CAÇA E CAÇADOR

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Ele se movia com destreza, olhar atento ao seus arredores enquanto mantinha sua confiável espada próxima ao corpo. A trilha ainda estava fresca o que significava que a presa estava por perto. Tinha que ser muito cauteloso. A caçada desse maldito em específico tem levado pouco mais de três meses, sendo o seu caso mais longo nos últimos cinco anos. Tal fato o irritava. Tinha se acostumado a ser eficaz em suas caçadas que costumavam levar menos de três dias para serem concretizadas, e ainda assim esse sanguessuga parecia estar gozando com a sua cara.

Toda vez que uma pista aparecia, sumia tão rápido que ele mal tinha tempo de ponderar seus próximos passos. Um jogo de gato e rato que honestamente passou a ser ridículo após o primeiro mês. Seus colegas já estavam cheios de graça pra cima dele, constantemente fazendo piadas no quanto ele tinha ficado ineficaz com a idade — visível zombaria, tendo em vista que apenas recentemente completara 22 anos — então ele estava mais do que farto com a situação. Sem contar que o bendito já fizera mais de 100 vítimas nesses últimos meses, e poucas ele conseguira salvar a tempo.

Frustração era seu nome do meio.

Olioti, está aí? uma voz conhecida soou de dentro do bolso interno de sua jaqueta, de onde ele retirou um aparelho similar á um celular.

— Olioti na escuta, o que foi Christian?

Algum sinal do filho da mãe?

Não sei ao certo, o rastro parece fresco mas ainda não o avistei, — respondeu entre sussurros enquanto se esgueirava pela vegetação — parece estar brincando comigo.

Cuidado cara, você sabe o quanto esse bicho é perigoso. Principalmente porque parece ter ficado obcecado contigo...

Revirou os olhos — Me poupe Figueiredo, faço isso há anos. Não vai ser agora que vou virar vítima pra um morcego sem classe.

Todo mundo sabe que tu é capaz, mas tu não é de ferro, Christian insistiu, — quando tempo faz que você está caçando esse cara? Meses?

Isso não interessa, — rangiu os dentes e parou onde estava — o que interessa é que eu vou matar essa coisa não importa quanto tempo leve, estou cansado de seguir o rastro de corpos que essa coisa deixa pra trás quando fica com fome. Ontem eu tive que levar uma criança de cinco anos pro chefe, Christian. Cinco malditos anos.

Ouve um suspiro do outro lado da linha — Eu entendo cara, mas isso já está ficando muito perigoso. Mauro disse que o padrão de comportamento dessa coisa não é normal.

— Eu sei bem que essa coisa não é como as outras, e é justamente por isso que sou eu quem tem que cuidar dela. Não vou jogar noviços nas presas desse bicho, tu sabe que sobraram poucos veteranos como nós que... — pausa. Olioti virou a cabeça na direção de um barulho suspeito próximo a onde estava, o que o deixou em alerta. Antes que Christian pudesse perguntar qual o problema, ele continuou — Tenho que ir, ouvi alguma coisa. Pede pro Leon ficar atento aos meus arredores, vai dar certo dessa vez.

Agora desligado, o aparelho voltou para seu lugar de repouso no bolso de Olioti. Se movendo cautelosamente, ele seguiu em frente — uma mão empunhando sua espada e a outra repousando no cabo da arma presa a sua cintura. Alguns segundos se passaram até ele ouvir outro barulho, esse ainda mais perto. Se virou na direção do ruído apenas para encontrar nada. Isso se repetiu a sua esquerda, deixando claro que ele tinha perdido sua posição de caçador, e virara a presa.

— Sua mãe nunca te ensinou a não brincar com a comida? — perguntou em um tom zombeteiro, continuando a se mover de acordo com os barulhos e se recusando a dar as costas para o vampiro. — Não que eu ache que você tenha muita educação.

Guardião por DestinoWhere stories live. Discover now