INFERNO NA TERRA

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O dia estava perfeito. Ele tinha acordado com os beijos de seu amado, tido um ótimo café da manhã junto a seus pais, e um dia soberbo ao perceber o progresso de seus pacientes. Era o seu aniversário de cinco anos de namoro com Wellinton, e ele estava decidido a pedí-lo em casamento durante o jantar de comemoração que eles iriam ter naquela noite após o fim de seu expediente. Ele estava planejando como o faria há um mês, e estava certo de que tudo seria perfeito.

Então... por que tudo tinha desmoronado aos seus pés em um piscar de olhos?

Ele acabou saindo do consultório um pouco atrasado — seu último paciente tinha sido um garotinho de dez anos que precisou de uma atenção especial — então já tinha escurecido. Well insistiu para que eles chamassem um táxi ou uber, mas ele disse que não precisava. O restaurante não era muito longe, e a lua estava linda para uma caminhada romântica. Encantado pela ideia, Well concordou em irem andando e tudo permaneceu perfeito durante os primeiros dez minutos. Conversaram sobre seus dias e fizeram um ao outro rir, até que Wellinton parou e disse ter ouvido alguma coisa.

Ele balançou a cabeça e sorriu, "É só impressão môr, a cidade é barulhenta mesmo." Foi o que ele disse, certo que não era nada demais. Well pareceu desconfortável, mas apenas concordou e eles seguiram em frente.

Não demoraram dois segundos para que algo surgisse e os atacasse.

Ficou desnorteado. O que quer que tenha os atacado o derrubou no chão e o fez bater a cabeça com força, fazendo com que ele apagasse breviamente; os gritos desesperados de Well foram a única razão pela qual ele foi puxado de volta à realidade. Ele tentou abrir os olhos, mas via apenas vultos borrados. Murmurou o nome de Wellinton, tentando o alcançar, mas os gritos tinham cessado por completo. Pânico se instalou em cada fibra de seu corpo, mas o mesmo não o respondia. Foi então que ouviu vozes — esbravejos masculinos e uma gargalhada feminina. Mais uma série de ruídos e barulho de tiros aconteceram até que ele finalmente não conseguiu mais se manter acordado.

Um vulto vindo em sua direção de forma exasperada foi a última coisa que sua mente registrou antes de ceder à escuridão.

A cena que o recebeu assim que ele alcançou a fugitiva foi o suficiente para fazer com que o ar se esvaísse de seus pulmões por completo. Ela tinha afundado suas presas em um jovem de pouco mais de vinte anos, que tinha os olhos arregalados e tão imóveis quanto o próprio corpo. Caído à poucos metros, estava outro rapaz. Ele parecia desnorteado e prestes a desmaiar, mas ele estendia seu braço trêmulo na direção do rapaz caído. Estava claro que ele não fazia ideia do que estava acontecendo, mas que a pessoa que agora jazia sem vida apenas a alguns metros de seu alcance era importante.

A árdua realidade de que ele tinha deixado mais uma vida inocente se perder foi o suficiente para arrastar Olioti de volta à realidade. Quando se deu por si, tinha se lançado na vampira e os dois estavam rolando no chão. Ela rosnou e tentou se desvencilhar do furioso caçador, mas ele já estava de pé e a arremessando contra a parede. Ela gritou e caiu no chão com um baque surdo, logo levantando o olhar para ele e sibilando perigosamente. Os lábios carnudos estavam pertubadoramente lambuzados de sangue — Eu estou lhe avisando, caçador. Saia do meu caminho ou você vai se arrepender.

— Não, sua assassina maldita, — ele ralhou, puxando sua arma da cintura e a destravando, apontando-a na direção da vampira — é você quem vai se arrepender de não ter me matado quando teve a chance.

Ela gargalhou mais uma vez — Se me matar, sua vida vai virar um inferno. — Disse arrogantemente, mas a falta de hesitação no olhar fulminante do caçador apagou o sorriso presunçoso de seus lábios.

— Se essa é sua ameaça, — ele posicionou o dedo no gatilho, a vampira arregalou os olhos — então sinto lhe informar que eu não temo o que eu já enfrento todo dia.

Ela tentou escapar, mas aquele segundo de vacilo se provou fatal quando Olioti descarregou sua munição de balas especiais por completo em seu peito. Logo a vampira entrou em combustão e em poucos segundos, não restara nada além de cinzas.

Olioti então respirou fundo e prendeu a arma novamente à cintura, se virando para as vítimas com um aperto no peito. Correu primeiramente para o rapaz que tinha sido atacado, e com muito pesar, confirmou a sua morte. De canto de olho ele viu movimento vindo do outro rapaz, então foi em sua direção apenas para assistí-lo finalmente perder a consciência. Se ajoelhou ao seu lado e mediu seu batimentos. Estavam fracos, mas ele ficaria bem.

Pelo menos fisicamente.

O caçador esfregou o rosto e pegou o comunicador novamente — Christian, na escuta?

Merda Lucas, você quase nos matou de susto. O que infernos aconteceu aí?!

— Isso não importa agora. Preciso que avise o chefe que mais um corpo deve ser recolhido e que o problema foi resolvido

Ele mandou uma equipe assim que reportamos que você estava em perseguição, eles já devem estar chegando, Lucas não respondeu, o olhar se mantendo fixo no rapaz desacordado — Olioti?

Avise que eu não vou estar aqui para recebê-los. — ele disse simplesmente, se inclinando na direção do rapaz e o retirando do chão, segurando-o em seus braços

O quê?! Mas você não pode simplesmente...

Apenas faça o que eu disse Christian, eu tenho algo importante pra tomar conta.

E com isso ele desligou o aparelho mais uma vez, olhando para a pessoa em seus braços.

— Eu sinto muito por isso ter acontecido — ele se desculpou pesarosamente, — espero que diferente de mim, você ache uma cura pra essa ferida no seu coração.

E apertando o rapaz fortemente contra seu peito, Lucas Olioti se pôs a correr na direção do hospital mais próximo.

Guardião por DestinoWhere stories live. Discover now