Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)

Six

Eu estava embasbacada. A rosa, que eu jurava ser de verdade, havia sumido. Olhei confusa para o garoto à minha frente e ele estava com uma expressão de puro divertimento, como se soubesse que eu ficaria assim.

Eu não estava entendendo mais nada.

- Como você fez isso?

- Esse, querida Luna, é o meu dom. - ele disse e, então, criou uma borboleta que, assim como a rosa, também sumiu. - Posso convencer a sua mente de que tudo isso é real, quando na verdade não passa de uma ilusão. A rosa, a borboleta...nenhuma delas existiam de verdade.

- Mas... eu poderia jurar que eram de verdade, eu... vi elas. - agora eu estava mais confusa ainda.

- Mas não eram. Eram apenas frutos da sua imaginação. Frutos dos quais eu plantei.

Nossa... isso era incrível.

- Como você faz isso?

- Eu não sei, eu só imagino o poder, e ele acontece. - ele disse enquanto sentava no chão perto da grade de proteção. Ele me olhou e puxou a minha mão para que eu sentasse do seu lado.

Ficamos olhando o lado de fora além da grade. Era uma floresta de pinheiros que parecia ir até onde os nossos olhos conseguiam ver, como se não tivesse fim. Eu não encontrava nenhuma outra construção ou algo do tipo. Parecia que estávamos em uma espécie de prisão, mas uma prisão confortável e segura. Percebi que a minha mão ainda estava segurando a de Isaac, produzindo um calor bom e calmante. Eu gostava daquela sensação. De alguma forma, aquilo fazia eu me sentir mais segura e protegida.

- Mas, e então? - ele perguntou parando de olhar para floresta e me encarando.

- Então, o que?

- O que você faz?

- Ah, sim. - eu disse voltando minha atenção para a floresta. Agora que ele havia mostrado o que fazia, meu dom parecia ser o de menos. - Não é nada demais, comparado ao seu poder. Deixa para lá.

- Não. - ele disse me fazendo olhar para ele de novo. - Luna, não importa o que você faça, nunca menospreze o seu talento. Eu tenho certeza de que ele é muito importante. Não o diminua.

Ele olhava bem fundo nos meus olhos, me fazendo ficar encantada (como em tantas outras vezes) pelos seus olhos verdes. E ele tinha razão, eu não podia tratar o meu poder, o que eu sou, daquele jeito. Eu deveria era agradecer por ser tão...especial.

- Tudo bem, desculpa. É que ele não é tão legal assim.

- Não importa... - ele disse e, do nada, começou a sorrir - Isso é algum tipo de vingança?

- Vingança pelo o que?

- Por eu ter te feito esperar o dia todo para mostrar o meu talento. Está querendo se vingar pela espera? Juro que não fiz por mal.

- O que? Não... eu só... aí, esquece. Se quer mesmo saber, eu posso mover coisas com a mente, e ler a mente dos humanos, mas esse último não seria muito útil aqui levando em consideração...

- Espera. - ele disse me interrompendo. - Você move coisas com o poder da mente e ler pensamentos...

- Apenas dos humanos. - eu disse interrompendo ele também.

- E estava tentando diminuir tudo isso? - ele disse me interrompendo de novo. Parecia uma competição de quem interrompia mais.

- Parecia ser algo sem importância. - eu disse dando de ombros.

- Luna, você não faz ideia do que certas pessoas fariam para poderem fazer o que você faz. O seu dom é algo muito impressionante.

- Hum... obrigada.

- Não tem de quê, mas... eu gostaria de uma representação desse seu dom.

- Mas não há nada aqui.

- Eu sei, mas... esquece, você tem razão. Pode me mostrar amanhã. - ele disse e voltou a olhar para a floresta. Parecia que estava ansioso para ver o que eu fazia. Olhei em volta e percebi que realmente não havia nada que eu pudesse mover. Voltei à olhar para Isaac e vi que ele estava concentrado na floresta.

Tive então uma ideia e comecei a pôr-la em prática. Foquei no cabelo de Isaac e comecei à puxa-lo para cima. Logo ele percebeu e olhou para seu próprio cabelo. Começou então a sorrir a medida que o cabelo ficava lentamente espetado para cima.

- Uau. Isso é muito maneiro.

Quando o cabelo dele já estava todo para cima, ele me olhou e fez uma careta. Eu não me aguentei e comecei a rir, tipo muito mesmo. Ele estava muito engraçado daquele jeito.

De pouco em pouco, o cabelo dele foi voltando ao normal.

- Isso foi incrível Luna, pena que durou pouco tempo.

- Você estava muito engraçado, tinha que ter visto. - eu disse ainda rindo, até que em certo ponto eu literalmente caí deitada no chão de tanto rir.

- Haha, que engraçado, estou morrendo de rir. - ele disse revirando os olhos, mas dava pra ver que estava se divertindo.

- Aí, desculpa. - eu disse voltando a me sentar. - É que... ah, deixa. Você estava engraçado.

- Eu sou engraçado, querida Luna. Sou um meme ambulante.

- Humrum, claro que é.

Ele então começou a dar ideias do que poderíamos fazer juntos. Causar uma guerra de comida na cantina, pregar peças em algumas pessoas, coisas desse tipo. Algumas eu concordei em tentar algum dia, outras eu achei pesadas ou arriscadas demais. Ficamos ali por mais algum tempo, até que ficou muito tarde e eu comecei a sentir sono.

- É melhor a gente ir. - eu disse. - Está tarde e eu estou cansada.

- Tudo bem, vamos. - ele se levantou e me ajudou a levantar.

Fizemos todo o percurso que havíamos feito horas antes e paramos em uma uma parte da escada que era dividida entre o corredor do meu quarto e outra escada que dava para os quartos dos meninos. Isaac parou na minha frente.

- Eu me diverti muito essa noite, querida Luna. A gente poderia ir até a cobertura outro dia né?

- Sim, claro. Também me diverti muito. Boa noite e até amanhã.

- Boa noite.

Ele continuou subindo a escada e eu segui o extenso corredor até o meu quarto. Quando cheguei, abri a porta devagar e, já dentro, a fechei da mesma maneira. Fui até a minha cama e me deitei, porém não consegui dormir. Fiquei ansiosa demais esperando o dia seguinte.