Viagem tensa

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O assassinato de uma suicida

 No caminho da casa da meu pai, já com as nossas roupas, eu só pensava na minha tia e em quanta coragem ela tinha em fazer uma coisa dessas, nunca imaginei que ela iria separar a "mamãe" de nós. Aquilo doeu tanto, parecia que ela tinha arrancado uma parte de mim e me deixou sem aquela parte. Eu queria muito chorar mas eu não chorei, fiquei o tempo todo pensando na minha irmã, se eu chorasse ela iria chorar também e o pior, só iria piorar tudo, mas eu não segurei por muito tempo, logo eu deixava uma lágrima escorrer, em seguida duas, três... E de repente chorava como nunca havia chorado antes, estaca sentindo muito a falta da minha mãe, do seu abraço, seu cheiro, estava com tanta saudade... Queria tanto que ela estivesse comigo naquele momento... Passei todo o caminho chorando, a Gabi me perguntou várias e várias vezes o motivo... Mas eu sempre dizia que era de felicidade por estarmos indo ver o nosso pai, o qual não ligava se de estávamos vivas ou mortas ....
 Quando chegamos a casa dele, já era noite, estava tudo escuro e, o policial que nos levou até lá, nos jogou pra fora do carro em que estávamos e tirou nossas coisas as deixando ao lado do carro.
  _ Boa sorte, meninas!
 Isso foi oque ele disse antes de entrar novamente no carro e nos deixar sozinhas naquele lugar onde tudo era novo e amedrontador... Havia casas queimadas nas redondezas, casas quebradas, velas e garrafas de vinho no chão com flores e pipoca, em fim, estávamos com muito medo
  Nos aproximamos da casa e eu bati na porta e gritei várias vezes "Paaai" com esperança que ele atendesse, bati na porta várias vezes, mas não adiantou em nada, então eu simplesmente me sentei apoiando minhas costas na porta e abracei meus olhos enquanto voltava a chorar, chorei tanto naquele dia que meus olhos ficaram inchados e doloridos. Gabi tentou me ajudar, ela se sentou ao meu lado e colocou a cabeça no meu ombro, me deu um beijo na bochecha e disse:
  _ Calma... O papai já vem...
 Eu realmente fiquei mais calma com aquelas palavras, a abracei e comecei a parar de chorar, mas também fiquei com muito medo de que nosso pai não nos aceitasse, pois éramos muito pequenas e não sabíamos fazer nada. Passamos a noite do lado de fora da casa, Gabi dormiu segundos depois de quando eu a abracei, mas eu continuei acordada por muito tempo, eu vi pessoas andando pela rua, vi pessoas colocando mais velas no chão ao lado de mais garrafas de vinhos e mais pipoca, vi vultos pessoas aparecendo e sumindo do nada, lembro que eu vi uma mulher de preto ao longe e logo sumiu em um piscar de olhos, por isso eu não conseguia dormir, o medo não deixava, precisava assegurar de que Gabi estava bem, mas o sono foi mais forte do que eu, assim que o céu começou a clarear meus olhos começaram a se fechar e eu não aguentei e dormi...
  Quando eu acordei, segundos depois meu pai abriu a porta.
  _ Suas garotas,incompetentes! Já disse que não  vou m--... Filhas? 

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