Como assim?

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 Eu não escutei nenhuma resposta "só pode estar dormindo", pensei enquanto corria, eu não esperava a hora de ver a minha irmã mais nova. Quando eu abri a porta do quarto eu não  consegui ver ela,me apavorei e entrei em pânico, na minha cabeça só se passava um único e claro pensamento, "oque meu pai fez com ela?", mas não parei de procurar, corri por todda casa, gritando "Gabii,Gabiii" desesperadamente. Meu pai parou em minha frente e me segurou, olhou em meus olhos e disse:
 _ Ela está aqui, venha comigo.
 Ele iria me puxando pelo braço, me levou até o quintal e apontou pra uma pequena casa que havia no quintal, na verdade, nem era uma casa, era uma cabana bem pequena e apertada que só tinha um cômodo e era bem baixinha, de repente minha respiração acelera e meu coração começa a bater mais rápido, comecei a ofegar e a me desesperar mais ainda.  Eu me soltei da mão do meu pai e fui correndo abrir a porta da cabana, quando eu abri eu vi uma escada que descia e resultava em um cômodo subterrâneo. Estava tudo tão escuro que eu mal conseguia ver um palmo ou um degrau da escada que estava em frente. Minutos se passaram e eu estava parada olhando pro fundo daquele porão, em choque, não conseguia me mover ou tomar qualquer atitude...  Minutos e minutos se passaram, até que eu comecei a ouvir passos que se aproximavam aos poucos, os passos eram lentos, calmos e suaves e, iriam se aproximando cade vez mais e mais, eu continuei parada e em choque, não sabia oque pensar e muito menos oque fazer, em fim, consegui ver uma silhueta de uma pessoa baixa e com cabelos cumpridos que se aproximava mais e mais, eu tinha certeza que era a Gabi, mas do mesmo jeito eu nem me movia, até que ela apareceu, toda suja de barro com cordas  amarradas nos pulsos e nas canelas, em volta do seu pescoço havia uma sacola que ja estava um pouco rasgada, a pele dela estava pálida, seus lábios brancos quanse transparentes e com "sombras" imensas em baixo dos seus olhos. Naquele momento eu corri até ela e a puxei a arrastando até a casa enquanto  chorava muito, a peguei no colo antes de entrar em casa e,com muito esforço eu subi com ela até o banheiro onde arranquei a roupa dela e comecei a lava-la e limpar seus machucados ao mesmo tempo. A água do chuveiro escorria pelo corpo dela e limpava o barro e lama  que tinha nele, nos seus machucados, que eram cortes fundos e a maioria estavam nos braços, foram os piores, estavam infeccionando, a volta dos cortes já estava com uma cor bem vermelha, isso além de estarem quase na carne viva e cheio de barro e pequenas pedras. Durante duas horas eu a banhei e a limpei e durante isso tudo ela não disse uma palavra, apenas ficou com a cabeça baixada e sem expressão alguma no rosto, eu não conseguia compreender isso, ela sempre foi exagerada na hora de sentir dor, mas eu nem perguntei isso eu só a limpei e a ajudei com uns curativos assim que saímos do banheiro. Meu pai ficou o tempo todo na sala assistindo tv enquanto eu ajudava a "Gabi" e, sempre que ouvíamos os passos dele a gabi começava a tremer e arregalava seus olhos de medo e de pavor, mas, eu nunca tirei a razão dela pois meu pai realmente dava medo, somente sua presença já conseguia me deixar apavorada então, eu e minha irmã amontamos uma tática, sempre que ele voltava bêbado nós  iríamos correndo para o nosso quarto e além de trancarmos a porta eu e ela colocavámod vários móveis atrás da porta para evitar que ele entrasse, isso ficou nesse rítimo por anos, foi em 1996, no meu aniversário de 16 anos que a tia nati me apareceu lá em casa gritando por mim, eu fui toda feliz recebe-la, de braços abertos eu e a "Gabi" corremos até ela e a abraçamos rindo bem alto. Ela então disse:
 _ Mocinhas, arrumem suas malas e vamos lá pra minha casa, vamos passar o aniversário da Mary juntas e nos divertindo muito
 Nessa hora eu me emocionei, nunca imaginei que um dia ela iria lembrar disso, foram tantos aniversários só eu e a minha irmã que eu nem me importava mais de passa-lo só com minha irmã. Mas, eu fiquei curiosa, nunca falei pra ela do meu aniversário.
 _ Tia, Nati...

O assassinato de uma suicida Onde histórias criam vida. Descubra agora