CAPÍTULO 18: A ÚLTIMA ESPERANÇA

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         Regina, Leo e Sarah analisavam um mapa sobre a mesa. Era um dia chuvoso, e todo o grupo estava ali, na casa da médica. Sarah contornava com uma caneta preta uma parte do mapa, dando ênfase a um local especifico.

– Tem certeza que podemos ir até esse lugar? Conseguiremos ajuda? – Regina questionou.

– Foi o que me disseram – respondeu Sarah. – Não pude ir sozinha até lá pois meu carro quebrou, e obviamente que não possuo uma arma.

Regina e os outros chegaram na casa da médica na madrugada anterior, e por sorte a encontraram por lá. Às escondidas, Erick explicou a real situação de Victor, deixando-a absolutamente perplexa. Max e seu filho, Antônio, se juntaram aos sobreviventes no mesmo dia. Sarah, a médica que antes vivia em São Paulo com o marido e a filha, descobriu que um grupo de sobreviventes resistia em um local isolado da cidade, protegidos por enormes muros e cercas. Assim como a internet, a televisão deixara de funcionar em poucas horas após o surto, e as notícias se tornavam cada vez mais escassas. Percorrer um caminho tão longo em uma cidade devastada e lotada de infectados não parecia uma ideia muito boa, porém, não haviam muitas opções diante de todo aquele caos.

– Esse grupo está vinculado ao governo? – Victor perguntou ao lado da janela, observando os outros de braços cruzados.

– Talvez – Sarah respondeu, um pouco incerta – mas me disseram que é um grupo grande... com médicos e professores.

– Confiar no governo? Depois de tudo que fizeram? – Victor riu com desdém.

– Nós nem sabemos se de fato o grupo Santuário faz parte de alguma conspiração governamental – retrucou Leo.

– De qualquer forma, a melhor saída não é ficarmos desconfiando de tudo e todos – Regina interveio. – Há ainda a possibilidade de familiares nossos estarem por lá.

– Meu pai era policial, consegui a arma dele e sei muito bem manejá-la – disse Max, notoriamente querendo mostrar-se útil em forma de agradecimento por ter sido integrado ao grupo.

À medida que a noite se aproximava, a chuva ia embora, deixando para trás poças e valões entupidos. Liderando o grupo, Regina decidiu em um consenso deixar a casa de Sarah na manhã seguinte, usando a luz do sol como uma vantagem.

Regina enfaixava os pulsos para protege-los de mordidas quando Leo se aproximou, sentando-se ao seu lado. Ela parecia distante, anormalmente mais quieta e calada.

– Quer conversar? – Leo perguntou.

– Por que eu iria querer? – respondeu Regina, visivelmente desinteressada.

– Desde que deixamos o Santuário, você mudou. Aconteceu alguma coisa, não é?

Regina suspirou, não parecia muito satisfeita em entrar no assunto, mas em seu íntimo o conflito lhe consumia, ainda mais quando cenas do que acontecera lhe voltavam a memória.

– Aconteceu uma coisa... quero dizer, lá naquela mansão sinistra...

Ela então disse o que aconteceu, dando detalhes da luta contra a misteriosa mulher e a morte da criança após golpeá-la com um punhal.

– Você não deve se sentir culpada – interveio Leo quando a amiga se calou. – Ele estava infectado, não? Estava sofrendo, é claro.

– Mas era uma criança, eu devia ter pensado... e se ele ainda estivesse vivo? E se as pessoas estiverem presas em seus corpos descontrolados?

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