À medida que os dias se passaram, o estado de saúde de Regina melhorou consideravelmente, apesar de ainda necessitar de cuidados que somente aquele hospital podia lhe oferecer. Erick não deixava a poltrona ao lado da cama, observando a irmã durante as noites chuvosas. Gustavo imediatamente tomou à frente da situação no mesmo dia em que chegou. Em uma tarde especialmente agitada, o militar arrumou uma briga feia com Jonas, irmão de Tina. Na verdade, o clima não era um dos melhores, e, embora muitos agradecessem a Deus por ter um homem daquele tamanho ali para proteger, outros questionavam sobre o exército. Onde estariam? Que diabos estavam fazendo para ajudar? Gustavo não sabia o que responder.
Dra. Sarah, uma médica muito prestigiada que aparentemente liderava o grupo do hospital, cuidava de Regina quando Erick e Victor entraram no quarto.
– Como ela está? – Erick perguntou.
– Melhor – respondeu Sarah enquanto ajeitava seus óculos.
Sarah Rodrigues era uma linda mulher negra, seus cabelos cacheados e castanhos emolduravam harmoniosamente seu rosto. Ainda no quarto, a médica examinou a menina miúda na cama ao lado, sentindo sua pulsação atenciosamente.
– O que ela tem? – Victor perguntou ao se aproximar.
– Ela vai ficar bem – respondeu Sarah.
Em seguida, a mulher deixou o quarto em silêncio. Erick e Victor se entreolharam. Logo depois, os amigos se aproximaram da janela e observaram o anoitecer.
À frente do enorme hospital, um edifício aparentemente abandonado jazia erguido, perfurando as nuvens tempestuosas. Victor suspirou, admirando a esmo um cão cutucando um amontoado de lixos. Ele cruzou os braços e se perdeu por um momento em tempos atrás, quando toda sua família estava feliz. Pegou seu celular, entrou no Whatsapp e leu a última conversa com a mãe...
– Ainda deve doer muito, não é? – Erick lamentou, o amigo assentiu.
Sua mãe lhe pediu para lavar a louça na mensagem, e Victor nem sequer respondeu. Se ele soubesse que aquela mensagem era a última, teria lavado até as panelas... navegando pelo aparelho, encontrou uma foto do irmãozinho; um menino moreno, de olhos expressivos e com o mesmo sorriso que o seu.
– E se eles ainda estiverem vivos?
Erick, que observava o cão mastigando um saco plástico com restos de carne, se virou para o melhor amigo.
– Você quer dizer...
– E se eles estiverem vivos? Se estiverem sem controle do próprio corpo?
– Bom questionamento, Victor – uma voz disse logo atrás. – Não devemos descartar essa possibilidade, é claro.
Sarah havia retornado ao quarto, trazia em uma mão uma caixa de algodão e alguns remédios para infecção.
– Mas...
Erick e Victor se entreolharam.
– Sei mais ou menos o que está acontecendo, expliquei para o noivo da sua irmã.
– Bom, agora nos explique! – Erick exigiu.
Sarah se aproximou da menina e começou a limpar alguma ferida em seu ombro.
– Isso que estamos presenciando é uma epidemia de raiva.
– É, eu já imaginava – respondeu Erick. – Mas o que aconteceu com a vacinação? Não há campanhas e coisas do tipo?
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Selvagens
AventuraUma tragédia repentina atinge a cidade de São Paulo, Brasil. Além da dura batalha contra os zumbis que surgem aos montes, Regina precisará encarar pessoas envolvidas em uma conspiração terrível. Envolva-se em um mundo sangrento, selvagem e sinistro...