Capítulo 1 - Baile

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SOB A FORTE LUZ DOS REFLETORES, Juliet Genevieve Brandan desceu vagarosamente a escadaria principal, que dava acesso ao salão oval do baile, sobe os saltos agulhas altos e desconfortáveis, sorrindo abertamente, enquanto sua mão esquerda deslizava suavemente sobre o apoio da escada.

Era uma mulher alta de quadris largos e cintura fina, para alegria de Alice Cléber, sua estilista pessoal. Sua pele um tanto pálida demais, em sua opinião, combinava perfeitamente com o tom amendoado de seus longos e rebeldes cabelos. Não tinha puxado o cabelo da mãe, infelizmente, a quem tinha tido os cabelos negros e lisos sempre perfeitamente alinhados. Os seus tinham sido herança de sua bisavó materna, a sinistra Rainha Belisa, a quem também tinha herdado os olhos em uma singular mistura de âmbar verde, além é claro, do gênio.

Todos os olhos do salão acompanhavam cada passo seu, fazendo-se um frio e formal silêncio pelo salão do Baile Azul. Não era para menos. Juliet era a herdeira do trono de Abele. Todos a olhavam com temor, e uma discreta desconfiança, de como seria o seu reinado como monarca. Claro que o fato de seu pai, o homem rodeado de nobres no centro do salão, ser o rei Thiago Brandan Gilbert III não lhe ajudava em nada. Só piorava toda a situação.

Quando finalmente tocou o chão do salão abaixo, foi recepcionada, por diversos membros da nobreza que ali estavam na entrada. Ouviu diversos comprimentos "alteza" em rostos levemente familiares e sorriu, cumprimentando da forma como fora ensinada a fazer desde muito pequena.

Sua mãe teria orgulho de Juliet quando esta apertou impassível a mão do Visconde Francisco, aquele nobre miserável, envolvido em escândalos sexuais, sem nem crispar os lábios.

Minutos depois que finalmente tinha descido, a música voltou a tocar no salão, e as pessoas livres de sua obrigação em oferecer cumprimento à princesa abelesa, começaram a se dispersar, fazendo com que o caminho de Juliet fosse infinitamente mais fácil.

— Alteza, — começou duque George, o rapaz robusto do sul. Tinha olhos verdes e rosto redondo. — Está linda como sempre. Reserve-me uma dança, vossa alteza?

Juliet abriu os lábios em um fino sorriso quando ele tomou sua mão, e depositou um breve beijo nela. George sempre lhe dedicou seu coração, mas era realmente uma pena Juliet ter que desprezá-lo.

— Claro que sim, duque. Sempre tão gentil. — Contou dois segundos antes que retirasse sua mão das mãos pegajosas dele. — Se me permitir, devo ir falar com o meu pai.

— O rei. — Disse ele de repente, lançando olhares para todos os lados, preocupado.

— Sim, o rei. — Juliet sorriu. Coitado. — Vossa Excelência, não vai querer ser o causador do meu atraso.

O duque mostrou as mãos saindo do seu caminho com um sorriso nervoso no rosto redondo.

— Certamente não, vossa alteza.

Juliet pensou em continuar o caminho pela qual planejava fazer até chegar ao rei, mas estacou feito uma estátua de repente. Sua visão foi completamente preenchida pelo casal a alguns metros a sua frente, inteiramente alheios do seu olhar acusador dirigido a eles.

Caio era alto e magro, de cabelos raspados e pele lisa como um bebê. Mesmo aquela distância, Juliet sabia que seus olhos eram azuis, com leves tons de violeta.

Ele estava vestido de negro, como todas as dezenas de homens do salão, mas o seu terno tinha certo brilho cintilante no tecido, que muito provavelmente tinha vindo de Norta, mas precisamente de Florentino, aquele estilista irritante. Lembrava-se vagamente de uma ou duas menções do nome dele sempre que Caio precisava de algo especial, para algum evento mais requintado.

O designo de JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora