Eram cerca das 11 da manhã. Estava um dia de sol ainda que a temperatura não o traduzisse. No entanto, aqui estava eu. No meu consultório verde e branco a ocupar as últimas horas do meu turno de hoje em vez de aproveitar o bonito dia lá fora. Sem dúvida que nunca me poderia queixar do meu horário. Era rara a vez que tinha de ficar até tarde.Os meus pensamentos ocupavam-se de coisas alheias ao meu trabalho. Havia algo que me incomodava e que não sabia como resolver. Francisco ainda não tinha dado sinais de vida desde a nossa última conversa. Conversa ou discussão? Sei lá. Essa parecia ser a única maneira que tinhamos de interagir, ultimamente. E para ser sincera, tinha medo que ele não aparecesse hoje para tentarmos resolver as coisas como lhe pedi.
Os meus pensamentos viram-se interrompidos pelo bater à porta do meu espaço. Provavelmente mais algum colega que queria algum conselho ou favor.- Posso? - Uma voz grossa rompeu no silêncio a que me tinha habituado. Sorri ligeiramente ao reconhecê-la. Finalmente.
Ao responder afirmamente, uma figura masculina transpôs a porta. Apesar de ter sido eu a criadora daquela ideia, não sabia o que fazer. Nem o que lhe dizer. O loiro deitou-se calmamente na zona de tratamento, ainda em silêncio.
- Bom dia, Francisco. -Aproximei-me lentamente do jovem. A expressão facial dele mantinha-se firme. Não sei o que ele pensaria de mim, neste momento. Ou se iria até começar ele a conversa.
Suspirei pesadamente quando já estávamos próximos o suficiente para uma conversa.
- Em primeiro lugar, desculpa-me por ter sido tão rude contigo por mensagens. - Murmurei num tom suficientemente alto para ele me ouvir perfeitamente. - Desculpa-me também por te ter dado a maior tampa do mundo e por ter saído com o Paulo e por...- Leo, não te preocupes. - O futebolista tranquilizou-me. - Eu percebo. A sério que percebo. Não precisas de dizer mais nada. Eu entendo a tua posição e o que se está a passar.
Por mais que gostasse de ouvir aquelas palavras, não as percebia. Vindas de alguém que, ainda por mais, me tinha dito tanta coisa quando discutimos. Apenas aceita o que ele te disse. Está tudo resolvido. No entanto, o meu inconsciente levava-me a fazer outras coisas.
- Mas eu não queria ter dito aquilo. E sinto-me na obrigação de me justificar.
Francisco apenas pressionou os lábios e bateu com a sua mão no tecido da acomodação onde se tinha deitado, para que eu me sentasse ao seu lado.
- Nunca tive muita confiança com rapazes, sabes? E em França até podia ter alguém interessado, não sei, mas a última relação não correu muito bem e pronto... - Hesitava em dizer o que realmente pensava. Sabia que poderia não ser muito bem encarado por ele e que quem levasse a tampa agora fosse eu. - Quando comecei a trabalhar aqui em Alcochete. Eu não sei. Acho que não tenho jeito para agir normalmente quando estou com rapazes bonitos.
A expressão facial do rapaz, com quem partilhava aquela espécie de cama, começou a mostrar-se mais sorridente. Não sabia o que achar mais naquele momento. Era algo tão novo para mim. Tão, de certa forma, 'intenso'.
- Estás indiretamente a dizer que me achas bonito? - O loiro questionou com um olhar tão perfurador que me chegava a intimidar. Sentia o meu rosto a ficar mais rosado e talvez por isso a mão do rapaz pousou sobre a minha perna. - Também te acho bonita.
Agora sim, a minha cara devia estar mais vermelha que um tomate. Sentia-me tão envergonhada. Não sabia bem explicar porquê.
- Diz alguma coisa, Leo. Acabei de te dizer que também te acho bonita. Ao menos agradece-me. - Francisco murmurou num tom reconfortante e com o sorriso único que tinha.
A confiança era aumentada pelo meu ego. Estava confortável naquele momento e queria remediar os meus erros. De um momento para o outro já não parecíamos os dois jovens que tinham discutido por razões tão patéticas para sermos duas pessoas normais a fazer sei lá o quê.
- Queres, sei lá, almoçar em algum lado e depois passar a tarde por aí? - Rompi o silêncio de tal maneira desconfortável que logo fui alvo de um olhar de surpresa. Parece que existia um fator surpresa em mim. O meu olhar prendeu-se no dele. O olhar castanho escuro que trazia tanto escondido.
- Só se aceitares jantar comigo também. - Houve um período de segundos não muito confortáveis. Apenas em que nós não desviávamos campo de visão um do outro. Vi o seu sorriso discreto de canto, um tanto provocador, de facto. Mas acho que a proximidade com que estávamos, após o futebolista levantar o seu tronco para permanecer sentado, provocava isso. - Em minha casa.
O pequeno pormenor que ele revelara por fim deixava-me um tanto animada, outro tanto inquieta. Queria muito aproveitar o tempo disponível da melhor maneira. Sem mais discussões nem medos. Sem mais passos atrás porque o que teria de ser, seria. Não podia mudar o destino, certo?
- Sim, Francisco. Eu aceito.
OLHEM QUEM VOLTOU!!!!! Desde já, um graaaaaaande desculpa por não ter estado presente nos últimos meses. Para compensar... Bem, para compensar acho que já perceberam o que aconteceu. Um bocadinho do 'talvez-futuro-casal' Leonor e Francisco? Digam-me o que acham dos dois, ou se a nossa menina devia ficar com outra pessoa. Muitos beijinhos!!!

VOCÊ ESTÁ LENDO
therapeutic love,, sporting cp
FanfictionOnde Leonor concorre a uma vaga de trabalho no país que a viu nascer mas vê o seu destino ser atravessado por um grupo de rapazes que vão certamente mudar a sua vida.