Ten

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Comecei a entrar em pânico. Não podia acreditar que havia sido tão tola assim. Eu devia ter prestado mais atenção para onde estava indo, ter sido mais cuidadosa. Mas o estrago já estava feito e eu tinha que seguir em frente, não podia ficar parada esperando algo acontecer, tinha que procurar o caminho de volta para a barraca.

Voltei a andar e só parei quando já estava muito cansada. Já não estava tão claro como antes, o sol estava se pondo e eu não sabia mais o que fazer. Me sentei em baixo de uma árvore e fechei os olhos. Estava com fome e muita sede, além de estar cansada demais por ter andado sem parar por horas. Comecei a ficar com medo. E se eu não achasse o caminho de volta? E se eu ficasse aqui por muito tempo? Eu não sabia se havia animais pela floresta ou alguém que fizesse a ronda e pudesse me encontrar. Eu não sabia de nada, e estava sozinha e com medo.

O tempo passou e eu voltei a caminhar. Dessa vez, gritava o nome das outras pessoas que estavam no jogo. Derick. Malu. Isaac. Gritei até a minha garganta começar a doer. A essa hora com certeza eles já haviam notado o meu sumiço e começado a me procurar. Depois de um tempo andando, encontrei um grande lago cristalino. Ele era lindo e tinha uma passarela de madeira em todas as suas extremidades. Me sentei nela e deixei os meus pés tocarem na água. Depois de tanto tempo só vendo árvores e pedras, era bom ver aquele milagre da natureza.

Como não havia nada para fazer, deixei minha mente viajar. Me peguei pensando em minha avó, em como ela estaria lá em casa sozinha, sem ninguém para ajuda-la ou fazer companhia. Assim como eu, minha avó não era muito sociável. Ela só tinha à mim e eu à ela, e sempre foi assim. Aí você me pergunta: Mas e os seus pais? Eu nunca cheguei a conhecê-los. Minha avó me disse que meu pai abandonou minha mãe quando soube que ela estava grávida. Segundo ele, ele era muito novo e tinha muito o que viver ainda. Como se eu só fosse o atrapalhar. Minha mãe cuidou de mim quando eu ainda era um feto sozinha e minha avó dizia que ela me amava muito, mas infelizmente ela morreu no parto. Então, desde que nasci, minha avó cuidou de mim, me dando sempre o melhor que conseguia, o que não era muito, mas de coração. Ela não era sobrenatural como eu, então ver uma versão menor de mim fazendo as coisas mexerem com a mente foi um susto para ela. Porém, ela procurou entender e compreender o novo mundo que se estendia à sua frente, e não deixou de me amar por eu ser diferente, isso só a fez me proteger ainda mais do mundo por eu ser, para ela, um milagre. Por saber que aquilo não era graças ao meu pai, ela procurou na árvore genealógica da mamãe, e acabou descobrindo algo surpreendente e que ela nunca sequer imaginou. Toda a família da minha mãe era sobrenatural. Minha tataravó conseguia controlar o clima, minha outra avó a falar com os animais, e desse jeito ía, cada parente com um dom mais estranho que o outro. Porém o que mais assustou ela foi a minha mãe. A mulher que havia sido sua nora por tanto tempo e que já esteve na sua frente tantas vezes era uma bruxa. Sim, uma bruxa, mas não uma bruxa maligna que servia o satanás e fazia feitiços, mas sim algo que eles chamavam de Solar Witch, uma bruxa guiada pela luz, que tinha uma magia branca e que servia para o bem.

Depois de finalmente entender o que estava acontecendo, minha avó dedicou todo o seu tempo para descobrir tudo sobre o mundo sobrenatural. Foi assim que ela descobriu a existência de Supernatural Beings High School, e que eu deveria ir pra cá. Eu realmente tinha muita sorte de ter ela em minha vida...ela era meu porto seguro, a pessoa que eu mais amava em toda a minha vida, e eu sentia muita, mas muita falta dela.

O tempo passou e fazia muito frio. Eu mal conseguia mexer o meu corpo de tanta fraqueza que já sentia. Já havia perdido a esperança de que me encontrassem e já espera o pior. Estava deitada em posição fetal perto do lago, por mais fraca que estivesse não conseguia desmaiar, e era isso que eu queria, pois pelo menos assim eu iria parar de sentir aquela dor que tomava conta de mim e poderia enfim me desligar do mundo.

Devem ter se passado umas duas horas, porque eu já estava semiconsciente e quase congelando, quando ouvi passos e alguém falando algo. Logo senti fortes braços me tirarem no chão e me levarem para longe de onde eu estava. Lutei para abrir os olhos e poder descobrir quem era o dono daqueles braços tão fortes e que havia me encontrado quase morta perto do lago. Meu subconsciente desejava que fosse Isaac o meu "herói", porém, quando eu finalmente consegui abrir minimamente meus olhos para ver quem era, percebi que não havia sido Isaac quem me encontrara perto do lago e estava me carregando para a barraca.

Era o...inspetor Posey?!



Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora