Capítulo 8 Conselho

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MARIA SOLAR ESTAVA AFLITA, com um braço aberto no corredor e outro com a agenda de Juliet firmemente apertada ao peito. Tentava impedir a passagem de Caio com o próprio corpo.

- Preciso vê-la, Maria. Por favor - implorou ele, com o semblante angustiado.

- Tenho ordens. - Ela disse por fim, com a voz perdendo a firmeza. A verdade é que tinha muita pena dele. - Mesmo que pudesse vê-la, ela se encontra indisposta no momento. A princesa está dormindo.

- Então só me deixe vê-la. Será rápido. Prometo-lhe isto.

Maria abanou a cabeça pesarosamente. Caio cruzou os braços, irritado. Ninguém queria lhe dizer o que havia acontecido. Quando questionou alguns conhecidos do Palácio, todos só sabiam dizer que eram informações confidenciais.

Seu tom saiu irritado quando disse:

- Ordens de quem, eu posso saber?

- Do rei - respondeu Liam, com a voz cortante, saindo de uma das portas do corredor. Liam encarou-o por um momento, estudando sua expressão carrancuda e fechou a porta atrás de si. - Pode ir, Maria. Eu resolvo daqui.

Maria suspirou e fechou o outro braço na agenda. Reverenciou-o e partiu lançando a Caio um olhar fulminante.

- Venha, vamos ter uma conversa em um lugar mais privado - disse o príncipe muíço após a saída da secretária.

Liam passou por ele com as mãos nos bolsos, indicando-lhe a direção da escada. Caio o seguiu. Seus olhos demoravam-se na porta de Juliet, como se pudesse trazê-la para fora por um esforço de vontade. Por fim, ao chegar à biblioteca, suspirou.

- Ela está bem?

Liam acendeu um charuto com um elegante isqueiro de ouro. Ainda sorrindo, prendeu-o entre os dentes. Caio viu a mão dele enfiando no bolso de modo casual para guardar o isqueiro de volta.

- Está - disse-o calmamente. - Apesar disso, se encontra sonolenta, pois foi drogada por uma espécie de lança-perfume, à base de cloreto de etila.

- Não entendo. - Caio encarou-o incrédulo. - Juliet é muito amada pelo povo. Por que fariam algo assim? Logo com ela? Se fosse o rei, eu entenderia de bom grado.

Liam deu de ombros, tragando o charuto. O sequestro tinha fortes indícios de ter sido orquestrado por ilandeses radicais e leais a rainha de Nova Ilander, mas não lhe forneceu nenhuma informação. Quanto mais o ex-noivo de Juliet estivesse afastado, melhor seria para seus planos.

Caio revoltou-se com o seu silêncio, quando era claro que o príncipe sabia.

- Vossa alteza não quer me contar. Posso ao menos saber por quê? - Questionou cuidadosamente.

- Essas informações são confidenciais.

Caio rugiu, irado com a falta de informações.

- Desculpe-me a minha insistência alteza, mas é que nós já fomos noivos. Tenho o direito de saber, entende? Prometo-lhe não falar com a impressa, nem nada assim. Sei que a Muíça tem negócios a que tratar com Abele.

Liam apagou o charuto no cinzeiro e entrecruzou os dedos. Só os olhos se moviam enquanto escutava. O príncipe muíço permanecia de pé, sua silhueta recortada pela luz da lua, que se infiltrava através das grandes janelas da Biblioteca. Sua expressão era muito tranquila, mas ainda assim, Caio teve a sensação que a menor ameaça sua, seria capaz de lançar-se sobre ele e brigar como homens de rua.

- Você não possui nenhum direito aqui, rapaz. - Liam resmungou. - Veja bem, estou tentando cordialmente fazê-lo entender, mas serei franco. Juliet é de meu interesse.

Caio sopesou cuidadosamente as palavras dele.

- Devo presumir, que o rei a vendeu para você então.

- Cuidado com suas palavras - disse Liam em voz acida. - Em meu país, você já estaria preso.

Caio observou-o inquieto. Não era seu costume dar grande atenção a fofocas da mídia, mas as coisas que se diziam do príncipe muíço eram que ele era linha dura, como o rei muíço.

- Isso é abuso de poder, é contra as leis da Pangéia.

- Eu sou a lei, rapaz - esclareceu Liam, aborrecendo-se.

- Vossa alteza tem uma ligeira tendência a simplificar demais as coisas, não acha?

- Só com aquilo que me esgota a paciência - voltou a dizer, numa voz que cortou a conversa como uma espada corta sebo. - Bem, já gastei muito do meu tempo com você. Pode se retirar.

Caio avaliou o príncipe muíço longa e cuidadosamente com os olhos, sabendo que não poderia lutar por Juliet contra ele. Liam o deixou chegar quase até a porta antes de voltar a falar.

- Posso te dar um conselho? Se afaste dela.

Sem pronunciar nenhuma palavra, abriu a porta e foi-se. Com esse gesto, Caio pensou, havia encerrado o assunto, mas a verdade é que procuraria alguém para lhe dizer em quê Juliet estava metida.

. . .

Liam, o príncipe muíço

Caio, o zé ninguém + lindo rs

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O designo de JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora