Nine

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O jogo havia começado. O meu grupo se separou pela floresta para que tivéssemos maiores chances de vencer. Descubri um tempo depois que as outras pessoas que também estavam no time se chamavam Anne, Jena, Michael e Jackson. O limite que podíamos usar da floresta era um pouco grande e, por ser nova ali e não conhecer muito bem o território, fiquei com um certo medo de me perder. Porém, não podia fazer com que meu grupo perdesse só por causa de um medinho bobo meu. Tínhamos que vencer.

Estava procurando um lugar para me esconder quando comecei a escutar passos. Olhei para trás e vi um dos caras do outro time. Ele estava procurando alguém para atirar e, se eu não me escondesse logo, eu seria esse alguém.

Vi uma grande árvore mais pra frente e corri para me esconder atrás dela. Acho que ele não chegou a me ver.

- Achei você, McCall. - ele disse dando um sorriso diabólico enquanto carregava a arma com as tintas. Parece que eu me enganei.

- Merda. - eu disse e comecei a me esquivar das tentativas dele de me acertar, enquanto também tentava atirar nele. Só que acabei me descuidando e a arma caiu longe de mim, me deixando desprotegida e caída no chão, enquanto ele se aproximava com um sorriso vitorioso.

Ah, mas eu vou quebrar todos os dentes desse idiota, quero só ver se ele vai voltar a sorrir algum dia.

- Parece que alguém vai perder o jogo, né McCall?! - ele disse apontando arma para mim.

É, parecia que eu iria ser pega com apenas cinco minutos de jogo. Que legal.

Porém, do nada e da forma mais misteriosa, Jackson apareceu e, antes que o outro cara atirasse em mim, ele atirou nele.

- Exatamente Lancaster, e esse alguém foi você. - ele disse, enquanto me ajudava a levantar. O outro cara soltou um palavrão e foi embora.

- Você está bem? Ele te machucou? - ele perguntou me entregando a minha arma.

- Não, ele só tentou atirar em mim. Obrigada por não deixar isso acontecer. Te devo uma.

- Tudo bem Luna, agora vai logo. Os outros estão por perto e... - ele foi interrompido pelo barulho que a tinta fez ao acertar o colete dele. Estavam atirando em nós.

- Vai Luna, corre! - ele gritou me empurrando para o outro lado da floresta, e logo comecei a correr.

Corri sem parar pelo que pareceu minutos. Só parei quando parei de escutar os passos das outras pessoas atrás de mim. Comecei então a andar calmamente. Até que se passaram alguns minutos. Dez minutos. Vinte minutos. Trinta minutos... O tempo foi passando e ninguém aparecia. Como estava cansada, me sentei em baixo de uma árvore e descansei um pouco. Passou um tempo e eu comecei a escutar passos novamente, porém esses eram calmos e não pareciam ter a menor pressa. Olhei para o lado e vi uma garota do outro time. Parecia cansada também. Ela tinha o cabelo castanho escuro cortado em estilo egípcio bem curto, e os olhos eram da mesma cor. Ela parecia que iria se sentar também, porém no momento em que me viu, ela paralisou e ficou na posição em que estava, que era uma posição esquisita, como se ela tivesse deixado algo cair no chão e estivesse se abaixando para pegar. Ficamos então nos encarando, não sabíamos direito o que fazer.

- Hehehe, que situação embaraçosa. - eu disse arriscando um sorriso.

Isso pareceu tirar ela do transe e logo ela estava tentando atirar em mim. Eu me esquivava e tentava atirar nela, mas ela era boa em se esquivar. Em compensação, sua mira era horrível. Fui para trás de uma árvore e me escondi para recarregar a arma.

- Volta aqui, sua otária! - ela gritou, pelo visto ela não tinha visto onde eu me escondi. - Anda, cria coragem nessa sua cara de vagabunda, sua vadia!

- Ei ei ei. - eu disse saindo de trás. - Por que está me xingando tanto?! Calma, é só um jogo!

- Acontece, querida, que eu não quero perder para uma ninguém que nem você. - ela disse e apontou a arma, porém no momento em que puxou o gatilho, percebeu que não havia mais munição. Ela havia usado tudo tentando me acertar.

- Pois parece que vai ser isso que vai acontecer, querida. - eu disse usando o mesmo tom de sarcasmo que ela havia usado e apontando para ela.

- Ai, quer saber, atira logo. Parece que desde que chegou, você consegue tudo que quer de qualquer jeito. - ela disse dando um suspiro e abaixando os ombros, como se estivesse desistindo.

- Mas o quê? Do que você está falando, garota?!

- Eu estou falando a verdade! Você... mal chegou e já foi conquistando a confiança de quase todo mundo... todo mundo parece gostar de você. Comigo eles não foram tão receptivos assim.

- Olha, isso que você está falando... não é que eu consiga a confiança de todos facilmente, eles só não vêem nada de mau em serem legais comigo.

- Você está dizendo que comigo é diferente?! - ela perguntou aumentando o tom de voz e gritando comigo.

- Não! Essa não foi minha intensão!... E para de gritar comigo!!!

- Olha só aqui sua vadia. - ela disse mais calma e se aproximou de mim. - Você acha mesmo que é tão especial assim?

- O que quer dizer com isso? - eu perguntei diminuindo o tom de voz também.

- Acha que eles gostam mesmo de você? - ela perguntou bem perto de mim. - Acha que ele gosta mesmo de você?

- De quem você está falando?

- Não se faça de burra, acha que eu não percebi você dando em cima do Isaac desde o dia que chegou aqui?!

- O quê?! Eu não dei em cima de ninguém! Não sou como você aparenta ser...

- Se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de falar comigo. Você não sabe do que eu sou capaz, e eu já vou logo te avisando, fica longe do Isaac, pro seu próprio bem. Ele já tem dona.

- Ele não é um objeto para ter dona, e eu não sou um cachorrinho para obedecer suas ordens, então toma vergonha nessa tua cara e me deixa em paz, perdedora.

-- Como assim, perdedora? - ela perguntou não entendendo.

- Exatamente como você ouviu. - eu disse e puxei o gatilho, atirando nela, que fez uma cara de surpresa. Ela havia se esquecido desse pequeno detalhe. - Perdedora.

Ela fez uma cara de raiva e por um momento eu achei que ela iria me bater, mas virou de costas e voltou para a barraca junto com os outros que foram atingidos. Dei um sorriso vitorioso, mesmo sabendo que ninguém estava vendo e voltei a andar.

Passou-se um tempo e eu já estava ficando com fome e sede. Percebi então que a cada dez minutos que passavam eu via a mesma árvore, ou a mesma pedra. E quando já estava de tarde foi que percebi que eu já havia saído do limite da floresta há muito tempo.

Eu estava perdida.

Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora