O designo de Juliet

CAPÍTULO 12 - Noivo

JULIET ESTAVA IRADA. Suas unhas pintadas a perfeição, começaram a bater freneticamente no braço do estofado de assento do carro, enquanto a visão lá fora embarcava em velocidade. Não demorou muito, porém, mesmo de manhã quando tinha caminhado o trajeto levou apenas vinte minutos, o que caiu drasticamente para sete ou menos o percurso feito de carro.

Quando saiu do carro sem esperar pelo gentil motorista, parou e alisou a roupa. Deu um jeito no cabelo e suspirou pesadamente para controlar-se.

Andou com aparente calma pelas escadas que levavam a porta principal. Atravessou a antessala e foi direto para a saleta de estar.

Sentados confortavelmente, em um dos jogos de sofá da saleta, Juliet viu quatro homens distintos em uma conversa acalorada com o príncipe regente de Althea, mais conhecido como Liam Augusto Marshall III.

Aborreceu-se com o cheiro de charuto fino, permeando a sala que sua mãe costumava se reunir com as mulheres da igreja.

Constatando que era Liam que fumava, não reclamou. Esfregou o nariz com as costas da mão, como se querendo apagar a fragrância dos sentidos.

- Senhores - seu olhar percorreu a todos, mas quando chegou à vez de Liam se apertaram em frechas na direção do charuto. Percebendo sua aversão ao fumo, Liam deixou o charuto suavemente no cinzeiro, o que não aplacou em nada a raiva dela - Poderiam me dar um minuto a sós com o príncipe?

Os homens se reuniram feito formigas e num passe de mágica estava sozinha com o homem cuja vida corria perigo se pegasse o charuto para fumar mais uma vez.

- Em meu país, você não é ninguém além de um convidado do rei - atacou ela sem delongas. Seu sangue corria em velocidade num corpo que tinha acabado todo lamento. - Ordena que seus homens me sigam feito cães de guarda, sem me comunicar, violando minha privacidade. Escolta-me para o meu próprio Palácio, como se tivesse dez anos de idade e estivesse de castigo... Quem você pensa que é?

- Eu penso que sou seu noivo. - Quando voltou a fitá-la, uma das suas sobrancelhas erguida desapareceu sob o emaranhado de cabelos que lhe caía na testa. - Obviamente você ainda não entendeu que é a minha noiva.

- O quê? Como posso esquecer? - Rosnou. - Faz questão de lembrar-me a cada minuto que respiro.

- Não se preocupe, terá tempo suficiente para se acostumar. - Liam teria colocado qualquer um em seu lugar, mas Juliet era... Bem, Juliet era Juliet. O ar do charuto havia suavizado o seu humor, por isso a encontrou linda irritada. Liam sorriu para ela. - O casamento deverá acontecer em no máximo dois meses. Até lá, nos conheceremos melhor.

- Se acontecerá em dois meses, por qual razão tenho que partir com você amanhã? - Reagiu ela, num tom frio, sem se dar conta que tremia. - Por quê?

- Tenho que voltar para Muíça, Juliet - explicou ele calmamente. - Como príncipe regente, eu governo o meu país. Não posso me dar o luxo de permanecer fora por muito tempo, principalmente em um momento tão delicado quanto agora. Alguns imprevistos surgiram em Althea, não tenho conhecimento total sobre o que realmente está acontecendo, mas temo que seja mais grave que imagino.

Por alguns instantes, Juliet sentiu-se completamente perdida. Jamais imaginara que ele explicaria calmamente o que se passava com o seu reino para ela.

Enquanto continuavam se fitando em silêncio, algo acontecia entre os dois, mas ela não sabia como resistir, nem como encorajar aquilo. Era algo tão elementar quanto um homem e uma mulher e tão complexo quanto emoções.

Os olhos de Liam continuaram sustentando os seus, enquanto ele se aproximava tão perto dela que ele ergueu o braço e brincou com as pontas dos cabelos dela.