Eight

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Quando eu e Malu terminamos de nos arrumar, fomos para o refeitório tomar café da manhã com os meninos. Ao acabarmos, saímos de lá e fomos para a parte de fora do campos. Isaac havia me dito que o jogo de paintball seria em uma parte da floresta não muito longe da escola, e que havia sido ideia dos próprios alunos. Tirando o professor Stilinski, ninguém mais do conselho sabia sobre o jogo. Descubri então o porquê dos alunos gostarem tanto desse professor: era com ele que eles contavam para fazerem escondidos coisas como essas, pois ele nunca entregava ninguém. E, às vezes, até ajudava, desde que não fossem coisas muito banais.

Já do lado de fora, percebi que as portas que haviam servido de teletransporte para os alunos novatos não estavam mais ali. Pelo visto não viria mais ninguém. Porém, isso me fez pensar numa coisa. Se estudar naquela escola era algo obrigatório para todos os seres sobrenaturais maiores de idade, e todo dia alguém completa dezoito anos em todo o mundo, não deveria ter alunos novos todos os dias?

Essa dúvida ficou martelando na minha cabeça. Tentei achar alguma solução, ou alguma lógica, mas só consegui me enrolar mais. Então, não contendo mais a curiosidade, perguntei para Isaac como funcionava o sistema de matrícula daqui, e lhe contei a minha observação sobre a maioridade em todo o mundo.

- Bom, isso é algo realmente difícil de se explicar. - ele disse fazendo uma cara de concentração, que pessoalmente eu achei bem fofa. - Acontece que estamos em uma fenda temporal com exatamente um ano, o um ano necessário para que você termine cada série daqui. Esse um ano também vive se repetindo toda vez que alguém entra ou sai da fenda. E, assim como você disse, milhares de pessoas fazem dezoito anos todos os dias, mas acontece que há um limite de quantas pessoas podem atravessar os portais por ano, e esse limite é até 100, dos quais 50 é pro novo primeiro ano e outros 50 para o terceiro ano ir embora. Quando esse limite é atingido, o resto das pessoas que viriam para cá, passam a vim apenas um ano depois, quando a fenda se reiniciar e os portais se abrirem novamente, ou podem demorar ainda mais tempo para chegar, dependendo da quantidade de novos alunos na lista de espera, mas eles não percebem isso. Para eles se passou apenas alguns segundos e não um ano ou mais, como aconteceu com você. Isso acontece porque esse um ano só se é sentido aqui, na fenda temporal. No resto do mundo, nada acontece.

- Mas... eu ainda não estou entendendo. Por que esse um ano só se passa aqui?

- Para que dê tempo dos alunos do último ano terminarem o colegial e irem embora, e os do primeiro passarem e irem pro segundo, abrindo assim as vagas para os que estão na lista de espera.

- Mas... tipo, vamos supor que alguém de 1980 atravessou o portal para vim para cá, mas essa pessoa ficou nessa tal lista de espera por vinte anos até enfim poder entrar aqui, e só sentiu uma diferença de alguns minutos. Isso quer dizer que ela...

- Viajou no tempo. - ele completou dando um meio sorriso. - Viagens no tempo também existem, querida Luna. E por aqui isso acontece todo ano...

- Ok, estou começando a entender. Só tenho uma dúvida.

- Que seria...?

- E se eu também tiver ficado em uma dessas listas de espera? Quer dizer que eu estou no... futuro?

- Bem, pode ser que você tenha sim esperado um tempo para poder entrar aqui, isso é um fato. Mas sobre você está no futuro...bem, isso não é possível.

- Por quê?

- Porque nós não estamos em nenhuma época específica em todo o mundo. A fenda tem um ano que vive se repetindo, como eu disse antes. Um ano novo nunca começa nem acaba. É como se no final do dia 31 de dezembro, tudo voltasse e, ao invés de começar o ano seguinte, voltasse a ser 01 de janeiro do mesmo ano, e assim é desde o dia em que essa fenda foi criada. Então, resumindo, aqui nunca ouve um passado, nem terá um futuro. Nós vivemos sempre o presente.

- Nossa... acho que entendi... só acho. - ele começa a rir da minha confusão.

- Você não precisa entender agora. A professora Meyer vai dá uma aula sobre isso semana que vem. Garanto que ela vai explicar melhor do que eu.

- Tudo bem.

Continuamos andando até chegarmos na parte da floresta que seria o jogo. Ao entramos lá, vi que havia uma barraca com algumas armas de tinta e uns coletes para não ficarmos muito sujos. Tinha umas 10 pessoas que também iriam jogar que estavam espalhadas pela floresta. Uma delas, um cara moreno que usava um chapéu trilby cinza, se aproximou de nós sorrindo.

- E aí, caras? Tudo beleza? - ele perguntou cumprimentando os meninos com uma batida que eles haviam inventado.

- Por enquanto sim, até agora não teve aula. - disse Derick, fazendo os três rapazes rirem. Depois de um tempo, o tal amigo deles pareceu notar a minha presença e a da Malu.

- Hum, será que eu morri e fui pro céu? Porque eu estou vendo dois lindos anjos na minha frente. - ele disse se aproximando de nós duas.

- Sai fora que elas não são pro teu bico, Portman. - Isaac disse ficando na frente de nós duas.

- Calma Argent, eu estou só brincando, nunca mexeria com o que é de vocês.

- Elas não são nossas, para de falar merda. - Derick disse bem rápido, parecia nervoso. - Quer saber, eu vou lá falar com o resto do povo, tchau.

- Ok então, seu esquentadinho. - o tal Portman gritou para Derick que já estava um pouco longe conversando com as outras pessoas, que pareceu ignorar, o que fez o garoto de chapéu rir. - Bem, desculpa meninas, eu estava realmente apenas brincando. Meu nome é Stephan, eu sou o que está no comando nessa bagaça toda aqui.

- Olá então, Stephan. Eu me chamo Malu e essa é a minha amiga Luna. - ela disse apontando para mim.

- Beleza então, Malu e Luna. O jogo já vai começar, podem ir se preparando. - ele disse se afastando.

Malu logo saiu de onde estava e foi se enturmando. Ao contrário de mim, ela não era muito tímida e gostava de fazer novas amizades, e isso era uma das qualidades que eu mais gostava nela.

Me preparei para sair do meu lugar e fazer o mesmo. Só que eu não havia reparado em uma raíz que estava no meu caminho e quase acabei de cara no chão. Digo quase porque Isaac me segurou antes que eu caísse.

- Uow, toma cuidado, querida Luna. - ele disse dando aquele sorriso que eu estava começa a gostar.

- Desculpa. Vou tomar mais cuidado... a partir de agora.

Ele riu e foi se juntar aos outros e, em questão de alguns minutos, Stephan separou os grupos para jogar, ficando sete pessoas em cada equipe. No meu grupo estavam a Malu, o Stephan, duas garotas e dois garotos. Ele já havia dito às regras e todos já estavam preparados.

Que os jogos comecem então.

Moon Witch (NÃO CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora