CAPÍTULO 20: EM BUSCA DE VINGANÇA

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         Erick deu dois passos à frente, Regina ficou observando-o, até que alguém surgiu detrás de uma árvore. Leo e outros homens levantaram suas armas, e três jipes com homens fortemente armados surgiram ao horizonte, passando pelo caminho estreito de terra batida e detendo-se defronte para a fábrica.

– Que está acontecendo? – Regina perguntou, também erguendo sua arma. O homem atrás de Erick andou mais um pouco, mostrando seu rosto.

Era Augusto, ele estava com uma arma de fogo na mira da cabeça de Erick. Os óculos do doutor refletiram a luz tímida do sol, e um clima tenso se criou na fronteira que separava o grupo de Regina e os outros homens.

– Você...

– Por que? – Regina indagou, o dedo próximo ao gatilho, seus olhos indo de Erick para Augusto.

– Por onde eu devo começar? – a voz doce de uma mulher surgiu repentinamente.

Era uma mulher de vestido vermelho e cabelos negros presos em um rabo de cavalo. Regina sabia quem era.

– Você não sabe meu nome, não é? Sou Clarice, mãe da criança que você matou.

Regina fraquejou, seus olhos tremeram, e por um momento sentiu que iria baixar a guarda. Leo olhou para a amiga, sem saber o que falar.

– Ele... ele estava morto – Regina sussurrou, sem muita convicção.

– Eu ia salvá-lo! – Clarice retrucou, sua arma na mira de Erick.

– Não há cura, você sabe disso! – interveio Leo.

Clarice desviou-se até o homem, seu olhar esboçava puro desagrado.

– Eu e meu marido encontramos alguém... – Clarice olhou para Augusto, depois deteve-se em Victor.

– Você... – Regina olhou Augusto. – Você é marido dela?

– Era o destino, o destino me colocou perto desse moleque – Augusto disse, referindo-se a Victor, que observava tudo ao lado da Regina.

– Mas você tirou a oportunidade de eu salvar meu querido filho! – Clarice falou em voz alta, seus olhos se encheram de lágrimas. – Você me tirou tudo o que eu tinha!

– Você é louca, quis salvar seu filho sacrificando um monte de vidas – rebateu Regina.

– Então você leu a carta... e mesmo assim cravou uma faca na cabeça do meu filho.

Regina e Clarice se confrontaram em silêncio, Erick continuava imóvel sob a mira de duas armas de fogo.

– Pode me levar, eu sei que é o que querem – Victor interveio.

Clarice esboçou um sorriso de desdém.

– Do que vai servir você agora? Meu filho está morto.

– Que você quer? – Regina quis saber.

– Quero que você sinta o que eu estou sentindo, quero que pague.

– Isso não precisa acontecer – Erick sussurrou, recebendo logo depois um golpe violento na cabeça.

– Cale a boca! – Augusto ordenou.

– Tudo bem – concordou Regina. – Me leve, mas deixe meu irmão e todos os outros!

– NÃO! – Leo gritou. – Você não precisa fazer isso, Regina!

Victor tentou seguir Regina, mas ela o impediu. Quando atravessou o portão, seu irmão foi liberado.

– Eu vou com você.

– Não – Regina impediu-o. – Eu resolvo isso.

Erick foi empurrado ao chão, e Augusto se afastou. Regina entrou em um dos carros, e um indivíduo tampou sua visão com um saco de pano encardido. O veículo roncou, prestes a partir.

– Podem matar todos os outros – ordenou Clarice, entrando no carro logo depois.

– NÃO,DEIXE-OS EM PAZ! – Regina gritou.

O tiroteio rompeu o silêncio, e o caos se generalizou. Victor se jogou ao chão para se proteger. Erick escondeu-se atrás de uma árvore. Estilhaços de paredes e vidros voejaram pelo ar.

Erick se esgueirou entre as sombras, escapando de balas que corriam de um lado para o outro. Repentinamente um infectado surgiu detrás de uma árvore, uma mulher de avental e cabelos presos em um coque.

– Meu Deus!

Um grupo de aproximadamente quinze infectados surgiu cambaleando entre as árvores.

– AAAAAHH!

Um homem gritou quando uma garotinha pulou em seu pescoço e lhe arrancou um violento pedaço, derramando sangue e restos de nervos no chão.

– Merda, os tiros estão chamando a atenção dos selvagens! – Leo gritou, usando uma pilastra de obstáculos contra os tiros.

Os infectados atacaram, e poucos perceberam. Victor conseguiu derrubar dois homens, mais a situação não parecia melhorar.

Duas explosões repentinas pioraram o tumulto, e os infectados conseguiram entrar. Leo viu-se cercado quando ficou sem munição, e um ataque fatal lhe acometeu: um gari arrancou um pedaço de seu braço com uma mordida.

– NÃO, LEO! – Erick gritou.

Era tarde demais, Leo havia sido devorado. Erick e Victor se surpreenderam quando Max apareceu para dar reforço, derrubando dois homens pelas costas com tiros certeiros.

Quando o grupo inimigo recuou, sobrou somente dezenas de corpos pelo chão. Wagner fechou o portão de ferro, e finalmente o silêncio pesou sobre os sobreviventes.

Erick sentou-se em um banco, isolado de todos os outros. Victor se aproximou, hesitante.

– Podemos salvar sua irmã, a morte do Leo não precisa ser em vão – disse Victor.

– Eu sei, e é por isso que vou resolver logo essa merda!

– Desculpe?

– Sei para onde levaram minha irmã – respondeu Erick enquanto ajeitava um facão em sua calça.

– Como?

– Eu ouvi. Ouvi quando disseram.

– Vou com você – Victor interveio, convicto.

– Ninguém mais vai morrer, Victor – retrucou Erick. – Eu resolvo sozinho.

– Onde pensam que vão? – Sarah se aproximou, curiosa.

– Esse moleque quer ir sozinho atrás da Regina, vê se pode!

– Não quero, eu vou!

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