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- Vocês são chatos pra caralho!

Essa foi minha última frase antes de sair de casa naquela noite. Meus pais não calavam a boca, diziam que eu tinha que melhorar as minhas notas, deixar o violão e o balé de lado e parar de sair para as festas. Diziam e juravam de pés juntos de que eu havia bebido na festa que tinha ido naquela noite, mas eu nem sequer encostei minha boca em uma gota de álcool.

- Volte aqui, Millie!

Eu conseguia escutar os gritos estridentes da minha madrasta. Ela era uma megera, traia meu pai toda semana e ainda tentava me dar lição de namoro. Quando ela saiu no quintal da nossa casa, eu comecei a andar encarando o rosto dela, dei um sorriso sacana antes de levantar o dedo do meio para ela.

- Vai se foder, sua megera! - eu gritei com gosto, minha língua até salivava pelas próximas palavras. - você disse que eu bebi na festa, agora eu vou voltar para aquela porcaria e vou encher a cara!

Minha madrasta, Kelly, virou o rosto para o meu pai e gritou.

- Que menina atrevida, Ted.

Meu pai tinha me dado trezentos dólares como presente de aniversário de dezesseis anos. Eu faria bom uso deles. Eu dei um sorriso sínico para os dois.

- Tchau, papai. Tchau, mamãe.

Eu me virei continue andando, com os ombros erguidos e uma postura poderosa. Quando tirei os olhos deles de mim eu cedi. Mas eu ainda tinha um sorriso no rosto, eu nunca havia enfrentado meus pais daquele jeito, era estranho se sentir tão poderosa por mandar seu pai calar a boca, mas me subia uma coragem que eu não achei que tivesse, e eu gostava dessa coragem.

- Deuses, eu estou morrendo de frio.

Era uma constatação óbvia demais. Faziam -2 graus nas ruas de Dalas e eu estava sem casaco. Eu só corri de casa, como uma doida, não devia ter feito isso, como vou voltar para casa agora?

Quem liga? Eu vivo em Dalas, eu vou conseguir sobreviver. E para sobreviver eu tinha que chegar até a casa da Mary, minha amiga do colegial, talvez minha melhor amiga. Eu não era uma boa influência pra ninguém, mas para a Mary eu me tornava a melhor. Mary era muito largada, odiava a escola e o mundo, tinha uma caminhonete antiga - que o pai dela havia dado de presente de Natal - e tinha uma carteirinha de baladeira de plantão. Os pais da Mary não se importam tanto com ela, ela pode ir para onde quiser e quando quiser. Eu gostaria de ter essa liberdade.
E apesar de não poder cruzar o país em uma caminhonete velha, eu podia fazer minhas músicas e dança-las. Eu aprendi a tocar piano quando tinha oito anos, meu pai estava bêbado em cima do sofá, logo depois do falecimento da minha mãe, e eu me sentei no piano branco da minha casa - minha mãe amava tocar ele - e pedi ajuda para o meu tio Larry. Meu tio me ajudava todo fim de semana, e em cerca de seis meses eu já sabia tocar piano. Foi o mesmo processo para o violão e o violoncelo. Meu pai gosta que eu possa tocar a música favorita da mamãe de noite - ou gostava.

E eu só consegui me sentir tão aconchegada quanto no abraço do meu pai, quando eu entrei na casa aquecida de Mary.

- Você deveria ter pelo menos um casaco. - Mary mascava um chiclete, e só de sentir seus braços quentinhos em volta de mim eu relaxei. - você quer me contar o que aconteceu?

- Aquela megera disse para o meu pai que eu não parava de beber e tirar notas baixas, apesar de minhas notas serem razoavelmente boas. - eu falei me sentando e passando as mãos pelos meus braços. - e eu perdi a cabeça e saí de casa. Mandei a megera se foder e disse que iria encher a cara.

- Uau! Rebelde você. - Mary me deu um casaco e uma caneca com café. - Você queria ficar aqui?

Foi então que comecei a reparar na roupa dela, ela estava arrumada demais para uma quarta em casa.

- Porque se sim, espero que tenha trazido uma roupa de sair nessa sua mochila. Porque nós temos uma festa para ir.

Eu olhei pra ela com a minha melhor cara de interrogação.

- Eu estou tendo uma crise familiar e você quer que eu vá para uma festa?!

- Que eu saiba essa crise começou com você em uma festa, por que não acabar com ela em uma? - ela pegou a minha mochila e começou a procurar uma roupa de sair. - E não foi você que disse que iria encher a cara hoje? Que lugar é melhor para isso do que uma festa de colegial?

- Tudo bem, mas você não vai achar nada nessa mochila, eu só trouxe roupas de ir para um mercado e a câmera, obviamente. - eu soltei os cabelos e peguei a bolsa de novo. - preciso que me empreste uma roupa e que arrume meu cabelo.

- Só tem mais um problema, Mills. - Mary juntou as mãos. - A festa é em Nova York.

- Mary, você está maluca?! Nós moramos no Texas, Mary! - ela não parecia inclinada a desistir. - Você quer sair do Texas até Nova York, por uma festa?!

- Mas a festa vai ser o máximo, só vai ser sábado de noite! - Mary me olhou como um cachorrinho. - nós temos tempo de sobra para ir para a festa. Além de que como vamos viajar agora, podemos parar em alguma festa que esteja acontecendo.

- Penetras?!

- A Maddie e a Carly disseram que têm festas por todo o estado, não faria mal irmos em uma.

E eu realmente estou ponderando a viagem. Eu briguei com meus pais, quero encher a cara e ainda posso me livrar da preocupação por alguns dias. Eu apenas concordei com a cabeça e nós subimos até o quarto dela. Ela começou a jogar várias roupas dentro de uma bolsa.
Vi ela colocar um vestido vermelho dentro da bolsa, eu já tinha visto ela usar aquele vestido, ele era lindo, era colado no corpo bem desenhado da minha amiga, decotado e de mangas longas. Ela usava aquele vestido quando queria ficar com algum menino. Ela me pegou encarando o vestido e esclareceu:

- Eu estou levando esse vestido para você!

E eu só sorri, minha mãe me mataria se soubesse que eu fugi de casa para ir em uma festa em Nova York, mas eu acho que ela até me daria cem dólares para me ajudar a "curtir a minha vida". Ela sempre tivera essas filosofias de vida mais tranquilas, acreditava que nós deveríamos ter um momento de adrenalina extrema na vida e acho que nada poderia me deixar com mais adrenalina do que fugir de casa e sair do estado para me embebedar.

- Vamos, logo! - eu falei batendo o pé no chão. - eu tenho que passar no banco e tirar um dinheiro. Quanto você tem aí?

- Eu tenho cem dólares.

- Eu tenho trezentos. - eu falei e Mary ficou boquiaberta. - você vai me pagar depois,
sua ordinária!

- Tudo bem, amor da minha vida, vamos lá.

Nós descemos as escadas e Mary apenas deixou um bilhete em cima da mesa de jantar avisando que iria viajar. Ela me olhou de lado e nós entramos na caminhonete.

- Lá vamos nós, Nova York!

Eu coloquei a cabeça para fora do carro quando ele começou a se movimentar.

- Vai se foder, sua vadia ordinária! - eu gritei levantando os dedos do meio para a direção da minha casa e a única coisa que sinto neste momento é liberdade.

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Eu amo ocês d+ e amo essa fic também. Tenho toda ela planejada e espero que gostem dela. Ela é maravilhosa - na minha humilde opinião.

vai ter palavrão, sim e eu não dou a mínima.

O número de palavras de cada capítulo vai diminuir enquanto a frequência de atualização vai aumentar. Os capítulos vão ser sempre mais curtinhos, com exceção de um ou outro.

(Ps: Eu terminei de escrever esse capítulo mas não tenho a sinopse, a capa, nem o título.)

Galera, perdoa minha lerdeza e não desiste de mim.

Com amor, Mary.

Party girl. | Fillie Onde histórias criam vida. Descubra agora