LUBA E T3DDY

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𝐿𝓊𝒸𝒶𝓈

Tentei ao máximo dar todo o suporte possível pro Olioti, mas tava complicado dele se locomover. Ele claramente não tinha força alguma pra se mover sozinho e eu estava tendo que fazer grande parte do trabalho, mas evitei reclamar.

Ele parecia ser tão teimoso quanto eu. Com certeza tentaria andar sozinho caso eu falasse algo.

Pensei em pedir ajuda pro rapaz chamado Gustavo, mas não tinha como eu fazer isso sem dar na telha que eu estava tendo dificuldades. Resolvi deixar por isso mesmo e arrastei Olioti com muito custo pelos corredores da balsa, até Stockler parar na frente de uma porta e se virar para nós com um sorriso largo — Aqui estamos. Por sorte as enfermeiras estão em troca de turno, então vocês tem o consultório por algum tempo.

Assenti — Certo. Obrigado.

— Não por isso — ele respondeu prontamente, se retirando. Percebi de canto de olho ele lançar um olhar estranho na direção de Olioti, que bufou baixinho ao meu lado. O que quer que seja, era piada interna.

Movi Olioti pra cama e ele se sentou com um grunhido. Com muita dificuldade removemos sua camisa — ele não conseguia levantar o braço sem urrar de dor — e eu fui retirar os curativos e examinar o ferimento. Tirando alguns baixos xingamentos, ele não disse muita coisa. Levei uns quinze minutos para cuidar de tudo e refazer os curativos, e quando finalmente terminei, ele respirou fundo e me ofereceu um sorriso agradecido — Valeu de novo, doutor.

— Não precisa ficar me agradecendo — logo o assegurei, assistindo ele saltar para fora da cama. Ele fez uma careta e eu franzi — Você deveria descansar.

— Não se preocupe doutor, não vou fazer nada demais. Só quero esticar as pernas e respirar um ar fresco.

— Primeiramente, você não vai fazer nada mesmo — ele me lançou um olhar divertido e balançou a cabeça — E segundo, para de me chamar de doutor. Isso é mais formal que usar meu sobrenome.

Ele riu — Não conseguiria usar seu sobrenome nem se eu tentasse, por isso optei por doutor.

— Ora pois, não é tão difícil assim!

— Feur... fersh...

— Feuerschütte!

Ele riu mais — Saúde!

Acabei rindo também, me contendo para não socar-lhe o ombro. Não podia julgá-lo. Eu mesmo demorei anos pra aprender esse sobrenome. — Tá bom, mas para de me chamar de doutor. Me faz sentir ainda mais velho!

— E quantos anos você tem? — ele indagou cruzando os braços e se reencostando na cama.

— 27.

Uma sobrancelha sua levantou — Mentira. Tu é quase trintão?

— Nossa, obrigada. Muito gentil da sua parte — revirei os olhos, mas logo estávamos rindo novamente.

— Tá, mas só se você parar de me chamar pelo meu sobrenome também.

— Bem, não dá pra usar Lucas. — Apontei, o que ele concordou com a cabeça. Saímos da enfermaria enquanto pensávamos e logo lembrei de algo que me deu uma ótima ideia — Uma paciente minha um dia começou a me chamar de Luba, e logo todos no consultório estavam me chamando assim... — ele me lançou um olhar intrigado — O que? É bonitinho.

— Na verdade estou impressionado o quanto isso soa como um bom nome — ele sorriu e voltou a olhar pra frente — Vai ser Luba então.

— Mas e você? — questionei, deixando ele com um olhar pensativo. Ele parecia indeciso até eu lembrar de algo que Stockler disse pra ele quando ainda estávamos na casa dos meus pais — Por que exatamente aquele teu amigo te chamou de "ursinho"?

Guardião por DestinoWhere stories live. Discover now