Ótimo...

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Eu não sabia nem como uma escola funciona, as únicas informações que eu tinha vinham da tv e vinham de entrevistas ou filmagens rápidas... Mas a Natália não parava de insistir nisso.
 _Mary, vocês precisam ir pra uma escola, isso vai ajudar muito no futuro. Vocês vão precisar dos estudos pra arrumar um bom trabalho, por exemplo...
 _Tia, eu tenho muito medo, medo das pessoas, medo de ser machucada por outras... Se o meu próprio pai me trata como escrava, não é difícil uma outra pessoa fazer isso também...
 _Escrava ? Onde ouviu essa palavra.
 _Na tv.. Uma reportagem que passou a uns dias...
 _ Sabe oque um escravo faz ?
 _ Ele é mercadoria, vendido e tratado como animal... É chicoteado se não fizer seu trabalho direito, mesmo ficando exausto e sem forças ele é obrigado a continuar
 _Hum... Você tem uma facilidade em gravar as coisas... Podemos fazer um trato?
 Dos meus olhos surgiram lágrimas pequenas que escorriam até meu queixo e caiam em seguida.
 _ Po-... Podemos
 _ Eu vou colocar vocês duas em uma escola, ou tentar. Se você não se sentir a vontade, se acontecer alguma coisa, eu tiro vocês de lá e contrato uma professora pra vir aqui dar aula pra você... Pode ser ?
 Eu abaixei meu rosto e fiquei olhando pro chão sem falar nada, coloquei minhas mãos sobre meus olhos e comecei a esfrega-los devagar e respirando fundo...
  _Pode ser, promete que não está mentindo?
 Naquele momento a Natália me abraçou e colocou minha cabeça sobre seu ombro.
 _ Eu nunca vou mentir pra você, nunca mesmo. Amo vocês duas como filhas, minhas filhas... Eu nunca mentiria pra nenhuma das duas
 Depois de retribuir o abraço e desfaze-lo, subi pro quarto e fui direto pra minha cama, me deitei e fiquei olhando para as bonecas que tinham la no quarto. "Gabi" estava na cozinha conversando com a Natália, sei disso pois eu escutava coisas breves e rápidas, tipo, "Eu quero ficar na mesma sala que a Mary", "Vou fazer o possivel pra isso dar certo"... E etc ...
 "Gabi" subiu até o quarto onde eu estava e se deitou comigo, ela me olhou nos fundos dos meus olhos e beijou a minha testa, em seguida, a mesma me abraçou e com certeza eu retribui o abraço, comecei a mexer no cabelo dela e fechei meus olhos enquanto respirava fundo e me acalmava. Ela então perguntou:
 _Se sente melhor ?
 Eu continuei do mesmo jeito, nem abri meus olhos, apenas respondi com uma voz suave e calma.
 _ Sim... Mas mesmo assim não precisa me soltar
 Ela soltou uma pequena risada...
 _ Isso é oque eu tenho vontade de fazer.... Nunca mais te soltar
 Depois disso nós ficamos quietas até que caímos no sono, por assim dizer. Horas depois a Natália nos acordou com um sorriso grande no rosto e lágrimas caindo dos seus olhos.
 _ O pai de vocês assinou o papael, de agora em diante eu estou com a guarda de vocês. Meu Deus eu estou tão feliz
 Nós três  começamos a rir de felicidade e alegria enquanto nos abraçavamos muito. Foi um momento tão bom, pena que não iria durar muito...
 Nós comemoramos, ficamos a noite toda acordada comendo "porcarias" e bebendo suco enquanto jogávamos. Foi uma noite só nossa.
 Eu estava muito curiosa pra saber oque ela fez para o meu pai passar nossa guarda pra ela assim tão fácil, eu achei que ele iria causar uma confusão só pra assinar aquilo, mas deu certo... E isso foi ótimo...
 No dia seguinte nós três nem saímos da cama, passamos o dia todo deitadas enquanto estávamos descansando... Foi a primeira noite em que viramos acordadas por um motivo bom, naquela vez não ficamos acordadas por causa do medo e da  aflição que tínhamos na casa do nosso pai. Quando a noite chegou, Natália foj até o nosso quarto nos chamando pra sair, ela disse que iríamos a um restaurante que tinha alí perto, depois iríamos fazer mais compras, eu e a minha irmãzinha precisávamos de mais roupas pois as velhas já estavam usadas e poucas ainda serviam em nós.
 Saímos de casa normalmente, arrumadas, perfumadas e estávamos indo pro tal restaurante. Chegando lá, nos sentamos em uma mesa  que ficava na parte de fora do restaurante, ela era coberta por uma extensão do telhado.

O assassinato de uma suicida Onde histórias criam vida. Descubra agora