NOSSO AMOR NÃO É ÁGUAS PASSADAS

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𝒪𝓁𝒾𝑜𝓉𝒾

Três horas desde que chegamos à Cambridge.

Três horas que o doutor nem ao menos olha na minha cara.

Aflito era pouco pra me descrever. Eu sabia que tinha feito merda deixando me levar pelos meus impulsos daquela forma, mas ao mesmo tempo eu não conseguia entender a reação que ele teve. Ele nem ao menos olhava na minha cara, e toda vez que eu tentava me aproximar... ele se afastava. Aquilo estava me deixando extremamente ansioso, porque de todos os momentos pra ele se distanciar de mim... tinha que ser agora?

Respirei fundo enquanto me olhava no espelho do quarto, ajeitando a gravata borboleta que adornava meu traje. Depois de mais uma vã tentativa de conversar com Luba sobre o que tinha acontecido, um rapaz veio ao meu encontro para me levar ao meu "quarto" para que eu me aprontasse. Quando cheguei no lugar, um terno de veludo vermelho escuro estava pendurado ao lado da cama, junto à uma máscara pela metade com alguns detalhes em branco, dourado e vermelho, e eu pude apenas levantar uma sobrancelha.

Vermelho sangue de tema para um baile abarrotado de vampiros? Que original.

Depois de uma longa ducha pra acalmar os nervos, eu estava terminando de me arrumar enquanto tentava imaginar o real motivo pra reação do Luba. Será que eu entendi errado? Todos aqueles olhares, o jeito que cora quando falo algo, o jeito que age quando está perto de mim... será que não era nada do que eu estava pensando? Porque uma reação dessas... pode muito bem significar que ele não está na mesma página que eu sobre o que sentimos um pelo outro.

A possibilidade pareceu me destruir por dentro, então apenas balancei a cabeça e afastei esse pensamento por enquanto. Tem que ser outra coisa... Ele tinha tanto perturbando ele hoje desde que acordou; o pesadelo com o namorado, o fato que estamos indo de encontro com a possível morte-...

Meu Deus Olioti, como tu consegue ser tão lerdo?

Claro... ele acabou de perder o namorado, é tão recente ainda, e ele está com medo de que algo aconteça durante essa missão. Ele está com medo que vamos morrer. Ele está com medo que tudo se repita.

E claro que eu fui inventar de escolher logo o pior momento possível pra tentar expressar o que sinto.

Esfreguei o rosto e me sentei na cama. Eu deveria ter resistido. Esse é um momento onde foco é vital pra nossa sobrevivência, um movimento em falso e podemos pôr tudo a perder, o que estava completamente fora de questão. Eu tenho que consertar isso, até porque a premonição de Celestine passou a fazer mais sentido ainda agora. Se por algum motivo estivermos separados... alguma coisa vai dar muito errado e o mundo desce pelo ralo.

Sem contar que do jeito que ela falou... pareceu que eu vou fazer parte disso.

Respirei fundo. Não. Vai dar tudo certo. Me levantei e peguei a máscara, a prendendo no cinto da calça e dando uns toques finais no meu cabelo. Não demoraram 10 segundos para eu ouvir batidas na porta — Mister Olioti? Are you done with your preparations? (Senhor Olioti? O senhor já terminou de se arrumar?) — perguntou uma voz feminina com um leve sotaque inglês.

— Estou indo — respondi enquanto arrumava o paletó um última vez, indo em direção da porta e a abrindo, encontrando uma moça de média estatura com olhos e cabelos castanhos. Seus olhos se alargaram quando entraram em contato comigo, mas eu resolvi não questionar enquanto fechava a porta e me colocava a andar — Já estamos de saída?

Ouvi ela começar a me acompanhar — A-almost, truthfully, we are just waiting for the conduction that shall take you to the mansion... (Q-quase, na verdade, só estamos esperando a condução que vai levá-los até a mansão...)

Guardião por DestinoWhere stories live. Discover now