Erick abriu os olhos, e sua cabeça doeu. Uma luz branca perfurava a escuridão veludosa do quarto silencioso por uma porta entreaberta. Ele olhou para o lado, encontrando um pequeno aparelho que checava seus batimentos cardíacos. O quarto era pequeno, e somente sua cama jazia por ali além de alguns aparelhos complexos a sua volta. Ele piscou os olhos, coçou a cabeça e sentiu uma cicatriz próximo a sua orelha. Que aconteceu? Erick não conseguia se lembrar.
Em sua cabeça, somente cenas de um passado confuso entre borrões e estouros faziam-se presente. Ainda levemente atordoado, levantou-se da cama, sentindo o chão de azulejo gelado. Esteve sonhando durante todo o tempo? Onde estava Regina? E seu melhor amigo, Victor?
Seguiu para fora do quarto após retirar do peito nu alguns fios colados, encontrando um longo e estreito corredor. O silêncio ecoava pelo caminho, e não havia sinal de alguém por perto. Ao passar por uma janela, observou o que havia ao lado de fora. Aparentemente, o anoitecer havia acabado de chegar, e chovia um pouco no lugar ladeado por dezenas de árvores em que se encontrava.
Percebeu que não estava sozinho quando se deparou com um homem sentado à frente de uma mesa analisando alguns papéis. O indivíduo de cabelos pretos e lisos levantou os olhos.
– Meu Deus – exclamou o homem de óculos. – Isso que é uma surpresa agradável!
Erick olhou-o, confuso. O homem se aproximou.
– Obviamente que não me conhece – ele disse. – Sou Augusto, auxiliei Dra. Sarah na cirurgia.
– Cirurgia...? – Erick indagou, ainda mais confuso.
– É, bom... – o homem ajeitou seus óculos de hastes grossas e pensou. – Vem, vou leva-lo até sua irmã, talvez seja melhor assim.
Regina estava em uma sala ampla e mal iluminada, com algumas mesas e cadeiras, sozinha, bebendo distraidamente saquê em um copo de vidro. Ela usava um boné verde, e parecia completamente absorta em seus pensamentos. Quando virou-se, seus olhos, que antes jaziam longínquos e deprimidos, encheram-se de entusiasmo.
– Erick!
Ela se levantou e correu para o irmão, segurando-o pelos ombros e sorrindo. Regina parecia mais magra e pálida, mas continuava linda como sempre, conservando a semelhança com a falecida mãe. Erick retribuiu o sorriso, mas continuava sem entender.
– Que aconteceu?
– Você não se lembra de nada? – Regina indagou, trocando olhares com Augusto.
Erick negou com a cabeça.
– Lhe acertaram um tiro na cabeça.
Um som de tiro ecoou nos ouvidos de Erick, e vagamente as lembranças lhe traziam novas cenas do passado. Jonas tentou matar sua irmã, e ele entrou na frente...
– Você entrou na frente de um tiro que era pra ter me atingido – prosseguiu a irmã. – Nos vimos cercados por selvagens, e tudo parecia perdido...
– Selvagens? – Erick questionou, Regina assentiu.
– Assim são chamados os infectados pelo vírus.
– Mas... como?
Regina suspirou, lembrando-se aos poucos da noite em que seu irmão havia sido baleado.
– Conseguimos escapar para o segundo andar, mas continuávamos cercados. Insisti para Sarah lhe operar, mas não havia instrumentos que pudessem auxiliá-la na cirurgia que iria tirar a bala da sua cabeça. Foi então que o grupo do Augusto apareceu... – Regina sorriu para o rapaz de cabelos pretos e óculos ao lado de Erick.
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Selvagens
AdventureUma tragédia repentina atinge a cidade de São Paulo, Brasil. Além da dura batalha contra os zumbis que surgem aos montes, Regina precisará encarar pessoas envolvidas em uma conspiração terrível. Envolva-se em um mundo sangrento, selvagem e sinistro...