Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)

Twelve

Acordei com dificuldade e, depois de alguns segundos, percebi que não estava em minha cama, mas sim em uma maca de hospital. Pisquei os olhos para que eu pudesse me adaptar à claridade. As paredes do lugar aonde eu estava eram todas brancas com alguns detalhes em azul, e na minha frente havia um grande armário que, através do vidro que tinha em algumas das portas, pude ver que guardava vários remédios. Havia ainda três outras macas, porém essas estavam vazias, além uma grande janela à minha direita que ía do chão até o teto, de onde pude ver o jardim do campus. Me sentei e prendi meu cabelo em um coque desarrumado. Estava confusa e minha mente trabalhava de forma muito lenta. Não sabia o que estava acontecendo, ou o que havia acontecido. Me lembrava de estar perdida na floresta e de ter encontrado um lindo lago. Me lembrava também de que estava quase morrendo, e que, se não fosse pelo inspetor Posey, isso teria realmente acontecido. Esse pensamento me deu arrepios e foquei em me levantar da maca, porém no momento em que fiquei de pé, senti uma forte tontura e, se não fosse por uma mulher que entrou correndo na sala e me segurou, eu já teria caído de cara no chão.

- Ai meu Deus! Senhorita McCall, não deveria ter se levantado. Você ainda está muito fraca querida! - ela disse enquanto me deitava com cuidado na cama. Ela vestia um vestido todo branco e tinha uma touca de médico que prendia seu cabelo.

- Desculpe, é que eu estou um pouco confusa...o que aconteceu?! - eu perguntei enquanto ela ía até o armário e procurava algum remédio.

- Bem, resumindo, a senhorita se perdeu na floresta, e quando finalmente a encontraram, estava quase morta por desidratação, isso fora outros diagnósticos - ela disse enquanto vinha até mim trazendo um comprimido e um copo de água. - Tome, isso irá ajudar essa tontura.

Tomei o comprimido e olhei para a janela. Estava de dia, porém havia muitas nuvens cinzas no céu. Parecia que iria chover. Logo imagens do dia anterior vieram à tona e, aos poucos, a memória foi voltando. Foi tudo realmente traumatizante. Fiquei imaginando o que teria acontecido se o inspetor não tivesse me achado...

Fui tirada de meus pensamentos com altas vozes que vinham do lado de fora da enfermaria. Parecia uma manada de elefantes brigando entre si. A enfermeira então começou a sorrir e se aproximou de mim.

- Quase me esqueci, você tem visitas. Porém essas visitas só poderão entrar se pararem de fazer bagunça. - ela disse gritando a última frase, o que fez as pessoas do outro lado da porta ficarem em silêncio.

Ela foi até a porta e a abriu, revelando que a manada de elefantes eram, na verdade, a maioria das pessoas que estavam no jogo, o que incluía Isaac, Derick, Stefan, Jackson, Malu e outras cinco pessoas das quais não me lembro o nome, entre elas o cara que havia tentado me acertar de forma um pouco agressiva e que fora impedido por Jackson. Todos entraram na sala devagar e em silêncio sobre o olhar da enfermeira, até que ela foi até a porta, ainda os encarando, e saiu fechando a mesma atrás de si. Não se passou dois segundos e todos começaram a falar ao mesmo tempo e virem até mim, perguntando se eu estava bem, quando eu poderia sair, como foi ficar perdida por tanto tempo, perguntas que eu nem tive chance de responder pois eram todas feitas ao mesmo tempo, o que me fez rir. Porém, a que mais me surpreendeu foi Malu, que veio correndo em minha direção e, quando já estava bem próxima, se jogou em cima de mim e me deu um forte abraço. Ela estava com o rosto vermelho e os olhos fundos.

- Sua piranha, você não tem idéia do susto que deu em todo mundo, a gente achava que iria te perder sabia?! E você fica rindo?! Escuta bem aqui. - ela disse olhando bem fundo nos meus olhos, enquanto a minha barriga já começava à doer de tanto rir. - Se você morrer, eu te mato, ouviu?! Te ma-to! E para de rir, não é mais para você sair por aí sem saber para onde está indo, entendeu?! Eu estava quase morrendo do coração ontem a noite.

- Ah claro, até porque eu me perdi naquela floresta porque eu quis, óbvio. - eu disse enquanto voltava a me sentar na maca, com Malu sentada à minha direita e Isaac à minha esquerda.

- Não importa. - dessa vez foi ele quem falou. De todos ele era o que tinha o rosto mais sério. - Foi agonizante não saber aonde você estava, se estava bem, se iria voltar segura...

E foi só isso que ele disse. Depois de um tempo ele se sentou perto da janela e ficou olhando o jardim. Aquilo me deixou muito mal. Ele mal falou comigo e foi logo se distanciando, como se não se importasse com o fato de que eu podia ter morrido. Porém não deixei isso transparecer e, quando todos os que eu não tinha muita intimidade começaram a sair e só restaram Malu e Derick, fiz questão de o ignorar também.

Logo aquela mesma enfermeira voltou e disse que o horário de vistas havia acabado. Ela avisou que eu iria receber alta em breve mas que, enquanto isso, deveria descansar, pois eu ainda mostrava alguns sinais de exaustão. Derick e Malu logo trataram de se levantar e sair, porém notei algo enquanto eles iam até a porta: os dois usavam uma fitinha azul amarrada no pulso esquerdo, fitinhas essas que eu nunca havia visto antes neles. Malu teria que me explicar essa história direitinho quando eu saísse daqui.

Virei para o lado para poder dormir e me assustei ao ver que Isaac não havia saído. Ele ainda estava sentado perto da janela, dessa vez me encarando profundamente. A pouca luz que saía da janela se refletia em seus olhos, os fazendo parecer ainda mais claros. Ele se levantou e foi até a enfermeira. Ele falou algo em seu ouvido que a fez assentir e sair da sala. Isaac então veio e se sentou na maca que estava do meu lado, nunca largando o meu olhar. Ele então suspirou alto e sorriu, me fazendo ficar ainda mais confusa.

- Podemos enfim conversar a sós, querida Luna?