corrida, mas não adiantou nada. Ainda bem que vai ser por pouco tempo. Não gosto de atrapalhar.

   - Estava com tanta saudades de casa.- disse assim que adentramos.
 
   - Você quer algo? Precisa de algo?

   - Essa pergunta que tinha que fazer era eu. - sorrimos.- Não obrigado. Só quero curtir você. No hospital não dava pra fazer isso direito.

   - É melhor se acostumar. Seu namorado é muito importante.

   - Namorado?

   - Sim. - disse convencido.

   - É você por acaso me perguntou se eu queria namorar você?-digo num tom brincalhão.

   - Ok. -Disse saindo.

   - Onde vai?

   - JÁ VOLTO! - gritou da porta.

Não entendi nada. Mas apenas o esperei. Liguei a TV e coloquei em um canal que estava passando um filme. Na metade do filme eu peguei no sono. Acordei com vários beijos rosto. Abri os olhos lentamente e não acreditei no que eu vi....

"Ela não era a garota que ele sempre sonhou, ele nunca foi o garoto que ela imaginou pra ela. Nenhum dos dois eram um exemplo a seguir, mas por algum acaso do destino se tornaram perfeitos um para o outro."    
                    
                       Um amor para recordar

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