Guardião por Destino

TUDO QUE É BOM DURA POUCO

𝒪𝓁𝒾𝑜𝓉𝒾

Eu estava completamente sem fôlego enquanto olhava fundo em seus olhos. Eu não sei que estava acontecendo dentro da minha cabeça, mas pode ter certeza que meu coração estava à mil. Depois da rejeição de mais cedo eu tinha absoluta certeza que eu tinha estragado tudo, mas quando o doutor correspondeu meu afeto de forma tão calorosa... eu não conseguia sentir qualquer outra coisa além de felicidade, principalmente enquanto admirava o sorriso que ele lançava em minha direção enquanto seus olhos pareciam cintilar por trás da máscara.

Espera, máscara? Merda. Esqueci completamente de onde estamos.

O puxei mais pra perto sem aviso prévio e o ouvi soltar um barulho confuso. Apenas falei shhh em seu ouvido e ele logo se aquietou, provavelmente porque também lhe caiu a ficha. Eu escaneei nossos arredores e muito para o meu alívio momentâneo ninguém parecia estar olhando especificamente em nossa direção, apesar de que eu estava com um péssimo pressentimento. Mantive Luba colado em mim, e pude sentir ele tensionando, mas eu não podia tranquilizá-lo enquanto não tinha certeza se eu mesmo deveria ficar tranquilo.

Foi então que, muito para o meu desprazer, encontrei o olhar fulminante do vampiro babaca que estava importunando Luba mais cedo naquela noite. Uma sobrancelha minha levantou por trás da máscara e eu o encarei de volta, sentindo uma leve irritação por ter aquele sanguessuga olhando daquela forma em nossa direção, mas depois de um segundo, o vampiro franziu o cenho e então arregalou os olhos.

Em um piscar de olhos, ele desapareceu da minha vista.

Aquilo imediatamente acionou todos os tipos de alarmes possíveis dentro da minha cabeça. Teria ele ficado com medo novamente? Eu não me senti irritado o suficiente pro demônio se manifestar-...

Oh não.

Aquele olhar não tinha sido de medo, tinha sido de realização.

― Precisamos ir ― eu informei ao doutor com urgência, fazendo com que ele se afastasse e me lançasse um olhar confuso.

― O que foi?

Balancei a cabeça, não tinha tempo pra explicar. Agarrei a sua mão e comecei a puxá-lo pelo salão ― Explico depois, só vamos.

― O que? Mas e a gravação?!

― Não importa, não queremos estar aqui pra quando ela tocar de qualquer forma. Só vamos!

Ele não me questionou mais, parando de demonstrar resistência e logo apressando o passo junto comigo. Cortamos pela multidão de vampiros e servos e em pouco tempo conseguimos alcançar a porta de saída do salão, nos colocando a andar o mais rapído possível pelos corredores em busca da saída da mansão.

Entretanto, antes que pudéssemos dar mais que 3 passos, duas formas troncudas surgiram na nossa frente bloqueando a passagem. Os dois vampiros usavam uniformes da guarda dos Maquiavelli com o brasão do clã no peito, e assim que arreganharam as presas e sibilaram, recuamos enquanto eu empurrava Luba pra ficar atrás de mim.

Com ar preso na garganta, pensei em correr na outra direção, mas assim que virei a cabeça para o lado oposto avistei mais três guardas se aproximando. Xinguei mentalmente e recuamos até ficarmos de costas para a parede, enquanto os cinco vampiros sibilavam em nossa direção. Estávamos completamente cercados, e como isso era pra ser uma missão rápida de implantação que deveria ter terminado assim que eu implantei o gravador, eu não tinha nenhuma arma comigo além de uma pistola que estava escondida na minha calça. O mesmo pode se dizer do Luba.

Os vampiros deram um passo na nossa direção, e eu pude ouvir o arfar desesperado do doutor atrás de mim. Aquilo pareceu acordar o demônio dentro de mim já que senti meu peito tremer com um rosnado enquanto sentia meus olhos queimarem e meus músculos tensionarem. Os vampiros pareceram momentâneamente intimidados, mas apenas sibilaram de volta de forma mais ameaçadora perante o desafio. Eu estava pronto pra pular naqueles malditos e abrir caminho com os punhos se fosse preciso, e eles pareciam estar esperando isso já que se mantiveram na defensiva, mas antes que qualquer um de nós pudesse fazer qualquer coisa, palmas ecoaram pelos corredores seguidas de uma voz rouca e carregada de sotaque ― Basta, isso não é forma de tratar nossos convidados de honra, não é mesmo?