Eleven

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Isaac Argent narrando

Já estavam quase todos de volta na barra. Faltavam chegar apenas Luna, Paige e Michael. Eu estava sentado em uma pedra esperando eles chegarem para descobrirmos que time ganhou. Estava fazendo desenhos na terra com um graveto que havia achado perto dali. O tédio me dominava de uma forma esmagadora e eu só não tinha dormido ainda porque ali não era um lugar muito aconchegante, e também por causa do medo de que alguém me visse dormindo. Esses caras não deixariam escapar uma oportunidade de tirarem fotos e fazerem memes.

Malu, percebendo o estado em que eu me encontrava, se aproximou e se sentou perto de mim. Desde que nos conhecemos nunca havíamos ficado sozinhos e conversado, sempre estiveram conosco o Derick e a Luna, então eu não sabia muito bem o que falar para ela. Porém, eu não precisei pensar muito, pois logo ela começou uma interessante conversa comigo sobre uma série de livros que gostava e que, para sua surpresa, era a minha favorita: O Lar das Crianças Peculiares. Ficamos conversando sobre isso por um longo tempo, até eu perceber pela minha visão periférica que Derick nos encarava com um olhar penetrante e o rosto sério. À essa altura, apenas Michael havia voltado e, um tempo depois, Paige, o que fez o outro time comemorar pela vitória deles, e me dando uma chance de me afastar sorrateiramente de Malu. Eu sabia que meu amigo gostava dela, mesmo que não admitisse, e eu não queria problemas com ele, mesmo que obviamente eu não sentisse o mesmo por ela.

Logo a comemoração e animação do outro time foi se esgotando quando todos percebemos que já estava escurecendo, e que já era para Luna ter voltado. Começamos a ficar preocupados com ela, todos se perguntando se havia acontecido alguma coisa que a fez não conseguir voltar. Stefan, Jackson e Paul se dividiram para procurar por Luna pelos limites da floresta, porém voltaram meia hora depois alegando não terem a encontrado, o que nos fez achar que ela estava além dos limites da floresta, fazendo todos ficarem ainda mais preocupados. Bem, quase todos, pois Paige aparentava não estar nem aí para o paradeiro de Luna. Na verdade, ela parecia estar se divertindo com tudo aquilo, porém não dei muita atenção à ela. Essa garota sempre foi louca.

Logo começou-se uma discussão sobre o que deveríamos fazer. Um lado achava que o melhor seria chamar a diretora Cass para que ela encontrasse uma solução para o desaparecimento de Luna e se encarregasse disso, enquanto o outro lado alegava que chamar a diretora acabaria revelando a existência do jogo de paintball e que isso resultaria em um castigo para todos, e que o melhor seria que nós mesmos nos encarregassemos de tentar achar a Luna. Porém esse segundo lado era muito menor, pois muitos tinham medo de também se perderem. Então ficou decidido que, se Luna não voltasse em quinze minutos, nós iríamos contar a verdade para a diretora para que ela mandasse um grupo de ajuda para resgatar a Luna.

Voltei para a pedra que estava sentado antes e me sentei novamente, colocando os cotovelos nas pernas e a cabeça entre as mãos. Fechei os olhos e me permiti desligar um pouco do mundo ao meu redor. Estava cansado e preocupado demais. Quando chamei a Luna hoje de manhã para vir até aqui, não imaginava que iria acabar no que deu. Minha intenção era fazer com que ela se divertisse, que ela visse que, mesmo havendo milhares de regras e muita ordem em cima de nós, aqui poderia ser um lugar legal no qual ela pudesse ser feliz. Mas agora ela está perdida e provavelmente com medo, e eu não posso fazer nada. De certa forma eu me sentia culpado pelo o que aconteceu, eu devia saber que ela não saberia entrar na floresta sozinha. E eu juro, que se algo acontecesse à ela...

Sou tirado de meus pensamentos quando percebo que não só a diretora Cass havia chegado, mas também todo o conselho escolar. Logo ela acionou a segurança para fazer uma ronda pela floresta, e que não parassem até encontrar a Luna. Era uma correria sem fim, um tumulto sem tamanho. Alguns dos que estavam no jogo saíram antes que a diretora chegasse para que não levassem algum tipo de castigo, ficando só eu, Derick, Stefan, Jackson e Malu. A mesma se encontrava chorando nos braços de meu amigo, que por vez fazia leves carinhos no seu cabelo e tentava de todo jeito a acalmar. Parecia que, mesmo a conhecendo tão pouco, Malu já tinha uma conexão forte com a amiga e, assim como eu, estava perdida e irritada por não poder fazer nada.

Decidi que o melhor seria me juntar a eles e também tentar confortar a Malu, de todos os que estavam presentes ela com certeza era a que estava pior. Me levantei para ir até lá e, quando só estava a uns cinco metros dos dois, ouvi o inspetor Posey discutindo com um segurança que mais parecia um armário.

- Por favor, o senhor não entende! Me deixe ajudar vocês à encontrar a senhorita McCall, vocês já estão há quase uma hora procurando e não encontraram nada! Deixe-me ir até lá, eu conheço essa floresta melhor do que ninguém, garanto que posso ser útil...

Ele tentava inutilmente convencer o segurança que podia ajudar, porém o mesmo mal mexeu um músculo para atender o pedido do inspetor. Eu conhecia aquele segurança, era o Smith, ele já havia me ajudado a dar umas fugidinhas várias vezes em troca de alguns charutos que eu furtava da diretora Cass. Bom sujeito, Smith. Me devia cinco libras...

Apesar de eu não gostar nenhum pouquinho daquele inspetor, sabia que era verdade: ele conhecia aquela floresta melhor do que ninguém. Talvez, com a ajuda dele, pudéssemos encontrar a Luna. E foi nesse momento que me vi tendo uma briga dentro de mim mesmo, um lado lutando pelo orgulho de não ter que ajudar o inspetor e o outro querendo fazer tudo que estivesse ao meu alcance para encontrar Luna. Obviamente, o segundo lado ganhou, e logo eu já estava entre o Smith e o Posey.

- Ei, Smith, deixa ele entrar na floresta para ajudar a garota, ele pode ser bem útil. Vai, sou eu quem está pedindo - eu disse fazendo aquela cara que diz "Você sabe muito bem que está me devendo um favor".

Ele olhou para mim, entendendo o que eu queria dizer, e acabou deixando que o Posey entrasse no grupo de busca que havia se formado, saindo logo depois para conversar com o resto do conselho, enquanto o inspetor se virava para mim.

- Olha, eu não sei como você conseguiu o convencer assim tão fácil, mas obrigado - ele disse estendendo a mão para que eu apertasse, o que eu ignorei com sucesso.

- Não foi por quê eu te ajudei que de repente nós viramos amigos - eu disse me aproximando dele - Eu não me esqueci do que você já fez, e não é por quê você está de sendo útil que alguma coisa vai mudar. Eu ainda te odeio.

- Eu sei, eu sei... só queria que soubesse que eu me arrependo muito de tudo aquilo, e que se eu pudesse voltar no tempo para mudar alguma coisa daquele verão...

- Mas não pode! - eu disse o interrompendo - Mas sabe o que você pode fazer?! Entrar naquela maldita floresta para encontrar a Luna, vamos ver se pelo menos para isso você serve - disse me afastando para juntar ao pessoal.

Logo o Posey entrou na floresta com os outros e o clima ficou tenso. Passaram-se mais algumas horas e nada havia acontecido. Muitos alunos voltaram para os seus quartos por já ser de madrugada e estarem cansados. Eu, Malu e o Derick já estávamos indo fazer o mesmo quando o grupo de busca finalmente voltou, dessa vez com Posey trazendo Luna em seus braços. Ela estava inconsciente, pálida e havia alguns sinais de exaustão em seu corpo, porém apenas o fato de que estava viva tranquilizou todos nós. Logo ela foi encaminhada para a enfermaria da escola. Quisemos entrar, porém não deixaram e disseram que o melhor para todos era descansar depois de um tumulto desses. Sem ter muito o que fazer, voltamos para os nossos respectivos quartos, esperando pelo dia seguinte para podermos saber como Luna estava.

Só espero que você fique bem logo, querida Luna.

Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora