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Eu havia sumido do mapa por algumas semanas, na casa do lago de Mary não havia um pontinho de sinal de operadora sequer e eu estava muito bem com isso. Enviava e-mails e tentava não me irritar com meu estilista. Já havia dito ao meu agente que não iria desfilar pelos próximos meses, talvez anos.

Meu pai estava muito bem recebendo meu e-mail semanal e sorria toda vez que tentava me ligar pelo Skype, ele estava em Milão com minha madrasta, Eva. Depois de ter largado a transtornada ele não parou mais, encaixava uma viajem todo ano e às vezes meses consecutivos. Acho que ele queria curtir a vida. Não sem antes passarmos horas no cemitério chorando pela minha mãe e sorrindo com o coração leve por desabafar tudo que tínhamos guardado.

Meu pai amava minha mãe afinal. E a odiava. Ela havia deixado ele coisa que prometera não fazer, mas acho que ele simplesmente teve um momento de epifania enquanto saíamos do cemitério já que quando chegamos no carro ele estava leve. E depois de todos esses anos ele continuava feliz, um pouco velho e ativo demais mas essa é a melhor parte da vida.

Sadia sofrera um acidente de carro no começo daquele mês. Estava com o namorado no carro e acabaram batendo contra um caminhão de carga leve, transportava nada já que pegaria a carga na cidade vizinha.

E eu rezei e agradeci a Deus quando descobri que ela estava bem, respirando com aparelhos, só para auxílio, mas ainda viva. Eu tinha mais alguns minutos de voo até pousar em Nova York por isso tive de me conter para não roer todas as minhas unhas.

A senhora me cutucou quando me viu segurando meu próprio pulso e sussurrando que era errado.

— Pousamos, mocinha. — ela me olhou esquisito e pegou a própria bolsa.

Eu levantei num pulo, quase caindo dos saltos. Eu ainda era uma modelo, tinha de me concentrar em não cair para chegar até meu destino, como nas passarelas, mas nesse caso meu destino era Sadie.

Eu não sabia ao certo se estava realmente desfilando mas não me importei nenhum pouco quando enfim cheguei até a saída do aeroporto refrigerado, o clima quente tomou meu corpo e eu não aguentei ficar muito tempo lá. Nova York era abafado, urbanizado demais.

Sophia havia me passado o nome do hospital fazia poucas horas então apenas mostrei para o motorista que concordou com a cabeça e disse que a corrida custaria vinte dólares. O hospital era grande, azul e aparentemente aquele era o horário certo para visita já que os pais de Sadie esperavam na entrada do hospital, talvez tivessem sido alertados por Sophia que eu chegaria desnorteada e com saudade da minha amiga.

— Senhor e Senhora Sink! — eu dei um abraço apertado nos dois que apenas afagaram minha cintura fina.

— Oh querida, Sadie estava com saudades de você, perguntou durante toda manhã onde você estava! — a senhora Sink falou sorrindo um pouco. — vamos lá.

Eu senti algumas pessoas me encararem. Não era muito estranho, eu era alta e era modelo, tive de me acostumar com as atenções. Quem diria que a menininha country desfilaria em passarelas internacionais?

— O quarto dela é no quinto andar espero que não se importe de andar mais um pouco com esses saltos. — o pai da minha amiga falou inocente ou talvez achasse os saltos exagerados para aquela hora do dia.

Eu também achava.

— Eu já estou acostumada, Jonh. — eu sorri um pouco e ainda encarava a porta do elevador abrir e fechar.

Eu andei um pouco à frente e ouvi Jonh guinchar de dor quando a própria esposa o acertou com uma cotovelada nas costelas.

— Eu lhe contei que ela virou modelo!

— Eu esqueci, mulher!

Meu sorriso aumentou um pouquinho e eles me acompanharam quando entrei no elevador e apertei o número cinco do painel. Não demorou e eu já encarava a cerâmica branca do quinto piso. O quarto era virando duas vezes à esquerda e tinha "411" gravado na porta.

— Pode entrar, querida.

Eu suspirei com medo de ver minha amiga machucada. Abri a porta vagarosamente e suspirei de alivio ao colocar os olhos no rosto pálido com apenas um arranhão, uma mão passava uma mecha de seu cabelo acobreado para trás da orelha dela e eu nem tive tempo de encarar o rosto do homem que acho que estava usando um jaleco verde bebê, apenas vi sua manga suspender um pouco e mostrar o começo de uma tatuagem em seu pulso.

— Sadie! — eu gritei e ela levou um susto mas sorriu quando me viu na entrada do quarto.

— Venha aqui, sua boba! —ela falou quase gargalhando e abriu os braços.

Eu imagino que só aquele movimento deve tê-la feito sofrer um pouco mas não me importei, eu precisava de um abraço.

— Como você está? Você quer me matar de susto, Sadie?! — eu falei sussurrando com preocupação contra os cabelos dela.

— Agradeça ao mocinho meu namorado, que não se machucou durante o acidente e me ajudou a sair daquele carro desgraçado. — ela falou pra mim sorrindo um pouquinho e acenando para o homem de jaleco se aproximar. — Finn...

Meu corpo tremeu a menção do nome tão incomum. O namorado dela tinha o nome da minha paixão adolescente, estranho.

— Venha aqui, meu amor. — ela me soltou um pouquinho e deu um selinho no homem alto que sorriu um pouco enquanto se separavam.

— Prazer, Millie Bobby...

— Prazer, Finn Wolfhard...

E eu tremi. Era naquele momento que Deus apareceria e diria que era brincadeira e voltaríamos ao curso das nossas vidas.

Finn Wolfhard estava ainda mais lindo. Eu estendi minha mão direita e quando ele estendeu a direita dele, nós soubemos. Encaramos a tatuagem um do outro e ele meneou um pouco a cabeça.

— Você quem me deixou fazer a tatuagem, hum?

Eu dei de ombros e quase desmaiei quando ele tirou a touca verde claro da cabeça.

Ele sorriu e o mundo pareceu acender, como um fósforo jogado em palha seca e o fogo não iria ceder.

O meu Finn Wolfhard estava de volta.

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Finn pelo menos seguiu os planos e virou médico.
tensa a situação né gatxs

para os desesperados por capítulo aqui vim e matei vossa sede.
beijos

Party girl. | Fillie Onde histórias criam vida. Descubra agora